domingo, 31 de outubro de 2010

Momentos vividos. Momentos sentidos. Momentos... idos!

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Andam poesia e música no ar!…

Uma melodia tocada
numa escala de cores de arco-íris
ecoa por todo o meu sentir!
É que lá longe… muito longe…
onde os montes são agrestes e rudes as gentes
eu sei de um monte eu sei de um ninho
que tem lá dentro um passarinho!

E eu vou subir àquele monte
que fica por detrás de outros montes
e vou lá ter àquele ninho
onde me espera aquele passarinho.
E vou fazer-lhe uma festa, acariciar suas penas
aninhar-me na ternura e na meiguice
do seu peito. Muito junto, bem juntinho!

Andam poesia e música no ar!…

Uma melodia de perfumes e de sons
ao ouvido segredados
ecoa por todo o meu sentir!
Mais que a chegada a viagem;
mais que o destino o caminho!
As músicas correm dentro de mim
os sons nascem dentro de mim
e respiro mais fundo - tranquilo.

O coração bate calmo
quando a música nos envolve
a mim e àquele passarinho.
E vou fazer-lhe uma festa, acariciar suas penas
aninhá-lo na ternura e na meiguice
do meu peito. Muito junto, bem juntinho!

E liberto o pensamento, a imaginação
e afasto a razão para um canto.
Mais que entender a razão
eu quero ouvir o seu canto
eu quero apenas sentir - esta emoção!


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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O cinco em um, ou... O "funeral" que veio de Boliqueime!

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Os cinco Cavacos

Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo...

O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de desenvolvimento deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.


O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.


O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.


O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.  Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber.

Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.



E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos mais baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.


Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu, eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar como alguém que está acima da politica, é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo o que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.

(Daniel Oliveira, in Expresso on-line, 26/10/2010)


Pós-texto: Sobre este mesmo assunto e personagem, vale a pena ler esta crónica de Batista Bastos no Jornal de Negócios.
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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mais 400 milhões "enterrados" no BPN... e para quê?

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Ao mesmo tempo que espolia os portugueses em geral, e preferencialmente os menos abonados, o Estado não se cansa de tentar tornar o BPN mais apetecível para eventuais compradores.

E é assim que o Estado, que através da CGD já injectou no BPN uma quantia aproximadamente tão astronómica como a que pretende cortar no Orçamento para 2011, estuda agora a maneira de colocar mais algumas centenas de milhões num aumento de capital do Banco que foi de Oliveira Costa e Companhia e, também para cativar potenciais interessados na compra, pretende que a CGD assuma, naturalmente com a garantia do Estado, os créditos das subsidiárias do Banco no valor de mais mil milhões.

De maneira que um dia destes, o que estará verdadeiramente a verificar-se neste pequeno país, que é Portugal, é que os portugueses vão andar de tanga, muitos a passar fome, a retirarem os filhos das escolas, a cortarem nas despesas de saúde, a deixarem morrer de miséria, doença, solidão e tristeza os seus velhos... para que o Estado disponha dos milhares de milhões suficientes para tornar atractivo um Banco que albergou dirigentes suspeitos da prática de actos de delinquência financeira, cujo julgamento continuará a ser eternamente adiado. E nesse dia, o Estado poderá enfim vender a um investidor interessado, certamente um desinteressado benemérito, pela módica quantia de 180 milhões, um banco onde o próprio Estado já terá derretido os milhares de milhões que faltam ao País.

Claro que nada disto esteve ou estará a ser tema de discussão nas negociações entre o Governo e o PSD para deixar passar o Orçamento. Mas, na verdade, o que são os milhares de milhões do BPN comparados com dois ou três pontos a mais ou a menos no IVA sobre o leite achocolatado?

(João Paulo Guerra, in DE de 26/10/10)
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E enquanto esta "novela" se mantém no ar, condicionando e asfixiando os portugueses através do OE-2011 e seguintes,  Oliveira Costa e Dias Loureiro não têm bens para penhorar!...


 Pois é verdade, de acordo com a edição de 08/06/2009 do "Correio da Manhã", o ex-conselheiro de Estado Dias Loureiro, ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN antes do banco ser nacionalizado, escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado detalhadamente o seu património, concluindo que não tem bens em seu nome que possam ser penhorados no âmbito da investigação no caso BPN, e até que o saldo médio das suas contas bancárias não ultrapassa os cinco mil euros.  As conclusões desta análise mostraram que os imóveis estão registados em nome de familiares ou pertencem a empresas sediadas em paraísos fiscais. 
Resultado: -Oliveira e Costa, ex-ministro de Cavaco Silva, está preso, mas os seus bens não podem ser confiscados por estarem todos em nome da (muito-convenientemente) ex-mulher;  -Dias Loureiro, ex-ministro e ex-conselheiro de Estado de Cavaco Silva, não está preso, antes gozando umas "merecidas e eternas férias" no melhor Resort de sua propriedade em Cabo-Verde, também não tem bens penhoráveis por se encontrarem (muito-convenientemente) em nome de familiares;  - e o país... e o povo português... esse que se foda!... que pague o rombo dos 5.000 milhões que estes dois provocaram no BPN!... 

E a justiça... essa é mesmo à portuguesa:  -corre célere e com mão-de-ferro a punir um pobre-diabo com a inibição de conduzir... um burro!...  lá para as bandas de Celorico da Beira!

Quanto à justiça do Estado e quanto ao estado da Justiça... estamos entendidos!

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Tolerância "ZERO" para uma classe política corrupta!

