sexta-feira, 5 de novembro de 2010

As grandes negociatas do governo com os privados!...

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As Parcerias Público-Privadas rodoviárias, a prazo, são um problema maior do que o TGV para as contas públicas. As novas auto-estradas que o Governo quer fazer no interior do país vão custar, por ano, 900 milhões de euros.  As mais caras são as futuras auto-estradas do Pinhal Interior e do Douro Interior, concessionadas à Mota-Engil, que têm um custo anunciado superior à linha de TGV Poceirão-Caia. 

Em conjunto, as sete parcerias rodoviárias vão custar, a partir de 2014, o equivalente ao corte salarial na Função Pública ou ao aumento de impostos, todos os anos durante dez anos.  «Em termos de rendas fixas, quanto começarem a ser pagas, representa um encargo anual na ordem dos 900 milhões de euros para as Estradas de Portugal», revela à TVI Carlos Moreno, ex-juíz do Tribunal de Contas português e europeu.  O Orçamento do Estado para 2011 anuncia um aumento brutal das rendas a partir de 2014, ou seja, na próxima legislatura. Mas os números apresentados pelo Governo ficam muito abaixo da previsão deste antigo juiz. E por uma razão simples: estão mal calculados.


O Ministério das Finanças só meteu no Orçamento os encargos líquidos, mas não explicitou nem os encargos brutos, decorrentes dos contratos, nem sobre os métodos usados para calcular receitas futuras. «Deviam estar justificados em detalhe o que é encargo, qual é a receita que se tira e quais são as metodologias usadas para lá se chegar. Só assim é que tecnicamente esta previsão seria credível. Doutra forma, não tem credibilidade técnica», assegura Moreno.

As novas concessões foram entregues à Estradas de Portugal, que terá de se endividar para cobrir os encargos com as auto-estradas. Mais cedo ou mais tarde a dívida e os juros virão bater à porta dos contribuintes.


Vale a pena ouvir muitas mais revelações do Juíz Carlos Moreno, na SIC, com Mário Crespo:




Chiu!... não digam a ninguém, mas o FMI vem a caminho!

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Eu só espero é que "eles" saibam ir direitinhos às "cavernas" onde se acoitam os maiores chulos deste país!...  E que também não se esqueçam de dar caça às muitas dezenas de milhar de "cartões maravilha" que todos andamos a pagar, para gáudio dos boys dos cerca de 14.000 organismos do Estado...

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"SHE" - na voz inconfundível do seu criador - Charles Aznavour

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«She» é a versão mais conhecida em todo o mundo da canção "Tous les visages de l'amour" lançada em 1974 pelo cantor e compositor francês Charles Aznavour. Mais recentemente foi regravada uma interpretação de Elvis Costello para o filme "Notting Hill". Pessoalmente, continuo a preferir a interpretação na voz do seu criador.



«She»

She may be the face I can't forget,
A trace of pleasure or regret,
May be my treasure or
The price I have to pay.

She may be the song that summer sings,
May be the chill that autumn brings,
May be a hundred different things
Within the measure of a day.

She may be the beauty or the beast,
May be the famine or the feast,
May turn each day into a
Heaven or a hell.

She may be the mirror of my dream,
A smile reflected in a stream,
She may not be what she may seem
Inside her shell.

She, who always seems so happy in a crowd,
Whose eyes can be so private and so proud,
No one's allowed to see them
When they cry.

She may be the love that cannot hope to last,
May come to me from shadows of the past,
That I'll remember till the day I die.

She may be the reason I survive,
The why and wherefore I'm alive,
The one I'll care for through the
Rough and ready years.

Me, I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be.
The meaning of my life is she, she, she.

