domingo, 3 de outubro de 2010

O Jogo do Poker...

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«Rapaziadas»




As últimas semanas foram copiosas em demonstrar que Portugal é um país para se levar pouco a sério. Dois rapazolas transformaram-no num terreiro de berlinde, cada um com um abafador que destinará quem venceu. O pior é que ninguém ganha e todos estamos a perder. Um deles possui um sentido circense que legitima todo o faz-de-conta. O outro manifesta uma devoção ingénua pelo poder que, na realidade, não possui. Ambos resultam desse milagre convencional que nos fez reféns de dois partidos desprovidos de grandeza, intelectualmente asténicos e politicamente impostores.
(...)
Os dois mancebos que jogam o berlinde correspondem a uma inconsciência dócil, que opera no contexto histórico, e se esclarece nas relações de poder. São semelhantes na leviandade e na carência de conhecimentos. Nada mais do que isso. Não é só serem incredíveis. Sobretudo, são imaturos, ignorantes e tragicamente incapazes. Um deles já deu o que podia dar. E atingiu as funções que assume por completa ausência de antagonista. A dr.ª Manuela era um susto; e os seus antecessores, personagens menores de uma pungente ópera-bufa. Quanto ao outro rapazola, rapidamente se percebeu tratar-se de um moroso equívoco, uma bizarra consequência de época e, sobretudo, um produto incapaz de se conduzir a si próprio.


Estamos perante um imbróglio perturbador. E o dilema é este: como se passa do patológico para o normal? Ignoramo-lo. Desde a aparição mística do dr. Cavaco que aumentou o perigo de uma sociedade amolgada. Aquele senhor alimentava (e alimenta) um distorcido entendimento do que é a democracia. A década em que foi primeiro-ministro saldou-se pela recusa da modernidade e pela imposição de uma rigidez emocional que ainda hoje persiste. Pedra e betão substituíram a alma e a coragem.

As rapaziadas a que temos assistido procedem dessa cultura de ilusionismo que conduziu à relativa despersonalização do português, o qual vira no 25 de Abril uma porta de esperanças. O dr. Cavaco nada tinha ou tem a ver com o apostolado da liberdade. Ele nunca mexeu uma palha com esse objectivo. E até chegou a inventar uma rústica e grotesca história que o ungia como mosqueteiro da democracia. As rapaziadas destes rapazolas provêm da mesma matriz.

(Por Baptista-Bastos «in DN» de 29/09/2010. Nota: as imagens são um acrescento meu)

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2 comentários:

kakauzinha disse...

Vá lá, já começam a ser muitos os que criticam abertamente o Cavaco! E eu fartinha, fartinha, fartinha dele até aos cabelos! Mas aposto que vai tudo dar-lhe mais um voto para ele se encher.

Os outros dois, e afins, nem vale a pena dizer mais nada porque está tudo dito.

Agora alternativa há, até mais do que uma. Já sabes que sou de Direita, por isso voto Portas. Mas vejo que as monarquias europeias são credíveis e então penso: porque não termos uma monarquia constitucional? Afinal os republicanos não se sentem nada incomodados em sentar o cu no palácio dos reis, viver à grande e andar em grandes "carruagens" de alta cilindrada. Então mais vale, pelo menos num deles, termos o D. Duarte. Um rei ou uma rainha não fazem nada mal à saúde.

O Franco foi inteligente, deixou o "nosso primo" como união nacional, independentemente dos partidos. E o resultado é que os nuestros hermanos têm melhor cara do que nós. E economia também, mesmo com as tontices do "sapateiro".

Os republicanos acham-se o máximo. Mas, em muitos casos ou quase todos, são ditadores, ainda que mascarados de democracia. Falsos como todos os outros, cometem os mesmos crimes e roubam o que podem. Tudo em nome da democracia, democracia e mais democracia. E não são melhores que os reis. Não são.

:))****

Milan Kem-Dera disse...

Kakauzinha, e não esperes outra cara em Belém durante mais 5 anos... que a sua (não)campanha eleitoral tem sido muito bem gerida nesse sentido!
Verdade seja que "tudo aquilo" que se apresentou até agora como alternativa... coitadinhos!... Se não há melhor neste país para ser seu presidente, se não conseguimos produzir melhor do que isto, mais vale colocarmos todos uma corda ao pescoço, feitos Egas Moniz, e irmos todos, em fileira e em debandada, entregarmos este país a Espanha!

Mas sabes... acabas de me dar uma grande ideia: - propor o sr. D. Duarte para próximo Presidente da República! Vamos nessa?

:))**