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Um total de vinte políticos do Governo recebe subsídio de alojamento: - por mês, governantes têm 1400 euros cada; -chefe de gabinete recebe 940 €.

O subsídio de alojamento de vinte políticos do Governo vai custar, em 2011, cerca de 300 mil euros. O apoio financeiro foi atribuído pelo ministro das Finanças, nos termos de um diploma de 1980, a cinco ministros, nove secretários de Estado e seis chefes do gabinete de governantes. O decreto-lei 72/80 justifica a concessão deste subsídio com os encargos causados pela "rarefacção de habitações passíveis de arrendamento" em Lisboa.

A verba para pagar o subsídio de alojamento dos governantes consta do próprio orçamento dos gabinetes dos membros do Executivo, que integram a proposta do Orçamento do Estado para 2011. Com um valor de quase 1.400 euros por mês, cada ministro e secretário de Estado recebe por ano cerca de 16.942 euros em subsídio de alojamento. Já os chefes de gabinetes contam com um apoio mensal de quase 940 euros, que corresponde a 11.300 euros por ano.

Dos cinco ministros contemplados, Teixeira dos Santos, Luís Amado e Alberto Martins trabalham há vários anos em Lisboa. E entre os secretários de Estado há mesmo dois, Laurentino Dias e Fernando Serrasqueiro, que apesar de terem residência oficial em Fafe e em Castelo Branco, possuem habitação na zona de Lisboa.

Os despachos do ministro das Finanças com a concessão do subsídio de alojamento a estes políticos foram publicados em Diário da República a 26 de Março, 15 e 27 de Abril de 2010.

(António Sérgio Azenha, in CM de 25/10/2010)

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O exemplo da Suécia!
 
Quão longe estamos da Suécia, onde os políticos têm "tolerância ZERO" nas mordomias!  Só aqui, neste país de pedintes e chico-espertos, esta classe de canalhas têm direitos que nem nos Estados Unidos existem, e nem mesmo naqueles países ricos da Europa do Norte que nos estão a subsidiar desde há quase 20 anos. Por isso, e muito bem, estes estão agora a exigir contas dos dinheiros que para aqui enviaram e que saíram dos bolsos dos seus próprios contribuintes e trabalhadores.

 Pena que tais dinheiros tenham sido comidos, cagados e vomitados por uma classe política corrupta que se tem divertido a distribui-los, em circuito fechado, entre o seu próprio bolso e o dos amigos e familiares, e que agora, eles próprios, tenham o desplante de nos apresentarem a nós, povo deste país, a conta para pagar!  Sem que a estes canalhas sejam exigidas responsabilidades pelo que fizeram!  Bem antes pelo contrário, eles são "recompensados" com ainda mais mordomias, desde douradas reformas em paraísos das ilhas de Cabo-Verde, passando por lugares de administração em organismos do Estado, muitos deles criados propositadamente para eles, até  altos cargos nos centros de comando e decisão em Bruxelas!
Pena que actualmente  nesta mesma Europa comunitária se não encontrem verdadeiros políticos, mas antes uns patéticos palhaços sub-produtos deteriorados das respectivas sociedades, ou doutro modo já teria sido criada uma nova versão do Tribunal de Nuremberga para julgar todos estes canalhas criminosos, incompetentes e corruptos que aqui se instalaram desde a "palhaçada" do 25 de Abril.  Não contentes e satisfeitos com a delapidação das reservas de ouro do Banco de Portugal, eles preparam-se agora para comer o resto - aquele que está no bolso e na boca dos cidadãos deste país!...
 
Vale a pena ver o vídeo!  É de ficar sem chão debaixo dos pés...  tão abismal é a diferença daquilo que estamos habituados a ver nesta classe de palhaços que infesta este país!
 

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domingo, 24 de outubro de 2010

E assim vão os investimentos do governo!

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Como se não bastassem os inúmeros e escandalosos exemplos do desgoverno de José Sócrates e do seu miserável governo que nos explora e afunda cada vez mais, eis aqui mais um testemunho e prova do fim esperado para os investimentos do TGV e afins!...



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sábado, 23 de outubro de 2010

Andei por aí... visitando a vizinhança!...

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Andei por aí...  visitando a visinhança e o que se vai dizendo pela blogosfera. Entre muitas coisas "lindas" (!), acabei por encontrar uma verdadeira pérola da nossa democracia neste esfrangalhado bananal republicano. Trata-se, nem mais nem menos, de uma peça dividida em vários capítulos sobre o levantar da ponta do monstruoso "iceberg" que agora choca violentamente contra este país. Por ela nos apercebemos melhor de como e porquê chegámos a este inacreditável rombo que nos levou ao fundo.

Esta peça foi escrita há dois anos atrás, em 2008, e resulta de uma compilação de notícias publicadas nos diversos órgãos de informação, mas o seu conteúdo continua perfeitamente actual. A sangria despudorada por parte de gente que se auto-intitula de responsável e que ocupa cargos dos mais altos e mais responsáveis da nação, continua intocável, como intocáveis continuam os seus interesses e previlégios. E mais, ainda hoje, dois anos volvidos e apesar dos PECs, tudo o que nesta peça se denuncia está ultrapassado somente na sua dimensão: - é que em 2010 tudo isto existe, mas muito mais aumentado. Muito mais! Muito mais!...

Neste dia em que se perspectiva um encontro decisivo entre o ministro da finanças e o negociante do maior partido da oposição - Eduardo Catroga -  para aprovação do OE-2010,  eis AQUI a descrição de algumas das origens do maior descalabro financeiro em que o país mergulhou desde os anos 20 do século passado. Por aqui se percebe também que o ministro das finanças necessita urgentemente de trocar de óculos, já que "não consegue ver mais por onde cortar nas despesas"...