 
(tradução)
 
«Ela»

Ela pode ser o rosto que eu não consigo esquecer
Um traço de prazer ou de arrependimento
Talvez o meu tesouro ou
O preço que eu tenho que pagar

Ela pode ser a música que o verão canta
Talvez o frescor que o outono traz
Talvez uma centena de coisas diferentes
No espaço de um dia

Ela pode ser a bela ou a fera
Talvez fartura ou a fome
Pode transformar cada dia num paraíso
ou num inferno

Ela pode ser o espelho do meu sonho
O sorriso refletido no rio
Ela pode não ser o que parece ser
dentro da sua concha

Ela, que sempre parece tão feliz no meio da multidão
Com os olhos tão pessoais e tão orgulhosos
Mas que não podem ser vistos
quando choram

Ela pode ser o amor que não espera que dure
Pode vir das sombras do passado
Que eu irei lembrar até ao dia da minha morte

Ela talvez seja o motivo para eu sobreviver
A razão pela qual eu estou vivo
A pessoa que cuidarei através
dos difíceis e próximos anos

Eu, eu tomarei as risadas e as lágrimas dela
E farei delas todas minhas recordações
Para onde ela for, eu tenho que estar lá
O sentido da minha vida é ela, ela, ela.


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E o decreto da fome é aprovado!...

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E enquanto à fome o povo se estiola,
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento

E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento

Usufruem seis contos de ordenado.
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.


JOSÉ RÉGIO
(Soneto escrito em 1969)

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eles protegem-se uns aos outros!

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"Chegará o dia em que todos lhes pediremos contas..."

É uma frase extraída de um email que me enviaram. Temo que as coisas não irão passar-se rigorosamente assim. As alternâncias de poder, entre o PS e o PSD, têm permitido que eles se protejam e ocultem uns aos outros. Mentem, aldrabam, entram em conflito com as nossas carteiras, enriquecem, sucedem-se nos Governos, seguem a caminhada para gestores, administradores de instituições públicas, uma, duas, três reformas, e nada lhes acontece. A impunidade lavra nesta II República (os 48 anos de fascismo foram um interregno), e ninguém é responsável por coisa alguma.
(...)

A desgraça que tombou em Portugal resulta da pequenez do nosso espírito. Roma não pagava a traidores. Portugal promove-os. Os "políticos" que têm dirigido o país, desde a "normalização" de Novembro de 1975, são minúsculos imorais ante a grandeza e a decência dos homens do 5 de Outubro. Ouvi, como muita gente, creio, os discursos de Sócrates e de Cavaco. A miséria do pensamento destes dois cavalheiros é proporcional ao seu espírito. Cavaco, esse, chega a ser deplorável, e até Luís Delgado lhe colocou reservas. Em forma e em conteúdo, tanto um como outro atingiram o grau zero da compreensão.

A fome alastra entre nós. Os ministros deviam vestir-se à paisana, deslocar-se até à Sopa do Sidónio, em frente à igreja dos Anjos, e indagar, junto daquelas centenas de desafortunados que se juntam ali, diariamente, em busca de um pão e de uma sopa, a origem dos seus infortúnios. Obteriam respostas surpreendentemente dolorosas. Assinalamos o Ano da Pobreza e da Exclusão (parece que é assim a designação da piedosa lembrança), dizemos umas palavras comovidas, ou passamos indiferentes, ou entregamos um óbulo misericordioso, e desandamos para a nossa vidinha.
As coisas não acabam desse modo. A questão, a gravíssima questão, é política. E os responsáveis são, naturalmente, os políticos. Temos assistido à birra dos dois dirigentes do rotativismo. Um vai ser corrido, como tudo o faz supor. O outro, com as ameaças que faz, sobretudo à Constituição, fornece-nos o retrato de uma completa distorção do país. Nem um nem outro servem. Então, quem? Depende de nós, aí sim, uma alteração de rumo.

