E lucevan le stelle
Ed olezzava la terra
Stridea l'uscio dell'orto
Ed un passo sfiorava la rena
Entrava ella fragrante
Mi cadea fra le braccia
O dolci baci, o languide carezze
Mentr'io fremente
Le belle forme disciogliea dai veli
Svani per sempre
Il sogno mio d'amore
L'ora è fuggita
E muoio disperato
E muoio disperato
E non ho amato mai tanto la vita
Tanto la vita
* * * *
(tradução)
E reluziam as estrelas
e perfumada era a terra
Rangia a porta do jardim
e um passo roçava na areia
Entrava ela fragrante
e caía nos meus braços
e caía nos meus braços
Oh doces beijos, oh lânguidas carícias
enquanto eu tremia
as belas formas livrava dos véus
Desapareceu para sempre
o meu sonho de amor
O tempo fugiu
e morro desesperado
e morro desesperado
E não amei nunca tanto a vida
Tanto a vida
“E lucevan le stelle” (E reluziam as estrelas) é uma ária do terceiro acto da ópera “Tosca”. Tosca é uma ópera em três actos de Giacomo Puccini, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, baseado na peça do mesmo nome de Victorien Sardou. Estreou no Teatro Costanzi de Roma, a 14 de Janeiro de 1900.
Esta ária, uma das mais belas de todas as óperas italianas, é cantada pelo personagem Mario Cavaradossi enquanto aguarda a sua execução na prisão do Barão Scarpia (chefe da polícia de Roma). Neste video, é Andrea Bocelli que interpreta a ária de Cavaradossi num espectáculo realizado em Petra, na Jordânia, em homenagem a Luciano Pavarotti.
A história passa-se em Roma, em 1800. O pintor Mario Cavaradossi, amante de Floria Tosca (cantora de ópera) é sentenciado à morte pelo Barão Scarpia, por ter ajudado o seu amigo Cesare Angelotti (prisioneiro político) a fugir do Castelo de Sant'Angelo. Contudo, Scarpia actua com um duplo objectivo: político e sexual. A Cavaradossi e Angelotti, ele quer executá-los; a Tosca, ele quer possuí-la. Scarpia ordena que Mario seja torturado para que, minando a resistência de Tosca, esta não aguente mais e acabe revelando onde está escondido Angelotti. Scarpia fica a sós com Tosca e oferece-lhe um gole de vinho para que se acalme. Tenta então agarrá-la e beijá-la, mas Tosca repele-o com violência.
Tudo está pronto para a execução de Mario Cavaradossi, aguardando apenas a ordem de Scarpia. Este olha para Tosca e pergunta: "E então?" Ela responde que está pronta a ceder aos desejos do infame desde que ele liberte Mario. Scarpia responde que não pode fazer esta graça abertamente - tem que haver uma execução simulada. Tosca não percebe que acaba de ser enganada.
Sozinha com Scarpia, ela pede-lhe um salvo-conduto para que ela e o amante possam escapar do país. Enquanto Scarpia se senta para o escrever, Tosca aproxima-se da mesa e pega uma faca pontiaguda, escondendo-a atrás. "Está pronto," diz Scarpia; mas ao tentar levantar-se da cadeira, recebe de Tosca uma facada nas costas, duas, três… Tosca acende então duas velas, pondo uma de cada lado do cadáver e um crucifixo no peito de Scarpia. Agarra o papel que está sobre a mesa e retira-se de cena.
A hora da execução aproxima-se e Cavaradossi pede ao carcereiro um último desejo: quer deixar uma última mensagem para uma pessoa amada. Em troca, oferece ao carcereiro o seu anel, única coisa que lhe resta. E chegou a hora de “E lucevan le stelle”. Já perto da morte, ele escreve sobre as suas últimas imagens do mundo e as memórias dos seus momentos felizes ao lado da sua amada Tosca.
Chega então a amante, correndo com um papel na mão e explicando como pôs termo à vida do Barão. Diz-lhe também que ele deverá passar por um último ritual antes de escapar daquele inferno: -a execução simulada. Mario é então posto contra a parede. Atiram, e ele cai. Vista por Tosca, a cena parece perfeita. Os guardas saem e ela aproxima-se do amante. Ao ver que ele está morto, dá conta do engano em que caíra e solta um grito lancinante. O assassinato de Scarpia fora descoberto e correm atrás dela. Sobe então ao parapeito do terraço e salta para a morte.
(Interessante vídeo de animação sobre a sinopse da Tosca; aqui cantado pelo tenor Carlo Bergonzi)
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6 comentários:
"E lucevan le stelle..."
Maravilha, que momento! E logo hoje que o meu céu está cheio de estrelinhas... do monte...
Andrea Bocelli tem uma voz linda, mas realmente Carlo Bergonzi não fica atrás. Não conhecia e adorei.
Grazie mille per questa bellezza.
:))****
É verdadeiramente um momento mágico, este. Como, aliás, são todos aqueles momentos em que são cantadas as bonitas árias das óperas. São sempre manifestações impressionantes de talento e inspiração musicais que nos deixam completamente arrebatados.
Sono contento che ti piace. Io metterò qui più per la prossima volta.
:))**
Mais um momento mágico Milan!
http://infamias-karocha.blogspot.com/
É também um outro momento mágigo, Karocha. Trata-se de Luciano Pavarotti interpretando Ave Maria de Schubert.
Esta versão de Schubert, aliás, é a versão mais conhecida e mais cantada pelos cantores líricos, principalmente pelos tenores.
Todavia, existe uma outra versão, para mim muito mais bonita e muito mais mágica - a Ave Maria de Gounod.
Curiosamente, e sem que eu saiba porquê, não é a mais apetecida pelos cantores líricos, o que é uma pena. E uma injustiça também, já que, esta sim e quanto a mim, muito mais arrebatadora do que a de Schubert.
Ora ouça-a aqui, Karocha, na voz de Andrea Bocelli, e depois diga-me:
http://www.youtube.com/watch?v=akBMWYMBgAE&feature=related
Só como nota de rodapé, acrescento ainda uma terceira versão, de que, aliás, não gosto muito - Ave Maria da ópera Cavalleria Rusticana de Mascagni. Também cantada por Andrea Bocelli, pode ouvi-la aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=NxVv1D80UME&NR=1
Também vou ouvir essa versão.
Deixo-te também:
Intermezzo de la ópera Cavalleria rusticana, de Pietro Mascagni. Festival de Ravenna, 1996. Orquesta del Teatro Comunale di Bologna. Dirige Riccardo Muti.
http://www.youtube.com/watch?v=Xvdig4N0bpk
Encontrei numa pesquisa para os meus textos e gostei muito. Oiço sobretudo à noite para escrever.
[*]
Sim, Sim, escolheste bem. Porque além das árias, existem ainda outras figuras musicais de extrema beleza como os coros, e os sinfónicos como os intermezzo, os prelúdios, os finalle e outros.
De todos os intermezzo, este da Cavalleria Rusticana é o mais bonito e o meu favorito. Quanto aos corais, existem lindíssimos em quase todos as óperas, como este aqui do final do II acto da Aida:
http://www.youtube.com/watch?v=8bUpwZv_pUo&feature=related
ou este ainda da Madame Buterfly:
http://www.youtube.com/watch?v=jeLBloAFfhE&feature=related
ou ainda os coros do final da 9ª Sinfonia de Beethoven (Ode à Alegria), para além, claro, do célebre Coro dos Escravos (Va Pensiero) da ópera Nabucco.
(*)
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