Ao mesmo tempo que espolia os portugueses em geral, e preferencialmente os menos abonados, o Estado não se cansa de tentar tornar o BPN mais apetecível para eventuais compradores.
E é assim que o Estado, que através da CGD já injectou no BPN uma quantia aproximadamente tão astronómica como a que pretende cortar no Orçamento para 2011, estuda agora a maneira de colocar mais algumas centenas de milhões num aumento de capital do Banco que foi de Oliveira Costa e Companhia e, também para cativar potenciais interessados na compra, pretende que a CGD assuma, naturalmente com a garantia do Estado, os créditos das subsidiárias do Banco no valor de mais mil milhões.
De maneira que um dia destes, o que estará verdadeiramente a verificar-se neste pequeno país, que é Portugal, é que os portugueses vão andar de tanga, muitos a passar fome, a retirarem os filhos das escolas, a cortarem nas despesas de saúde, a deixarem morrer de miséria, doença, solidão e tristeza os seus velhos... para que o Estado disponha dos milhares de milhões suficientes para tornar atractivo um Banco que albergou dirigentes suspeitos da prática de actos de delinquência financeira, cujo julgamento continuará a ser eternamente adiado. E nesse dia, o Estado poderá enfim vender a um investidor interessado, certamente um desinteressado benemérito, pela módica quantia de 180 milhões, um banco onde o próprio Estado já terá derretido os milhares de milhões que faltam ao País.
Claro que nada disto esteve ou estará a ser tema de discussão nas negociações entre o Governo e o PSD para deixar passar o Orçamento. Mas, na verdade, o que são os milhares de milhões do BPN comparados com dois ou três pontos a mais ou a menos no IVA sobre o leite achocolatado?
(João Paulo Guerra, in DE de 26/10/10)
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E enquanto esta "novela" se mantém no ar, condicionando e asfixiando os portugueses através do OE-2011 e seguintes, Oliveira Costa e Dias Loureiro não têm bens para penhorar!...
Pois é verdade, de acordo com a edição de 08/06/2009 do "Correio da Manhã", o ex-conselheiro de Estado Dias Loureiro, ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN antes do banco ser nacionalizado, escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado detalhadamente o seu património, concluindo que não tem bens em seu nome que possam ser penhorados no âmbito da investigação no caso BPN, e até que o saldo médio das suas contas bancárias não ultrapassa os cinco mil euros. As conclusões desta análise mostraram que os imóveis estão registados em nome de familiares ou pertencem a empresas sediadas em paraísos fiscais.
Resultado: -Oliveira e Costa, ex-ministro de Cavaco Silva, está preso, mas os seus bens não podem ser confiscados por estarem todos em nome da (muito-convenientemente) ex-mulher; -Dias Loureiro, ex-ministro e ex-conselheiro de Estado de Cavaco Silva, não está preso, antes gozando umas "merecidas e eternas férias" no melhor Resort de sua propriedade em Cabo-Verde, também não tem bens penhoráveis por se encontrarem (muito-convenientemente) em nome de familiares; - e o país... e o povo português... esse que se foda!... que pague o rombo dos 5.000 milhões que estes dois provocaram no BPN!...
E a justiça... essa é mesmo à portuguesa: -corre célere e com mão-de-ferro a punir um pobre-diabo com a inibição de conduzir... um burro!... lá para as bandas de Celorico da Beira!
Quanto à justiça do Estado e quanto ao estado da Justiça... estamos entendidos!
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