Há anos que Portugal anda ao deus-dará. Nunca é demais insistir na calamitosa herança do dr. Cavaco, um dos mais ineptos primeiros-ministros que tivemos. O monstruoso embuste criador em torno deste senhor é, ele mesmo, monstruoso. E os tenores que lhe entoam loas têm sido copiosamente beneficiados pelo "sistema". As coisas estão estruturadas e foram montadas de forma a não haver deslizes. E eles estão por toda a parte: nos jornais, nas televisões, nas rádios; nos "comentadores" que, sem sobressalto, transitam para as abas do poder, sem vergonha nem um pingo de compostura. Agora, anda por aí um, balofo e zeloso, ainda não há muito grave "analista" na televisão do Estado, dos fenómenos políticos circundantes. O caminho foi iniciado. Vejamos o que se segue.

O ambiente é de cortar à faca. Tenho por hábito percorrer as ruas de Lisboa, conversar com as pessoas, e cada dia me convenço mais de que estes cavalheiros estão a enfiar-nos numa camisa-de-onze-varas, mas não sabem prever a explosão social que se aproxima. Penso no seguinte: se não estivéssemos inseridos nesta "União Europeia" (muito desavinda) a situação teria, certamente, tomado outro caminho. O que não impede de o desgosto, a inquietação e o desespero dos portugueses escolherem um atalho, de certeza mais agressivo e violento do que as marchas de protesto.


O que nos enoja é assistir às análises, aos prognósticos, aos palpites e às sugestões de bravos e distintos economistas, gente de alto préstimo e com duas e três reformas chorudas, a propor que se reduzam ainda mais os salários, e que caia nos lombos dos pobretanas o sarrafo das "restrições". Dizem eles que é para bem do "interesse nacional", expedito palavrão que tem encoberto as mais sórdidas infâmias.

(Baptista Bastos, in Jornal de Negócios, 08/10/2010. Negritos e imagens acrescentados por mim)

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Pós-Texto 1:  - A propósito deste mesmo assunto e desta mesma gente,  "obrigatório" ler este artigo no semanário SOL on-line de 31/10/2010, com o título: - «7,5 milhões de euros para salários de 46 gestores». E refere-se isto apenas ao ano de 2009 e aos gestores de apenas 9 (nove) das empresas tuteladas pelo Estado:  - ANA, STCP, EP (Estradas de Portugal), CTT, REFER, CP, ML, CARRIS e TAP.  E isto apesar de serem estas empresas as que, desde sempre e invariavelmente, apresentam um prejuízo anual de vários milhares de milhões de euros!
«A aparente fartura do dia-a-dia destes gestores contrasta com a situação das suas empresas. Nos últimos quatro anos, o passivo destas nove companhias mais do que duplicou, de 13,3 mil milhões de euros em 2006 para 31,1 mil milhões de euros no final de 2009.»
Mas o ministro das finanças não sabe onde cortar... e prepara-se para continuar a cortar nos mesmos de sempre!...


Pós-Texto 2: - E aqui mais uma leitura "obrigatória" para quem quiser reflectir - a Fundação da Cidade de Guimarães - onde a presidente recebe 14.300 euros por mês e os vogais executivos 12.500 euros. Multiplique-se isto por 14 meses. E multiplique-se ainda pelos milhares de organismos (muitos nem sequer chegam a passar do nome) que têm nascido por aí nos últimos anos como se de cogumelos se tratasse, e destinados unicamente a acoitar os "boys", amigos e familiares. Isto serve apenas como um mero exemplo do universo de parasitários para onde o nosso dinheiro é despejado, os nossos impostos, os cortes nos nossos ordenados e reformas, os cortes na saúde e na educação. 
Mas o ministro das finanças não sabe onde cortar... e prepara-se para continuar a cortar nos mesmos de sempre!...

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domingo, 31 de outubro de 2010

Momentos vividos. Momentos sentidos. Momentos... idos!

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Andam poesia e música no ar!…

Uma melodia tocada
numa escala de cores de arco-íris
ecoa por todo o meu sentir!
É que lá longe… muito longe…
onde os montes são agrestes e rudes as gentes
eu sei de um monte eu sei de um ninho
que tem lá dentro um passarinho!

