terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pecado Capital... até quando vamos admitir este saque?

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Portugal continua a sustentar uma capital imperial, mesmo quando já não há império. Sem o velho imenso território, de Melgaço a Timor, a Lisboa centralista entretém-se hoje a colonizar o continente.  O regime político vigente impõe-nos um modelo de desenvolvimento (?) monstruoso em que se sacrifica todo o território aos privilégios da corte.

Para alimentar este sistema, os portugueses são fustigados com mais e mais impostos, cujo primeiro objectivo é o de sustentar uma oligarquia imensa instalada na capital. 
Esta casta é constituída por membros de umas tantas famílias que se distribuem pelos cargos de alta direcção da Administração Pública.  Ocupam, de forma rotativa, os postos que conferem maiores regalias. Estes "boys" de luxo saltam dos ministérios para o Parlamento, daqui para os tribunais superiores, pululam entre os melhores "tachos", usufruem de todas as vantagens.
À sua volta e para os servir, concentra-se um séquito de funcionários. Só nas imediações do Terreiro do Paço, num raio de três quilómetros, estão sediados cerca de 60 mil funcionários públicos, distribuídos pelos mais diversos serviços governamentais.  Estranhamente, há ainda milhares de empregados do Estado em ministérios cujos serviços estão descentralizados, como a Saúde ou a Segurança Social.  Há até funcionários do Ministério da Agricultura que vivem em Lisboa e nunca devem ter visto uma couve.  Mas a situação mais bizarra sente-se na Educação, onde mais de mil milhões de euros do respectivo orçamento são derretidos no gabinete ministerial.  E tudo isto, ao mesmo tempo que fecham escolas na província.

Mas não só.  Enquanto no Norte o desemprego cresce sem parar e o Interior se desertifica, ao mesmo tempo que pelo país encerram escolas, tribunais e serviços de saúde - na capital, todos os investimentos e esbanjamentos são possíveis, todos os pecados são permitidos: - mais auto-estradas, expansão do metropolitano, nova travessia do Tejo, mais um aeroporto, novos teatros e museus...

Na capital não há limites, nem para a imaginação, nem para gastos incomensuráveis. Lisboa continuará a absorver todos os recursos do país.

Até quando vamos admitir este saque?

(Paulo Morais, in JN, 19/01/2011)

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4 comentários:

Karocha disse...

Milan

Meu caro amigo,quem vota?
Quem não se revolta?

Continuo a bater na mesma tecla,o povo não liga e é inculto, ele é futebol, futebol e mais futebol, novelas e os programas da tarde, o big brother,e...
Nunca mais acabava.

Milan Kem-Dera disse...

Karocha

O que este povo quer é festa! Imbecilóide profundo até à medula, é este mesmo povo, muitos de aspecto miserável que apareceram agitando bandeiras ao Cavaco na noite das eleições. Mal sabiam falar, sequer, mas votaram! Provavelmente nem ler ou escrever, mas votaram!

E eu fico-me a pensar... mas o que fez de bom Cavaco primeiro-ministro e Cavaco presidente a esta gentinha, para assim se manifestarem tão efusivamente?!...

Isto dá que pensar. E a conclusão é que, se calhar, este povo mais não merece do que ser tratado pela corja como atrasado mental e burro de carga.

kakauzinha disse...

Vim agradecer-te os votos. Uma criança é sempre Vida, neste caso duas vidas lindas que começam agora.

Quanto ao texto, acho uma verdadeira burrice. Já andei de norte a sul e há expansão em todo o lado. Este Sr. Paulo Morais deve pertencer ao grupo dos tripeiros com problemas existenciais com a capital, mais um ressabiado contra Lisboa. Ou nasceu com dor de cotovelo crónica em Vila Nova dos Parvos. Enfim...

Relativamente à constituição da máquina política em Portugal, então só Lisboa é que vota e manda? Ou há uma Constituição que gere o País inteiro?! Enfim...

Quanto a gastos excessivos, há escândalos em todo o país, não se vêem grandes excepções. Não será Lisboa a dar o mote para a ladroeira. Enfim...

Enfim, enfim e enfim...

(*)

Milan Kem-Dera disse...

Kakauzinha

Que queres que diga... no geral, concordo com ele.

Basta atentarmos (e para referir só este caso) nas portagens introduzidas nas SCUTs nas regiões do Minho e Costa de Prata. Regiões actualmente com o maior indice de desemprego crescente. E não se limitaram a portajar as autoestradas, portajaram também os seus acessos, o que é uma coisa absolutamente aberrante e inconcebível!

Aplicando o mesmo princípio a Lisboa, seria como colocar pórticos na IC19, ou no IC17, ou nos acessos da Pontinha ou do Aeroporto ou ainda nos acessos às portagens da A8! E aí, futuramente, no Algarve, fazer o mesmo aos acessos a Faro ou a Portimão. Como vês, as sacanices pelo norte não têm fim.
...E só me refiro a uma única questão - a das SCUTs!

(*)