Estranho é que tanto o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, nos seus 5 anos de ministério, sempre apoiado e incentivado pelo primeiro-ministro José Sócrates e até mesmo pelo presidente da república, Cavaco Silva, já antes mergulhados numa crise interna crescente desde 2001/2002 e de enormes proporções, ao verificar que tão monstruoso "iceberg" se dirigia em rota de colisão contra uma economia já fortemente debilitada, tenha (tenham todos) escondido a cabeça debaixo do tapete e apenas olhassem a recuperação pelo lado das receitas internas com base no ataque ao bolso dos mais desfavorecidos e de uma classe média e média baixa, conduzindo  um país inteiro para um pântano donde nunca mais sairá. Pelo menos, nas próximas décadas.  E tudo porque o ministro não quiz bulir com os previlégios dos que "mamam", não só o deles mas também o dos outros. Talvez  porque o ministro não queira também abdicar da sua própria "teta"...

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Sócrates - a fonte do problema

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Que leva a política portuguesa, num momento de tão grande aperto financeiro, a estar tão crispada?  Que razão está na origem de ninguém confiar em ninguém?  O primeiro-ministro gere o país ou gera problemas?

Aqui há um mês e meio, o Governo acusava o PSD de querer acabar com o Estado Social. Ontem*, apresentou um Orçamento do Estado que o destrói. As coisas têm de ser vistas no real e não nos discursos - a retórica, a habilidade, a falsa promessa, a demagogia, o ataque soez (e lamento não me lembrar de mais palavras dizíveis) que então campearam, eram injustificados.

Em Portugal, quando o líder da oposição afirma publicamente que se recusa a falar com o primeiro-ministro sem ser na presença de testemunhas, ninguém parece incomodar-se. Pois eu dou razão a Passos Coelho. Falar sem testemunhas na presença de alguém que hoje diz uma coisa e no dia seguinte outra, sempre com a mesma cara, torna-se perigoso.

O primeiro-ministro andou a celebrar as grandes obras - desde os funestos estádios do euro que andou a fazê-lo - prometeu cheques-bebé, apoios a pontapé, subsídios a torto e a direito e gabou-se do seu espírito social. Sabe-se hoje que o fez ou por ignorância total do que se estava a passar na Economia, ou - e não sei o que será pior - com o único fito de ganhar eleições. A esta última atitude chamava-se, nos tempos até hoje mais desprestigiados da política portuguesa, o 'bacalhau a pataco'.

Seja por ignorância cega (do que pessoalmente duvido) seja por eleitoralismo puro (que creio ter sido o motivo), viu-se que Sócrates não é de confiança. A sua fiabilidade, que já era quase nula, torna-se agora o maior entrave a qualquer acordo de regime que possa, de forma sensata, colocar o país numa rota de desenvolvimento.

Por tudo isto, é quase desumano exigir a Passos Coelho que deixe passar o OE. Mas é o que o PSD tem de fazer. Deve deixar Sócrates sofrer o mal que fez e não lhe permitir recorrer àquilo em que é especialista (e talvez prefira): armar-se em vítima.


Infelizmente, num país onde tanta gente e tanta empresa depende das benesses de um Estado comandado por um homem que não conhece limites à sua ação e poder, o medo de o dizer abunda: o chefe do Governo, José Sócrates, é hoje uma parte importante do problema político e económico do país. O Presidente da República sabe-o há muito, a oposição também não o desconhece e o próprio PS já o pressente. Mas ele é incapaz de o enxergar porque, da sua pequena perspetiva, ele vale mais do que o partido, do que o Governo e do que o futuro do país.

A questão, porém, tem de ser colocada do ponto de vista racional e não emocional: o país precisa de um Orçamento aprovado e Sócrates vai tê-lo.

Não o merece e se houver justiça há de pagar pelo que fez.

(por Henrique Monteiro, in Expresso de 16/10/2010)

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Invenção portuguesa - a "Dívida Geracional"...

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Obrigado Aníbal e António pela dívida geracional

 

Existem os calotes, o mal-parado, as dívidas de curto, de médio e de longo prazo. Existe a dívida pública, a estrutural e agora temos também a dívida geracional. Em 2049, ou seja daqui a 39 anos, o meu filho Rodrigo que agora tem quatro anos, ainda vai estar a pagar todas as SCUT, o plano nacional rodoviário e as parcerias público-privadas lançadas até hoje.  Daqui a 39 anos Aníbal Cavaco Silva será mais do que uma nota de rodapé na política portuguesa. Se justiça for feita não será só por ter sido primeiro-ministro e Presidente da República, mas por ter sido com ele que se inaugurou na política portuguesa esta galinha dos ovos de ouro de políticos e para empresas.

Nada como fazer obra hoje e deixar para a próxima fornada de políticos a tarefa de aumentar os impostos para a poder pagar. Nada como impor a quem ainda nem nasceu o trabalho de pagar a obra de quem resolveu fazer um brilharete. Nada como garantir a faturação de empresas privadas durante anos à custa dos nossos impostos.  Hoje, sem contarmos com o TGV, a dívida geracional tem um impacto direto de 48,3 mil milhões de euros, um terço do PIB português. Indiretamente é muito superior, pois estas dívidas castram a economia e comprometem crescimentos futuros. E por muitos avisos que façamos, a estupidez megalómana dos políticos mantém-se.  Qualquer um que se sente na cadeira do poder, principalmente na de primeiro-ministro e na de ministro das Obras Públicas, começa a pensar em deixar o seu nome associado a uma qualquer obra, como se isso o fosse eternizar num estilo 'Duarte Pacheco'. E de facto essas obras eternizam, não o nome deles, mas as dívidas que deixam aos nossos filhos para que uma fita vermelha possa ser cortada e uns votos ganhos.