E eu vou subir àquele monte
que fica por detrás de outros montes
e vou lá ter àquele ninho
onde me espera aquele passarinho.
E vou fazer-lhe uma festa, acariciar suas penas
aninhar-me na ternura e na meiguice
do seu peito. Muito junto, bem juntinho!

Andam poesia e música no ar!…

Uma melodia de perfumes e de sons
ao ouvido segredados
ecoa por todo o meu sentir!
Mais que a chegada a viagem;
mais que o destino o caminho!
As músicas correm dentro de mim
os sons nascem dentro de mim
e respiro mais fundo - tranquilo.

O coração bate calmo
quando a música nos envolve
a mim e àquele passarinho.
E vou fazer-lhe uma festa, acariciar suas penas
aninhá-lo na ternura e na meiguice
do meu peito. Muito junto, bem juntinho!

E liberto o pensamento, a imaginação
e afasto a razão para um canto.
Mais que entender a razão
eu quero ouvir o seu canto
eu quero apenas sentir - esta emoção!


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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O cinco em um, ou... O "funeral" que veio de Boliqueime!

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Os cinco Cavacos

Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo...

O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de desenvolvimento deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.


O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.


O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.


O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.  Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber.

Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.



E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos mais baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.


Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu, eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar como alguém que está acima da politica, é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo o que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.

(Daniel Oliveira, in Expresso on-line, 26/10/2010)


Pós-texto: Sobre este mesmo assunto e personagem, vale a pena ler esta crónica de Batista Bastos no Jornal de Negócios.
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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mais 400 milhões "enterrados" no BPN... e para quê?

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Ao mesmo tempo que espolia os portugueses em geral, e preferencialmente os menos abonados, o Estado não se cansa de tentar tornar o BPN mais apetecível para eventuais compradores.

E é assim que o Estado, que através da CGD já injectou no BPN uma quantia aproximadamente tão astronómica como a que pretende cortar no Orçamento para 2011, estuda agora a maneira de colocar mais algumas centenas de milhões num aumento de capital do Banco que foi de Oliveira Costa e Companhia e, também para cativar potenciais interessados na compra, pretende que a CGD assuma, naturalmente com a garantia do Estado, os créditos das subsidiárias do Banco no valor de mais mil milhões.

De maneira que um dia destes, o que estará verdadeiramente a verificar-se neste pequeno país, que é Portugal, é que os portugueses vão andar de tanga, muitos a passar fome, a retirarem os filhos das escolas, a cortarem nas despesas de saúde, a deixarem morrer de miséria, doença, solidão e tristeza os seus velhos... para que o Estado disponha dos milhares de milhões suficientes para tornar atractivo um Banco que albergou dirigentes suspeitos da prática de actos de delinquência financeira, cujo julgamento continuará a ser eternamente adiado. E nesse dia, o Estado poderá enfim vender a um investidor interessado, certamente um desinteressado benemérito, pela módica quantia de 180 milhões, um banco onde o próprio Estado já terá derretido os milhares de milhões que faltam ao País.

Claro que nada disto esteve ou estará a ser tema de discussão nas negociações entre o Governo e o PSD para deixar passar o Orçamento. Mas, na verdade, o que são os milhares de milhões do BPN comparados com dois ou três pontos a mais ou a menos no IVA sobre o leite achocolatado?

(João Paulo Guerra, in DE de 26/10/10)
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E enquanto esta "novela" se mantém no ar, condicionando e asfixiando os portugueses através do OE-2011 e seguintes,  Oliveira Costa e Dias Loureiro não têm bens para penhorar!...


