terça-feira, 19 de outubro de 2010

SCUTs/CCUTs – o que se diz na Galiza...

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O que se diz na Galiza, e, por enquanto e no que respeita aos espanhóis, ainda é só na A-28.   Como não será depois na A-4, A-23, A-24, A-25 e A-22 (Via do Infante)?...
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Antonino Garcia
Viana do Castelo (Portugal) Domingo 17/10/2010.

Portugal implanta a portagem mais cara e caótica do mundo

Os arcos com as câmaras (esquerda) e a sinalização com os preços na A-28

Se você vive na Galiza e quer viajar para Portugal, prepare-se para pagar as portagens mais caras do mundo: 77 € por um troço de 76 quilómetros. A partir desta sexta-feira foi implantado no país vizinho uma taxa para a nova autoestrada A-28, que corre ao longo da costa até ao anel de entrada no Porto. Mais de um euro por quilómetro é a taxa a ser paga pelos que circulam pela primeira vez desde a cidade de Viana do Castelo até à capital do Douro.

Autovias atingidas: A-17 e A-25 Aveiro-Porto (rota sul) ; A-28 Viana do Castelo / Porto (rota norte); A-41 e A-42 Guimarães, Braga, Porto (Via Leste). As medidas vêm do governo central luso, impostas pela grave crise que afecta todo o Estado e perante a incerteza geral dos automobilistas estrangeiros. O pagamento é tão complicado que a maioria dos automobilistas, por ignorância ou desprezo, não cumpria o pagamento no primeiro dia de operação.
No início apenas se aplica às três rodovias de entrada em Lisboa e Porto, mas também se destina a implantá-las em breve no restante território. Castelhanos de Zamora, Salamanca e Estremadura também serão afectados se quiserem viajar para aquelas cidades Portuguesas, mas é a Galiza, onde o volume de tráfego para o norte de Portugal é maior, que será a mais afectada.

Assim, o Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e o Algarve vão pagar a partir de 15 de Abril de 2011. O sistema inclui dois tipos de taxas. Um para os Portugueses e outra para estrangeiros. No primeiro caso, as primeiras 10 passagens são gratuitas e as demais terão desconto de 15%. Não têm tantos benefícios os cidadãos espanhóis que queiram cruzar a “raia”, e desde esta sexta-feira que já o puderam comprovar.

Fazer rumo a Portugal desde Vigo, numa viagem inaugural da portagem, converteu-se, para os galegos, num caminho cheio de incertezas, e todos os painéis da AP-9 galega alertavam de que começava um novo sistema. À entrada em Valença, do outro lado do rio Minho que a separa da cidade de Tuy, era impossível adquirir o dispositivo electrónico necessário para utilizar a autovia.

"Nós não temos equipamentos até a próxima semana", dizem eles na estação de correios na vila fronteiriça. O serviço postal português (CTT) é o único organismo, juntamente com estações de serviço e entidades multibanco, autorizados a vender o dispositivo equivalente aos VIAT ou OBE espanhois. O primeiro desembolso chega com o aluguer do dispositivo. Custa 27 euros e, se se utiliza uma única vez, descontará apenas 4,30 euros pela sua utilização durante uma semana (em posteriores entradas, baixa para 1,40 a cada sete dias), embora para isso seja obrigado a devolvê-lo em perfeito estado e no mesmo sítio onde foi adquirido.

Antes de sair da loja postal terá ainda de fazer outro desembolso, este todavia mais caro. É uma recarga de 50 euros para veículos ligeiros e 100 para pesados. Neste caso não há nenhum tipo de devolução possível e terá unicamente uma validade de 90 dias.

Autoestrada ou via dupla?

As duas opções para chegar ao Porto são a autoestrada A-3 ou a autovia A-28, posto que a viagem por estradas regionais ou locais podem transformar uma viagem de apenas hora e meia em três ou quatro horas. Se você se decide pela autoestrada, poderá pagar em euros nas cabines de portagem, mas irá defrontar-se com a desagradável surpresa de que, para entrar no Porto, terá que utilizar a circunvalação do Grande Porto ou a da Costa de Prata (A-41), ambas sujeitas ao mesmo imposto que o caminho que leva à Galiza, pelo que o problema só vai atrasar alguns quilómetros.

De Valença a Vila Nova de Cerveira, onde nasce a A-28 no sopé do Baixo Minho galego, e Viana do Castelo, onde se encontra o primeiro controle, o troço é gratuito. A partir daqui aparecem sobre a estrada, e em ambos os sentidos, uns enormes arcos que dispõem de câmaras para gravar as matrículas. Se, a partir desse momento não pagou e é mandado parar pela polícia portuguesa, a multa é avultada.
A nova directiva portuguesa para os veículos estrangeiros fixa uma multa “de valor igual a 10 vezes a taxa de portagem, com um mínimo de 25 euros e um máximo de 125 euros”.

O ponto de encontro dos transportadores e dos condutores galegos que esta sexta-feira se deslocaram a Portugal foi a primeira área de serviço da A-28. Ali, um posto de Correios tinha vendido até ao meio-dia um total de 18 dispositivos, doze deles para camiões e o resto para turistas, mas não faltaram as discussões e a perplexidade generalizou-se.

"Não faz sentido, não podermos pagar com euros»

"Isto não faz nenhum sentido, estamos num mercado comunitário e não podemos pagar com euros", disse Hector Fateiro, corunhês que trabalha para uma empresa catalã de manutenção de estações de serviço. Este argumento é precisamente o que utiliza a Confederação de Empresários de Pontevedra para pedir que se abra um processo contra a cobrança.