Muitas destas parcerias foram mal avaliadas, vendidas como se custassem zero ao Estado ou como se dessem mesmo lucro, para que no final se revelassem buracos de centenas de milhões de euros, como o caso da Lusoponte ou da Fertagus. E estas más decisões tomadas por Ferreira do Amaral, democratizadas por João Cravinho com as SCUT, e apoiadas por Cavaco Silva e António Guterres infelizmente nunca foram, nem serão, punidas. Hoje, vistos como grandes políticos e homens sérios da política são, afinal, eles os principais responsáveis por este aumento brutal de impostos que nos espera para os próximos anos.
Se tiver de apontar o dedo a alguém comece por eles.

(por João Vieira Pereira - caderno de economia do Expresso de 16/10/2010)


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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Neste regime caduco, são mais os chefes do que os índios!

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É de mais!


Em nome da crise, pagamos mais impostos. Em nome da crise, vamos pagar portagens. Em nome da crise, acabaram apoios aos desempregados. Em nome da crise, todos os sacrifícios vão para o povo… e nenhum para as classes dirigentes. O que nem Governo nem Oposição propõem é a medida mais óbvia e urgente: a redução drástica do número de políticos, pelo menos para metade.

A classe política tem uma dimensão manifestamente exagerada. Para um país com dez milhões de pessoas, um presidente, um primeiro-ministro e respectivas cortes, um governo e um parlamento nacionais, dois governos e dois parlamentos regionais, mais de 300 câmaras e assembleias, mais de quatro mil presidentes de junta de freguesia… é de mais. A este rol, temos ainda de somar directores-gerais, funcionários superiores, assessores, administradores e outros doutores. Reduzir o número de dirigentes políticos é pois um imperativo nacional.

Comece-se por diminuir o aparelho político. Corte-se no tamanho imperial de ministérios cuja acção tem resultados nulos, como na Agricultura, ou até perversos, como na Educação. Repense-se a função das freguesias, autarquias sem sentido, cujas competências próprias são pouco mais do que a gestão de cemitérios e cuja principal actividade é mendigar apoios às câmaras. Há ainda que fundir municípios. Para poupar recursos. Mas sobretudo para evitar que coexistam concelhos com quatro mil habitantes e outros com 200 mil, cujas câmaras dispõem do mesmíssimo modelo de gestão, ineficaz na maioria dos casos.

Eliminem-se institutos públicos dispendiosos e inúteis, como o Instituto de Emprego ou o Inatel, organizações fantasmas como a Comissão Nacional de Eleições e mais umas dezenas de inutilidades. Privatize-se o sector empresarial do Estado, fonte de todos os prejuízos, de toda a corrupção e compadrio, ninho de escândalos como o "Face Oculta".  Em suma, precisamos de menos e melhores políticos. Afinal, um dos nossos maiores problemas consiste no facto de que, neste regime caduco, são mais os chefes do que os índios.

(Paulo Moraisin JN, 2010-07-21)

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Ó portugal, hoje és nevoeiro!...

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NEVOEIRO

 
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer -
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.


Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!


Fernando Pessoa (Mensagem)

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nisto... já todos temos tarimba - o ministro e nós!

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Ainda e sempre a velha história daquela mãe, orgulhosa do filho mancebo no Juramento de Bandeira: -vejam só... todos marcham com o passo trocado, só o meu filho marcha com o passo certo!...  Desde há anos que vários economistas chamam a atenção do governo para que se livre de tantos e tais  boys inúteis pagos a peso de oiro e que polulam pelos mais altos cargos das administrações de outros tantos  organismos e estruturas empresariais do Estado e parcerias público-privadas, na sua maioria actuando apenas como enormes boeiros sorvedores dos dinheiros públicos.

Mas nem pensar em bulir com os interesses dos amigos do partido, estejam eles acoitados nos organismos públicos ou nas diversas empresas estatais e público-privadas!  E mesmo agora, em plena crise que leva o mesmo governo a meter, abusiva e desavergonhadamente,  as   gordas e untuosas manápulas dentro dos bolsos dos trabalhadores que verdadeiramente o servem - os funcionários públicos - num saque desbragado como não há memória, estes  "mamões" da fazenda pública passam incólumes, continuando a auferir ordenados base que ultrapassam em 2, 3 e mais vezes o do Presidente da República!  Isto, fora os "prémios" e as mordomias do "cartão dourado" e mais o  "carro topo de gama" com motorista.  Ainda, e como se não bastasse, alguns chegam mesmo a acumular com uma ou mais reformas douradas, enquanto outros, foram até aumentados em 50 e até 60%! A desvergonha não tem limites!... 
Ao anunciar medidas de fusão e de extinção de 50 destes institutos,  Teixeira dos Santos  vem contabilizar estas "manobras" em uns simples 100 milhões de euros de poupança!  A montanha que pariu um rato! Como se nós já não estivéssemos habituados, por demais, a estes truques de ilusionismo!  Na verdade, acho até que nem ele próprio acredita nisto. Mas uma coisa ele sabe: - é que é preciso manter o número do "baralha e torna a dar" para que tudo fique na mesma, ou quase!  E diz o ministro que "não sabe onde mais há-de cortar"!