 Pois é verdade, de acordo com a edição de 08/06/2009 do "Correio da Manhã", o ex-conselheiro de Estado Dias Loureiro, ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN antes do banco ser nacionalizado, escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado detalhadamente o seu património, concluindo que não tem bens em seu nome que possam ser penhorados no âmbito da investigação no caso BPN, e até que o saldo médio das suas contas bancárias não ultrapassa os cinco mil euros.  As conclusões desta análise mostraram que os imóveis estão registados em nome de familiares ou pertencem a empresas sediadas em paraísos fiscais. 
Resultado: -Oliveira e Costa, ex-ministro de Cavaco Silva, está preso, mas os seus bens não podem ser confiscados por estarem todos em nome da (muito-convenientemente) ex-mulher;  -Dias Loureiro, ex-ministro e ex-conselheiro de Estado de Cavaco Silva, não está preso, antes gozando umas "merecidas e eternas férias" no melhor Resort de sua propriedade em Cabo-Verde, também não tem bens penhoráveis por se encontrarem (muito-convenientemente) em nome de familiares;  - e o país... e o povo português... esse que se foda!... que pague o rombo dos 5.000 milhões que estes dois provocaram no BPN!... 

E a justiça... essa é mesmo à portuguesa:  -corre célere e com mão-de-ferro a punir um pobre-diabo com a inibição de conduzir... um burro!...  lá para as bandas de Celorico da Beira!

Quanto à justiça do Estado e quanto ao estado da Justiça... estamos entendidos!

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Tolerância "ZERO" para uma classe política corrupta!

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Um total de vinte políticos do Governo recebe subsídio de alojamento: - por mês, governantes têm 1400 euros cada; -chefe de gabinete recebe 940 €.

O subsídio de alojamento de vinte políticos do Governo vai custar, em 2011, cerca de 300 mil euros. O apoio financeiro foi atribuído pelo ministro das Finanças, nos termos de um diploma de 1980, a cinco ministros, nove secretários de Estado e seis chefes do gabinete de governantes. O decreto-lei 72/80 justifica a concessão deste subsídio com os encargos causados pela "rarefacção de habitações passíveis de arrendamento" em Lisboa.

A verba para pagar o subsídio de alojamento dos governantes consta do próprio orçamento dos gabinetes dos membros do Executivo, que integram a proposta do Orçamento do Estado para 2011. Com um valor de quase 1.400 euros por mês, cada ministro e secretário de Estado recebe por ano cerca de 16.942 euros em subsídio de alojamento. Já os chefes de gabinetes contam com um apoio mensal de quase 940 euros, que corresponde a 11.300 euros por ano.

Dos cinco ministros contemplados, Teixeira dos Santos, Luís Amado e Alberto Martins trabalham há vários anos em Lisboa. E entre os secretários de Estado há mesmo dois, Laurentino Dias e Fernando Serrasqueiro, que apesar de terem residência oficial em Fafe e em Castelo Branco, possuem habitação na zona de Lisboa.

Os despachos do ministro das Finanças com a concessão do subsídio de alojamento a estes políticos foram publicados em Diário da República a 26 de Março, 15 e 27 de Abril de 2010.

(António Sérgio Azenha, in CM de 25/10/2010)

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O exemplo da Suécia!
 
Quão longe estamos da Suécia, onde os políticos têm "tolerância ZERO" nas mordomias!  Só aqui, neste país de pedintes e chico-espertos, esta classe de canalhas têm direitos que nem nos Estados Unidos existem, e nem mesmo naqueles países ricos da Europa do Norte que nos estão a subsidiar desde há quase 20 anos. Por isso, e muito bem, estes estão agora a exigir contas dos dinheiros que para aqui enviaram e que saíram dos bolsos dos seus próprios contribuintes e trabalhadores.

