O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, disse neste sábado que “foram aprovadas recomendações para iniciar o processo de creditação dos licenciados pré-Bolonha”.
Já não bastava ao ensino universitário o abandalhamento praticado nos anos pós-abrilada, com os inúmeros chicos-espertos e oportunistas de então a concluírem cursos superiores através de "passagens administrativas", dos quais uma boa parte tem sido o alfobre onde a política deste país se tem abastecido de gente sem escrúpulos para levar este país à ruína, ao mesmo tempo que enchem o bolso e as contas bancárias em proveito próprio. (Nem outra coisa seria de esperar de gente que foi capaz de tirar cursos superiores à base de golpes).
Já não bastava ao ensino universitário que na década de 90 o cavaquismo tivesse dado um “bodo aos pobres” com aquilo a que hoje se poderia chamar de primeira edição das “Novas Oportunidades”, promovendo as “licenciaturas de aviário”. Bastaria então a quem tivesse o nono ano (antigo 5º ano dos liceus) umas aulitas de meia-dúzia de disciplinas para ficar automaticamente promovido a "licenciado" e autorizado a usar o clássico e honorífico “Dr.” antes do nome.
Já não bastava ao ensino universitário que as denominadas Universidades privadas, além de expandir e ampliar tudo o que de mau e condenável havia no ensino superior público, ainda viessem com uma miríade de cursos e cursinhos, a maioria dos quais sem qualquer interesse e utilidade práticas, apenas com o objectivo único de explorar a carteira dos pais dos alunos que, por falta de lugar nas públicas, lá teriam de desembolsar somas astronómicas para tentar dar aos filhos um pseudo-grau-superior que lhes permitisse serem “caixas nos supermercados” ou mesmo “ajudantes de limpeza” nos carros do lixo.
Já não bastava ao ensino universitário que lhe tivessem inventado o famigerado “Acordo de Bolonha”, onde as licenciaturas foram curricularmente decepadas do seu conteúdo superior e despromovidas ao grau de “bacharelato” mantendo-lhes, todavia, o nome de “licenciatura”. Contudo, nem tudo era mau nestes cursos com menos dois anos de duração; sempre havia a compensação de um “mestrado”, obrigatório para quem queria continuar a investir na carreira superior.
Mas, e os outros pré-Bolonha? Aqueles cuja licenciatura os obrigou a estudar durante 5 anos para uma licenciatura? Pelo Acordo de Bolonha a sua “licenciatura”, tirada ainda com muito maior esforço e investimento, valeria agora não mais do que um “bacharelato”. A desigualdade e a injustiça estavam estabelecidas, já que, para o mesmo número de anos de estudo, os alunos pós-Bolonha saíam já com o grau de “mestrado”.
Assim, já não bastava ao ensino universitário todas estas tropelias e desnorte acompanhadas de fortes injustiças em termos de qualificação dos licenciados pré-Bolonha, vem agora o Conselho de Reitores das Universidades, numa tentativa de repor a justiça (sem deixar de aproveitar para repor também as verbas nos seus cofres através de mais esta fonte de propinas), estender mais uma vez ao ensino universitário o conceito das “Novas Oportunidades”, credenciando com o grau de Mestrado as licenciaturas pré-Bolonha.
Vou ficar à espera. Pode ser que me interesse…
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