Vem isto a propósito do facto de que, já em 2006, o Governo tinha um Programa de Reestruturação do Estado muito mais ambicioso nos cortes do que neste OE-2011.  Na verdade, em Março de 2006 o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) já propunha o "corte" de 120 organismos. A comissão técnica do PRACE, presidida por João Bilhim, apontava para uma redução do número de organismos da Administração Central de 414 para 294

 Nisto... já todos temos tarimba - o ministro e nós!... 

Já agora, e a propósito, uma leitura interessante: - "Mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada"...
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Pós-texto:  Afinal, a realidade é muito pior! - A história está mal contada por Teixeira dos Santos (como sempre) - o ministro funde ou extingue 50 destes inúteis sorvedoudos, e com isso diz que poupa 100 milhões de euros, mas esqueceu-se de dizer que, em simultâneo, cria outros tantos que irão custar 200 milhões de euros!...  Toda a história AQUI.

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...Até quando este regabofe?

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Hoje passei pelo sítio do Tiago Carneiro e trouxe de lá isto. Achei que esta listinha, apesar de não ser exaustiva (nem de perto nem de longe), deveria ter maior visibilidade e divulgação, motivo porque a replico aqui. 
Já por diversas vezes aqui referi a existência dos imensos organismos do Estado, onde uma boa parte deles ninguém sabe para que servem e alguns até nem chegam, sequer, a ter existência física; apenas existem no "nome".  Uns e outros, uns mais do que outros, são os locais mais apetecidos e disputados pelos inúmeros boys, verdadeiras coutadas dos 3 maiores partidos esquerda-centro-direita. Essa a razão principal porque nas discussões entre eles - os partidos - esta questão nunca seja abordada de forma clara e decisiva: -é que em todos eles - os partidos - existe uma massa de esfomeados acólitos - os boys e seus familiares - a quem têm de dar de "mamar"...  e a todos os partidos "convém" que as "tetas" lá estejam, bem quentinhas e à espera dos novos "mamões", num "admirável" sistema rotativo-partidário, sempre que se alteram a composição e orientação política dos governos!...

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 Até quando este regabofe?

(Este é o resumo do estudo encomendado pelo PSD ao Economista Álvaro Santos Pereira, Professor da Simon Fraser University, no Canadá).

Portugal tem hoje 349 Institutos Públicos, dos quais 111 não pertencem ao sector da Educação. Se descontarmos também os sectores da Saúde e da Segurança Social, restam ainda 45 Institutos com as mais diversas funções. Há ainda a contabilizar perto de 600 organismos públicos, incluindo Direcções Gerais e Regionais, Observatórios, Fundos diversos, Governos Civis, etc. cujas despesas podiam e deviam ser reduzidas, ou, em alternativa – que parece ser o mais sensato – os mesmos serem pura e simplesmente extintos. Para se ter uma noção do despesismo do Estado, atentemos apenas nos supra-citados Institutos, com funções diversas, muitos dos quais nem se percebe bem para o que servem.
Veja-se então as transferências feitas em 2010 pelo governo socialista de Sócrates para estes organismos: 


- Se se reduzissem em 20% as despesas com estes – e apenas estes – organismos, as poupanças rondariam os 1000 milhões de €, e evitava-se a subida do IVA.
- Se fossem feitas fusões, extinções ou reduções mais drásticas, a poupança seria da ordem dos 4.000 milhões de €, e não seriam necessários cortes nos salários.
- Se, para além disso, em outros tantos Institutos se procedesse de igual forma, o PEC 3 não teria sequer razão de existir.

... Dá que pensar!!!
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Pós texto:  - «Seriedade»  acima de tudo!...

São pelo menos nove os organismos que o Governo anunciou que iria extinguir no próximo ano e que, afinal, já não existem ou cujo encerramento já estava previsto para este ano. Da lista de 50 organismos, cerca de 18% são, assim, extinções 'virtuais' - em 2011 já não existiriam, ou não deviam existir, por ordem do Governo.

...É preciso ter "lata"!!!



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terça-feira, 19 de outubro de 2010

SCUTs/CCUTs – o que se diz na Galiza...

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O que se diz na Galiza, e, por enquanto e no que respeita aos espanhóis, ainda é só na A-28.   Como não será depois na A-4, A-23, A-24, A-25 e A-22 (Via do Infante)?...
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Antonino Garcia
Viana do Castelo (Portugal) Domingo 17/10/2010.

Portugal implanta a portagem mais cara e caótica do mundo

Os arcos com as câmaras (esquerda) e a sinalização com os preços na A-28

Se você vive na Galiza e quer viajar para Portugal, prepare-se para pagar as portagens mais caras do mundo: 77 € por um troço de 76 quilómetros. A partir desta sexta-feira foi implantado no país vizinho uma taxa para a nova autoestrada A-28, que corre ao longo da costa até ao anel de entrada no Porto. Mais de um euro por quilómetro é a taxa a ser paga pelos que circulam pela primeira vez desde a cidade de Viana do Castelo até à capital do Douro.

Autovias atingidas: A-17 e A-25 Aveiro-Porto (rota sul) ; A-28 Viana do Castelo / Porto (rota norte); A-41 e A-42 Guimarães, Braga, Porto (Via Leste). As medidas vêm do governo central luso, impostas pela grave crise que afecta todo o Estado e perante a incerteza geral dos automobilistas estrangeiros. O pagamento é tão complicado que a maioria dos automobilistas, por ignorância ou desprezo, não cumpria o pagamento no primeiro dia de operação.
No início apenas se aplica às três rodovias de entrada em Lisboa e Porto, mas também se destina a implantá-las em breve no restante território. Castelhanos de Zamora, Salamanca e Estremadura também serão afectados se quiserem viajar para aquelas cidades Portuguesas, mas é a Galiza, onde o volume de tráfego para o norte de Portugal é maior, que será a mais afectada.