 Pena que tais dinheiros tenham sido comidos, cagados e vomitados por uma classe política corrupta que se tem divertido a distribui-los, em circuito fechado, entre o seu próprio bolso e o dos amigos e familiares, e que agora, eles próprios, tenham o desplante de nos apresentarem a nós, povo deste país, a conta para pagar!  Sem que a estes canalhas sejam exigidas responsabilidades pelo que fizeram!  Bem antes pelo contrário, eles são "recompensados" com ainda mais mordomias, desde douradas reformas em paraísos das ilhas de Cabo-Verde, passando por lugares de administração em organismos do Estado, muitos deles criados propositadamente para eles, até  altos cargos nos centros de comando e decisão em Bruxelas!
Pena que actualmente  nesta mesma Europa comunitária se não encontrem verdadeiros políticos, mas antes uns patéticos palhaços sub-produtos deteriorados das respectivas sociedades, ou doutro modo já teria sido criada uma nova versão do Tribunal de Nuremberga para julgar todos estes canalhas criminosos, incompetentes e corruptos que aqui se instalaram desde a "palhaçada" do 25 de Abril.  Não contentes e satisfeitos com a delapidação das reservas de ouro do Banco de Portugal, eles preparam-se agora para comer o resto - aquele que está no bolso e na boca dos cidadãos deste país!...
 
Vale a pena ver o vídeo!  É de ficar sem chão debaixo dos pés...  tão abismal é a diferença daquilo que estamos habituados a ver nesta classe de palhaços que infesta este país!
 

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domingo, 24 de outubro de 2010

E assim vão os investimentos do governo!

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Como se não bastassem os inúmeros e escandalosos exemplos do desgoverno de José Sócrates e do seu miserável governo que nos explora e afunda cada vez mais, eis aqui mais um testemunho e prova do fim esperado para os investimentos do TGV e afins!...



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sábado, 23 de outubro de 2010

Andei por aí... visitando a vizinhança!...

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Andei por aí...  visitando a visinhança e o que se vai dizendo pela blogosfera. Entre muitas coisas "lindas" (!), acabei por encontrar uma verdadeira pérola da nossa democracia neste esfrangalhado bananal republicano. Trata-se, nem mais nem menos, de uma peça dividida em vários capítulos sobre o levantar da ponta do monstruoso "iceberg" que agora choca violentamente contra este país. Por ela nos apercebemos melhor de como e porquê chegámos a este inacreditável rombo que nos levou ao fundo.

Esta peça foi escrita há dois anos atrás, em 2008, e resulta de uma compilação de notícias publicadas nos diversos órgãos de informação, mas o seu conteúdo continua perfeitamente actual. A sangria despudorada por parte de gente que se auto-intitula de responsável e que ocupa cargos dos mais altos e mais responsáveis da nação, continua intocável, como intocáveis continuam os seus interesses e previlégios. E mais, ainda hoje, dois anos volvidos e apesar dos PECs, tudo o que nesta peça se denuncia está ultrapassado somente na sua dimensão: - é que em 2010 tudo isto existe, mas muito mais aumentado. Muito mais! Muito mais!...

Neste dia em que se perspectiva um encontro decisivo entre o ministro da finanças e o negociante do maior partido da oposição - Eduardo Catroga -  para aprovação do OE-2010,  eis AQUI a descrição de algumas das origens do maior descalabro financeiro em que o país mergulhou desde os anos 20 do século passado. Por aqui se percebe também que o ministro das finanças necessita urgentemente de trocar de óculos, já que "não consegue ver mais por onde cortar nas despesas"...

Estranho é que tanto o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, nos seus 5 anos de ministério, sempre apoiado e incentivado pelo primeiro-ministro José Sócrates e até mesmo pelo presidente da república, Cavaco Silva, já antes mergulhados numa crise interna crescente desde 2001/2002 e de enormes proporções, ao verificar que tão monstruoso "iceberg" se dirigia em rota de colisão contra uma economia já fortemente debilitada, tenha (tenham todos) escondido a cabeça debaixo do tapete e apenas olhassem a recuperação pelo lado das receitas internas com base no ataque ao bolso dos mais desfavorecidos e de uma classe média e média baixa, conduzindo  um país inteiro para um pântano donde nunca mais sairá. Pelo menos, nas próximas décadas.  E tudo porque o ministro não quiz bulir com os previlégios dos que "mamam", não só o deles mas também o dos outros. Talvez  porque o ministro não queira também abdicar da sua própria "teta"...