"Se eu vou com os meus cinco euros no bolso, e me têm que cobrar, não tenho que ser obrigado a comprar qualquer dispositivo", disse o presidente da entidade patronal, José Manuel Fernández Alvariño.

Os empresários de Vigo receberam nas últimas horas uma comunicação da Direcção-Geral dos Transportes da Comissão Europeia que lhes faz ter esperanças. Rudolf Koranthali, membro da DGT Comunitária, considera que há indícios suficientes de que Portugal não transpôs correctamente a directiva europeia e viola o artigo 3º do Tratado da Comunidade sobre a eliminação de barreiras à livre circulação.

Além das vozes galegas contra o novo sistema, também os cidadãos lusos se mostram relutantes. A Associação Empresarial de Viana do Castelo fez um relatório alertando para a perda de competitividade para as empresas galegas e portuguesas. O tráfego de passageiros até ao Aeroporto Sá Carneiro (usado por 420 mil galegos por ano) ou multinacionais como a Ikea, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, e o sistema de portagens converte-se numa grande ameaça.

Em Portugal, as recomendações são mais pragmáticas. Alguns automobilistas lusos aconselham esta sexta-feira "a pular a portagem e não pagar, nada vai acontecer." A verdade é que no primeiro dia de operação nem um único polícia português se viu na autoestrada, mas ser "apanhado" pressupõe um grande inconveniente, já que tratando-se de um cidadão estrangeiro terá que liquidar a multa no momento. Tudo um risco para uma viagem de lazer à vizinha Lusitânia.

(Tradução do original. Fotos originais)

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6 comentários:

Vicente disse...

Saudações
Parabens pelas denuncias e esclarecimentos que nos vai proporcionando.
Esta então mostra o ridículo a que chegámos.Vamos ser gozados por toda a gente e pior,não poem cá os pés neste canto amaldiçoado e mal frequentado por uma corja de boys corruptos que lançaram o País na ruína.
Ainda dizem que o futuro passa pelo turismo...
...julgamento popular...
Cumprimentos

Milan Kem-Dera disse...

Vicente
"...julgamento popular" - Quão longe estamos da Islândia, (e não só na distância...) onde o parlamento decidiu julgar, num tribunal especial, Geir Haarde, o primeiro-ministro que liderava o executivo quando o país entrou em falência, em 2008.

Somos um país de mansos e de carneiros, compráveis por um miserável prato de lentilhas ou, tão simplesmente, por um peido de um qualquer bardamerda bem vestido.
Então não vê que, apesar de tudo o que nos está a acontecer o "engenheiro relativo" e o partido que o sustenta ainda estão no Top das sondagens?!... Claro que até nisto a oposição é de tal modo uma merda que nenhum partido consegue distanciar-se. Simplesmente porque nenhum presta! Fazem todos parte da mesma corja de canalhas, cada um deles pior do que o outro!

kakauzinha disse...

O comuna cantava dos outros: "Eles comem tudo e não deixam nada". Se ele fosse vivo cantava a "liberdade" porque tinha a cassete e não via um palmo à frente dos cornos, como é hábito. Mas, afinal, eram palavras premonitórias de uma "revolução" de merda, de merda, e de muita merda, que ainda não parou de esmifrar.

Precisamos de um milagre... JÁ!

:))****

Milan Kem-Dera disse...

Kakauzinha
A história repete-se... e quando um país desce tão baixo, não somente em finanças mas, principalmente, em valores morais, só pode esperar um "messias"...

Da última vez que isto aconteceu, em 1928, o "messias" chamava-se António de Oliveira Salazar!...

:))**
Um dia destes ainda aqui trago um post sobre esse assunto.

fatima disse...

Vicente disse...

Saudações
Parabens pelas denuncias e esclarecimentos que nos vai proporcionando.

Subscrevo inteiramente. Aliás, este blog já ultrapassou as "fronteiras" desta casa e ninguém cobrou portagem; antes pelo contrário!!! Os me(r)dia estão caladinhos que nem ratos acerca do que se passa por essa europa fora, pudera!!! mas NÓS estamos cá! Bem atentos, por sinal, acredite. E tudo será divulgado.


Isto tudo é surreal. Isto é terceiro-mundista. O atoleiro.

Milan Kem-Dera disse...

Fatima
O que se passa neste país é, de facto, surreal. Antes, nos tempos de Salazar, os média estavam controlados e limitados pela censura. Hoje, neste arremedo de democracia, os média estão limitados e controlados pelos interesses politico-capitalistas.
A única diferença está em que alguns, poucos, jornalistas sérios ainda se vão aventurando a ficarem sem emprego porque recusam submeter-se ao jogo daqueles interesses.

Sabia, por exemplo, que o director da RTP1 e os pivôs mais conhecidos da mesma estação, tendo um ordenado base entre 5.000 e 6.000 euros, recebem no total entre 15.000 e 16.000 euros? E que o diferencial de ~10.000 euros são "subsídios de fidelidade" ao "patrão"? E isto numa empresa pública que, além dos milhões do Orçamento de Estado que lá são enterrados, ela continua a dar outros tantos de prejuízo!
E é para esta empresa, que assim paga principescamente aos seus "fiéis" servidores, que todos vamos agora passar a pagar um "imposto" de 2,35 euros na factura mensal da EDP!...