Assim, o Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e o Algarve vão pagar a partir de 15 de Abril de 2011. O sistema inclui dois tipos de taxas. Um para os Portugueses e outra para estrangeiros. No primeiro caso, as primeiras 10 passagens são gratuitas e as demais terão desconto de 15%. Não têm tantos benefícios os cidadãos espanhóis que queiram cruzar a “raia”, e desde esta sexta-feira que já o puderam comprovar.

Fazer rumo a Portugal desde Vigo, numa viagem inaugural da portagem, converteu-se, para os galegos, num caminho cheio de incertezas, e todos os painéis da AP-9 galega alertavam de que começava um novo sistema. À entrada em Valença, do outro lado do rio Minho que a separa da cidade de Tuy, era impossível adquirir o dispositivo electrónico necessário para utilizar a autovia.

"Nós não temos equipamentos até a próxima semana", dizem eles na estação de correios na vila fronteiriça. O serviço postal português (CTT) é o único organismo, juntamente com estações de serviço e entidades multibanco, autorizados a vender o dispositivo equivalente aos VIAT ou OBE espanhois. O primeiro desembolso chega com o aluguer do dispositivo. Custa 27 euros e, se se utiliza uma única vez, descontará apenas 4,30 euros pela sua utilização durante uma semana (em posteriores entradas, baixa para 1,40 a cada sete dias), embora para isso seja obrigado a devolvê-lo em perfeito estado e no mesmo sítio onde foi adquirido.

Antes de sair da loja postal terá ainda de fazer outro desembolso, este todavia mais caro. É uma recarga de 50 euros para veículos ligeiros e 100 para pesados. Neste caso não há nenhum tipo de devolução possível e terá unicamente uma validade de 90 dias.

Autoestrada ou via dupla?

As duas opções para chegar ao Porto são a autoestrada A-3 ou a autovia A-28, posto que a viagem por estradas regionais ou locais podem transformar uma viagem de apenas hora e meia em três ou quatro horas. Se você se decide pela autoestrada, poderá pagar em euros nas cabines de portagem, mas irá defrontar-se com a desagradável surpresa de que, para entrar no Porto, terá que utilizar a circunvalação do Grande Porto ou a da Costa de Prata (A-41), ambas sujeitas ao mesmo imposto que o caminho que leva à Galiza, pelo que o problema só vai atrasar alguns quilómetros.

De Valença a Vila Nova de Cerveira, onde nasce a A-28 no sopé do Baixo Minho galego, e Viana do Castelo, onde se encontra o primeiro controle, o troço é gratuito. A partir daqui aparecem sobre a estrada, e em ambos os sentidos, uns enormes arcos que dispõem de câmaras para gravar as matrículas. Se, a partir desse momento não pagou e é mandado parar pela polícia portuguesa, a multa é avultada.
A nova directiva portuguesa para os veículos estrangeiros fixa uma multa “de valor igual a 10 vezes a taxa de portagem, com um mínimo de 25 euros e um máximo de 125 euros”.

O ponto de encontro dos transportadores e dos condutores galegos que esta sexta-feira se deslocaram a Portugal foi a primeira área de serviço da A-28. Ali, um posto de Correios tinha vendido até ao meio-dia um total de 18 dispositivos, doze deles para camiões e o resto para turistas, mas não faltaram as discussões e a perplexidade generalizou-se.

"Não faz sentido, não podermos pagar com euros»

"Isto não faz nenhum sentido, estamos num mercado comunitário e não podemos pagar com euros", disse Hector Fateiro, corunhês que trabalha para uma empresa catalã de manutenção de estações de serviço. Este argumento é precisamente o que utiliza a Confederação de Empresários de Pontevedra para pedir que se abra um processo contra a cobrança.

"Se eu vou com os meus cinco euros no bolso, e me têm que cobrar, não tenho que ser obrigado a comprar qualquer dispositivo", disse o presidente da entidade patronal, José Manuel Fernández Alvariño.

Os empresários de Vigo receberam nas últimas horas uma comunicação da Direcção-Geral dos Transportes da Comissão Europeia que lhes faz ter esperanças. Rudolf Koranthali, membro da DGT Comunitária, considera que há indícios suficientes de que Portugal não transpôs correctamente a directiva europeia e viola o artigo 3º do Tratado da Comunidade sobre a eliminação de barreiras à livre circulação.

Além das vozes galegas contra o novo sistema, também os cidadãos lusos se mostram relutantes. A Associação Empresarial de Viana do Castelo fez um relatório alertando para a perda de competitividade para as empresas galegas e portuguesas. O tráfego de passageiros até ao Aeroporto Sá Carneiro (usado por 420 mil galegos por ano) ou multinacionais como a Ikea, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, e o sistema de portagens converte-se numa grande ameaça.

Em Portugal, as recomendações são mais pragmáticas. Alguns automobilistas lusos aconselham esta sexta-feira "a pular a portagem e não pagar, nada vai acontecer." A verdade é que no primeiro dia de operação nem um único polícia português se viu na autoestrada, mas ser "apanhado" pressupõe um grande inconveniente, já que tratando-se de um cidadão estrangeiro terá que liquidar a multa no momento. Tudo um risco para uma viagem de lazer à vizinha Lusitânia.