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Sócrates - a fonte do problema

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Que leva a política portuguesa, num momento de tão grande aperto financeiro, a estar tão crispada?  Que razão está na origem de ninguém confiar em ninguém?  O primeiro-ministro gere o país ou gera problemas?

Aqui há um mês e meio, o Governo acusava o PSD de querer acabar com o Estado Social. Ontem*, apresentou um Orçamento do Estado que o destrói. As coisas têm de ser vistas no real e não nos discursos - a retórica, a habilidade, a falsa promessa, a demagogia, o ataque soez (e lamento não me lembrar de mais palavras dizíveis) que então campearam, eram injustificados.

Em Portugal, quando o líder da oposição afirma publicamente que se recusa a falar com o primeiro-ministro sem ser na presença de testemunhas, ninguém parece incomodar-se. Pois eu dou razão a Passos Coelho. Falar sem testemunhas na presença de alguém que hoje diz uma coisa e no dia seguinte outra, sempre com a mesma cara, torna-se perigoso.

O primeiro-ministro andou a celebrar as grandes obras - desde os funestos estádios do euro que andou a fazê-lo - prometeu cheques-bebé, apoios a pontapé, subsídios a torto e a direito e gabou-se do seu espírito social. Sabe-se hoje que o fez ou por ignorância total do que se estava a passar na Economia, ou - e não sei o que será pior - com o único fito de ganhar eleições. A esta última atitude chamava-se, nos tempos até hoje mais desprestigiados da política portuguesa, o 'bacalhau a pataco'.

Seja por ignorância cega (do que pessoalmente duvido) seja por eleitoralismo puro (que creio ter sido o motivo), viu-se que Sócrates não é de confiança. A sua fiabilidade, que já era quase nula, torna-se agora o maior entrave a qualquer acordo de regime que possa, de forma sensata, colocar o país numa rota de desenvolvimento.

Por tudo isto, é quase desumano exigir a Passos Coelho que deixe passar o OE. Mas é o que o PSD tem de fazer. Deve deixar Sócrates sofrer o mal que fez e não lhe permitir recorrer àquilo em que é especialista (e talvez prefira): armar-se em vítima.


Infelizmente, num país onde tanta gente e tanta empresa depende das benesses de um Estado comandado por um homem que não conhece limites à sua ação e poder, o medo de o dizer abunda: o chefe do Governo, José Sócrates, é hoje uma parte importante do problema político e económico do país. O Presidente da República sabe-o há muito, a oposição também não o desconhece e o próprio PS já o pressente. Mas ele é incapaz de o enxergar porque, da sua pequena perspetiva, ele vale mais do que o partido, do que o Governo e do que o futuro do país.

A questão, porém, tem de ser colocada do ponto de vista racional e não emocional: o país precisa de um Orçamento aprovado e Sócrates vai tê-lo.

Não o merece e se houver justiça há de pagar pelo que fez.

(por Henrique Monteiro, in Expresso de 16/10/2010)

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Invenção portuguesa - a "Dívida Geracional"...

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Obrigado Aníbal e António pela dívida geracional

 

Existem os calotes, o mal-parado, as dívidas de curto, de médio e de longo prazo. Existe a dívida pública, a estrutural e agora temos também a dívida geracional. Em 2049, ou seja daqui a 39 anos, o meu filho Rodrigo que agora tem quatro anos, ainda vai estar a pagar todas as SCUT, o plano nacional rodoviário e as parcerias público-privadas lançadas até hoje.  Daqui a 39 anos Aníbal Cavaco Silva será mais do que uma nota de rodapé na política portuguesa. Se justiça for feita não será só por ter sido primeiro-ministro e Presidente da República, mas por ter sido com ele que se inaugurou na política portuguesa esta galinha dos ovos de ouro de políticos e para empresas.

