quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Neste regime caduco, são mais os chefes do que os índios!

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É de mais!


Em nome da crise, pagamos mais impostos. Em nome da crise, vamos pagar portagens. Em nome da crise, acabaram apoios aos desempregados. Em nome da crise, todos os sacrifícios vão para o povo… e nenhum para as classes dirigentes. O que nem Governo nem Oposição propõem é a medida mais óbvia e urgente: a redução drástica do número de políticos, pelo menos para metade.

A classe política tem uma dimensão manifestamente exagerada. Para um país com dez milhões de pessoas, um presidente, um primeiro-ministro e respectivas cortes, um governo e um parlamento nacionais, dois governos e dois parlamentos regionais, mais de 300 câmaras e assembleias, mais de quatro mil presidentes de junta de freguesia… é de mais. A este rol, temos ainda de somar directores-gerais, funcionários superiores, assessores, administradores e outros doutores. Reduzir o número de dirigentes políticos é pois um imperativo nacional.

Comece-se por diminuir o aparelho político. Corte-se no tamanho imperial de ministérios cuja acção tem resultados nulos, como na Agricultura, ou até perversos, como na Educação. Repense-se a função das freguesias, autarquias sem sentido, cujas competências próprias são pouco mais do que a gestão de cemitérios e cuja principal actividade é mendigar apoios às câmaras. Há ainda que fundir municípios. Para poupar recursos. Mas sobretudo para evitar que coexistam concelhos com quatro mil habitantes e outros com 200 mil, cujas câmaras dispõem do mesmíssimo modelo de gestão, ineficaz na maioria dos casos.

Eliminem-se institutos públicos dispendiosos e inúteis, como o Instituto de Emprego ou o Inatel, organizações fantasmas como a Comissão Nacional de Eleições e mais umas dezenas de inutilidades. Privatize-se o sector empresarial do Estado, fonte de todos os prejuízos, de toda a corrupção e compadrio, ninho de escândalos como o "Face Oculta".  Em suma, precisamos de menos e melhores políticos. Afinal, um dos nossos maiores problemas consiste no facto de que, neste regime caduco, são mais os chefes do que os índios.

(Paulo Moraisin JN, 2010-07-21)

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