(Tradução do original. Fotos originais)

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Quem tem medo do FMI ? - pois então que venha o FMI !...

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Mário Soares diz que se o Orçamento for chumbado
Portugal entrará numa crise política que "durará meses".

«O antigo Presidente da República alerta hoje, num artigo publicado no Diário de Notícias, para os perigos que Portugal corre caso o Orçamento para o próximo não passe no Parlamento.
Lembrando a ameaça deixada por José Sócrates de que se demite se ficar sem Orçamento, Mário Soares avisa que se tal acontecer "o actual Governo ficará em mera gestão, sem autoridade nem poder". "Junta-se assim à crise económica e financeira - que nos afecta - uma crise, que durará meses e estimula os especuladores dos mercados a atacar-nos", alerta o ex-governante, acrescentando que "o crédito externo tornar-se-ia dificílimo quer para o Estado, quer para os bancos privados e, portanto, para as empresas". E conclui o histórico socialista: "Ficaríamos pior do que a Grécia".»
(Económico, 19/10/2010)

São eles!...  São eles que andam borradinhos com medo do FMI.  São eles e não nós, que já quase nada temos a perder.  Pior do que estes ladrões já nos fizeram, o FMI nunca faria.
São eles, e só eles, os mamões do regime que andam todos borradinhos com medo de perderem os TACHOS. Daí toda esta campanha monstruosa de intoxicação da opinião pública!
Apavorados ante a perspectiva de o FMI lhes fechar as imensas torneiras da "mama", ante o espectro de o FMI acabar por lhes fechar os imensos esconderijos doirados onde se acoitam - fundações, institutos inúteis e empresas estatais que só dão prejuízo. O medo de perderem todas ou grande parte das inúmeras regalias - os subsídios às pseudo-fundações, os ordenados escandalosos, os cartões "Gold", os carros topo-de-gama com motorista, as jantaradas sumptuosas, o fausto das grandes recepções, o glamour apoteótico de uma classe reles e chula até ao tutano. São eles, sim, e não nós, os maiores prejudicados com uma eventual entrada do FMI.
Daí que estes canalhas andem apavorados e a tentar amedrontar-nos com o fantasma do FMI.  Acontece que o FMI já cá esteve nos idos anos 80,  e eu não me lembro de ter encontrado uns ladrões que me tivessem ido assim descaradamente à carteira. Nunca mexeram no meu bolso, e a única coisa que fizeram foi dar-me o 13º mês em títulos do Tesouro, que mais tarde reembolsei. Mas então ainda não havia toda esta monstruosa máquina partidária PS/PSD de produzir TACHOS !
Pois então que venha o FMI. Para desalojar a maior parte destes execráveis sabujos que tudo comem. Já não contentes em viverem à custa de quem trabalha neste país, perderam todo e qualquer resquício de vergonha e já não têm sequer pejo em se atirarem aos magros recursos dos pobres reformados.
Para esta corja de canalhas tudo serve! 
Pois então que venha o FMI ! -  quanto antes!...
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O OE-2011 converteu-se num instrumento de tortura colectiva...

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Embustes


Contrariamente ao que por aí se diz, um chumbo ao Orçamento do Estado (OE) para 2011 não trará qualquer mal ao país. Se Sócrates não vir o seu orçamento aprovado, mais não tem do que apresentar um novo documento, revisto e melhorado. Mas se mesmo essa segunda versão fosse rejeitada, as consequências seriam nulas ou até talvez positivas. Nestas circunstâncias, e sujeito a um sistema de gastos em duodécimos por referência ao OE de 2010, o Governo não poderia gastar mais, o que seria bom. Além de que não poderia aumentar a receita e lançar mais impostos… o que seria óptimo.

A dramatização à volta do tema do orçamento, com ameaças de instabilidade e alegando a necessidade da sua aprovação para a baixa do défice, é pois uma gigantesca manobra de intoxicação da opinião pública. Até porque se o Governo pretende reduzir o défice, poderá fazê-lo com qualquer orçamento. Basta que gaste menos. Desde que queira e saiba. Passos Coelho fez bem em demarcar-se deste embuste, assumindo uma posição discordante.

Além do mais, as leis do orçamento dos últimos anos têm sido uma fraude. O OE deveria ser um instrumento através do qual o Parlamento autorizaria a despesa do Estado, a partir da receita estimada. Pois tem sido exactamente o contrário. Na elaboração do orçamento, o Governo decide, a priori, a despesa. Em primeiro lugar, adivinhando como fazer face às despesas crónicas duma Administração Pública decadente.

De seguida, cativa recursos para distribuir benesses partidárias, através de empregos e assessorias principescamente pagas aos caciques eleitorais e seus apaniguados. Por último, há que garantir os contratos milionários para as empresas amigas do regime. Uma vez decidida a despesa, os nossos governantes lançam impostos para assegurar a receita. Ao autorizar receita em função da despesa e não o oposto, o OE é tecnicamente uma falácia.
E assim, com esta prática reiterada, Sócrates transformou o orçamento numa lei tributária, numa tenaz fiscal que esmaga os contribuintes. O OE converteu-se num instrumento de tortura colectiva.

(Paulo Moraisin JN, 2010-09-29)


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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

«O Buraco» - ode à estupidez de um povo votante!

