Era uma vez um país de reformados
O presidente estava reformado, o primeiro-ministro reformado estava. Muitos dos ministros encontravam-se em igual condição e assim também os presidentes das autonomias, vários deputados, os presidentes das câmaras, líderes e ex-líderes de partidos políticos, e gestores de muitas empresas (até públicas). A eles se juntavam na reforma, professores e funcionários de pequeno porte.
Porém, todos eles, na plenitude das suas capacidades intelectuais e em boa forma física, continuavam no activo. Com isso, argumentavam, contribuíam para o desenvolvimento da Pátria, a quem ofertavam o melhor da sua experiência e saber.
Algumas "vozes de burro", das que não chegam ao Céu, clamavam aleivosamente que os ditos recebiam reformas milionárias, acumulavam pensões, e a tudo juntavam (no todo ou em parte) os vencimentos das funções que desempenhavam no momento, fosse no sector público ou no privado. Por isso, diziam os invejosos que a situação era imoral porque enfraquecia a Segurança Social e dava um contributo (embora, modesto) às elevadas taxas de desemprego e de precariedade…
Este podia ser o início de uma história para não deixar adormecer adultos mas dispensemos a ficção. Fiquemo-nos pelo que acontece mesmo em Portugal. Então…
O presidente da República é reformado; o seu principal opositor nas próximas eleições, reformado é. O presidente do Governo Regional da Madeira não dispensa a sua pensão; pelo menos um secretário de Estado está na reforma, tal como fazem ex-ministros e actuais eleitos do poder local, ex-deputados, comentadores políticos, etc.,etc. Faço como o Ministério das Finanças e não cito nomes. Lembro só que há, neste país desencontrado, quem receba muitos milhares de euros mensais de pensão, por ter desempenhado um cargo meia dúzia de anos.

Sou contra as reformas por limite de idade. Com o aumento da esperança de vida, com a melhoria das condições de saúde, entendo que a reforma deve ser um direito mas não uma obrigação. Cada um deve poder continuar a trabalhar enquanto tiver condições para o fazer eficazmente.
Mas, correndo o risco de juntar a minha às "vozes de burro", no actual quadro económico e social, entendo ser imoral acumular reformas ou receber um salário, mesmo que não na totalidade, para somar a uma gorda pensão. Não é correcto e é um mau exemplo que vem de cima.
Tal como as coisas estão, em Portugal, feitas as contas, não há moralidade nem comem todos.
(Mário Contumélias, in JN on-line)
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2 comentários:
Bom 2011 Milan
Abraço
Karocha
Olá Karocha!
Obrigado. E, embora sabendo que o 2011 só poderá ser ainda pior do que 2010, desejo-lhe também um Bom Ano de 2011.
(*)
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