Nada como fazer obra hoje e deixar para a próxima fornada de políticos a tarefa de aumentar os impostos para a poder pagar. Nada como impor a quem ainda nem nasceu o trabalho de pagar a obra de quem resolveu fazer um brilharete. Nada como garantir a faturação de empresas privadas durante anos à custa dos nossos impostos.  Hoje, sem contarmos com o TGV, a dívida geracional tem um impacto direto de 48,3 mil milhões de euros, um terço do PIB português. Indiretamente é muito superior, pois estas dívidas castram a economia e comprometem crescimentos futuros. E por muitos avisos que façamos, a estupidez megalómana dos políticos mantém-se.  Qualquer um que se sente na cadeira do poder, principalmente na de primeiro-ministro e na de ministro das Obras Públicas, começa a pensar em deixar o seu nome associado a uma qualquer obra, como se isso o fosse eternizar num estilo 'Duarte Pacheco'. E de facto essas obras eternizam, não o nome deles, mas as dívidas que deixam aos nossos filhos para que uma fita vermelha possa ser cortada e uns votos ganhos.


Muitas destas parcerias foram mal avaliadas, vendidas como se custassem zero ao Estado ou como se dessem mesmo lucro, para que no final se revelassem buracos de centenas de milhões de euros, como o caso da Lusoponte ou da Fertagus. E estas más decisões tomadas por Ferreira do Amaral, democratizadas por João Cravinho com as SCUT, e apoiadas por Cavaco Silva e António Guterres infelizmente nunca foram, nem serão, punidas. Hoje, vistos como grandes políticos e homens sérios da política são, afinal, eles os principais responsáveis por este aumento brutal de impostos que nos espera para os próximos anos.
Se tiver de apontar o dedo a alguém comece por eles.

(por João Vieira Pereira - caderno de economia do Expresso de 16/10/2010)


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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Neste regime caduco, são mais os chefes do que os índios!

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É de mais!


Em nome da crise, pagamos mais impostos. Em nome da crise, vamos pagar portagens. Em nome da crise, acabaram apoios aos desempregados. Em nome da crise, todos os sacrifícios vão para o povo… e nenhum para as classes dirigentes. O que nem Governo nem Oposição propõem é a medida mais óbvia e urgente: a redução drástica do número de políticos, pelo menos para metade.

A classe política tem uma dimensão manifestamente exagerada. Para um país com dez milhões de pessoas, um presidente, um primeiro-ministro e respectivas cortes, um governo e um parlamento nacionais, dois governos e dois parlamentos regionais, mais de 300 câmaras e assembleias, mais de quatro mil presidentes de junta de freguesia… é de mais. A este rol, temos ainda de somar directores-gerais, funcionários superiores, assessores, administradores e outros doutores. Reduzir o número de dirigentes políticos é pois um imperativo nacional.

Comece-se por diminuir o aparelho político. Corte-se no tamanho imperial de ministérios cuja acção tem resultados nulos, como na Agricultura, ou até perversos, como na Educação. Repense-se a função das freguesias, autarquias sem sentido, cujas competências próprias são pouco mais do que a gestão de cemitérios e cuja principal actividade é mendigar apoios às câmaras. Há ainda que fundir municípios. Para poupar recursos. Mas sobretudo para evitar que coexistam concelhos com quatro mil habitantes e outros com 200 mil, cujas câmaras dispõem do mesmíssimo modelo de gestão, ineficaz na maioria dos casos.

Eliminem-se institutos públicos dispendiosos e inúteis, como o Instituto de Emprego ou o Inatel, organizações fantasmas como a Comissão Nacional de Eleições e mais umas dezenas de inutilidades. Privatize-se o sector empresarial do Estado, fonte de todos os prejuízos, de toda a corrupção e compadrio, ninho de escândalos como o "Face Oculta".  Em suma, precisamos de menos e melhores políticos. Afinal, um dos nossos maiores problemas consiste no facto de que, neste regime caduco, são mais os chefes do que os índios.

(Paulo Moraisin JN, 2010-07-21)

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Ó portugal, hoje és nevoeiro!...

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NEVOEIRO

 
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer -
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.


Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!


Fernando Pessoa (Mensagem)

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