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Parabéns aos que votaram PS nas duas últimas eleições legislativas!  Parabéns aos apoiantes de Sócrates nas duas últimas eleições legislativas!  Parabéns a todos aqueles que lhe deram uma maioria absoluta, reconfirmada há um ano por uma maioria relativa! Parabéns, porque prestaram um grande serviço ao país e a eles próprios!  Parabéns ao Primeiro Ministro pela sua competência e pela bela obra realizada em apenas 5 anos - o afundamento do país!  Parabéns ao Ministro das Finanças pela sua competência e pela bela obra realizada nestes últimos 5 anos - o afundamento do país!  Parabéns ao Ministro das Finanças pelo grau com que foi distinguido pelo Financial Times - «O Pior Ministro-das-Finanças da Zona Euro»!  Parabéns também ao Presidente da República por ter assobiado para o lado durante os últimos 5 anos!  Parabéns por ter olhado mais para o seu umbigo do que para os actos de um governo que sempre demonstrou incompetência e incapacidade de resolver os problemas do país, antes os agravando!  Parabéns ao Presidente da República por ter sido o autor, enquanto primeiro-ministro e durante 10 longos anos, do "monstro" que haveria de nos engolir agora!  Parabéns por terem permitido que uma imensa mole de escroques - os boys - tivesse sugado tudo o que havia para sugar dos cofres do Estado!  Parabéns por continuarem a conservá-los bem "quentinhos" e agarrados às tetas da "porca"!  Parabéns a todos por nos terem atirado, a TODOS, finalmente para o fundo do buraco!  A nós e também às próximas gerações deste país!  Parabéns a todos pelo suicídio colectivo a que nos condenaram!  Neste momento de grande "regozijo" nacional, devereis estar todos reunidos em torno da bandeira de Portugal e orgulhosos do vosso trabalho!  A História se encarregará de vos fazer Justiça, já que a justiça das vossas leis vos protege a todos!...
 
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Manjedoura partidária!

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Manjedoura partidária



"Não vejo por onde ir se os mercados exigirem mais". O autor desta frase patética é o ministro das Finanças que mais enganou os indígenas com défices errados, crescimentos fantasiosos e medidas criminosas para angariar votos para o senhor engenheiro relativo.

Esta parelha de ilusionistas apresentou um Orçamento com o maior assalto fiscal da história desta miserável democracia e tem a suprema lata de anunciar um corte ridículo de 100 milhões de euros com fusões e extinções de organismos públicos. Não passa pela cabecinha do senhor Teixeira dos Santos acabar com os tachos de milhões de clientes do Rato e da S. Caetano. Isso nunca. Jamais, como dizia o outro.

É mais fácil roubar os cidadãos do que correr a pontapé com todos os energúmenos que transformaram o Estado numa enorme manjedoura partidária.

(Por António Ribeiro Ferreira, jornalista, in CM)
 
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sábado, 16 de outubro de 2010

O direito à revolta - ou... a cultura dos parasitários!

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Acuso! - os quatro culpados do "monstro" e da "crise"

O direito à revolta


Ninguém em seu juízo, poderá acreditar que o aumento de impostos, a redução salarial dos trabalhadores da função pública e os cortes sociais lançadas pelo governo, poderão inverter o curso «rumo ao abismo» em que o país tem vivido. A diminuição do crescimento económico e o aumento do défice público, verificados sobretudo nos últimos quinze anos e que agora se agudizaram, não são outra coisa senão o resultado das causas estruturais que se verificaram e ampliaram, ano após ano, durante esse período. As medidas agora impostas pelo governo pretendem apenas tapar o buraco financeiro do país, criado e ampliado pela crise financeira internacional. As causas estruturais mantêm-se e, por essa razão, subsistem as condições para fracos crescimentos económicos e elevados défices económicos.

De há quinze anos para cá sobretudo, verificou-se um grande aumento de múltiplos órgãos do Estado sustentados, directa ou indirectamente, pelo orçamento do Estado. Novos Institutos, Agências, Autoridades, Fundações, Comissões, Empresas Municipais e outros, foram entretanto criados, retirando e substituindo os serviços até aí prestados pelas direcções gerais dos vários ministérios, sem qualquer critério de racionalidade funcional ou económica. Constata-se assim, que a Administração Pública sofreu uma surda mas profunda “reestruturação” dos seus serviços, responsável por um agravamento orçamental total da ordem dos 10% do PIB. Esta, a verdadeira causa dos problemas económicos e sociais do país.

É insustentável manter todos estes órgãos parasitários da Administração Pública. Parasitários, uma vez que à sua criação não correspondeu uma melhoria dos serviços prestados pelo Estado. A Educação, a Justiça, a Segurança ou a Saúde não parecem estar melhor que há quinze anos atrás o que comprova a perfeita inutilidade destes novos órgãos do Estado. A Reforma de que o país precisa seria a sua extinção pura e simples. Mas não serão os partidos da nossa classe política, não será o PS ou o PSD, que alguma vez iniciará esta ruptura. Pela simples razão de que foram eles próprios que montaram este monstruoso edifício administrativo, não por razões de eficácia ou racionalidade administrativa, mas apenas para dela retirarem benefícios pessoais; alimentarem as clientelas partidárias e efectuarem em “legalidade” os seus negócios particulares.

Os portugueses terão que se emancipar desta classe política que os engana e os explora e é incapaz de inverter o rumo para o abismo com que o país se defronta. Com eles só poderão esperar mais impostos e mais cortes sociais e o definhamento económico cada vez mais acentuado do país. Terão que arranjar forças para se revoltarem e derrubar este sistema político.

(Por RUI, em 01/10/2010, aqui)(Imagens e negritos são colocados por mim)

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