quinta-feira, 31 de agosto de 2017

OS "PSICOPATAS DOMÉSTICOS" E A DESTRUIÇÃO DAS RELAÇÕES





Os psicopatas integrados não sentem empatia, compaixão ou remorso.
Sem sentimentos, são mentirosos e manipuladores, até nas relações amorosas.
Os psicopatas integrados parecem pessoas normais até os destruírem. 
(Iñaki Piñuel).
nós e

Iñaki Piñuel é doutorado em Psicologia, é psico-terapeuta e investigador especializado na
avaliação e no tratamento das vítimas de abuso psicológico e de psicopatas integrados.


Nem todos os psicopatas têm um desejo mórbido de tirar vidas, embora haja aqueles que conseguem destruí-las apenas com recurso à violência psicológica e emocional. Iñaki Piñuel chama-lhes “psicopatas integrados” ou “psicopatas domésticos”.  
O psico-terapeuta, professor universitário e investigador espanhol é o autor do novo livro “Amor Zero - Como sobreviver a uma relação com um psicopata emocional” (editora Esfera dos Livros).

Piñuel, que passou os últimos 25 anos a avaliar e a tratar casos de vítimas de psicopatas integrados, quer alertar as pessoas para o facto de estas personagens narcisistas, mentirosas e manipuladoras estarem entre nós:  -segundo o especialista, podem ser os nossos vizinhos, amigos e até mesmo os(as) nossos(as) companheiros(as). 

Através de uma linguagem assertiva e um tanto ou quanto alarmista, o conferencista explica que “o psicopata integrado não tem sentimentos ou remorsos, é frio e eficaz quando a depredar uma vítima, sabendo bem usar a sedução para se aproximar das pessoas que lhe interessam”.

O assunto é, para Iñaki Piñuel, muito sério, tão sério que o especialista defende que a única solução para as vítimas destes predadores é o afastamento total, uma vez que, não sendo doentes mentais, os psicopatas não têm cura: -“A única opção é sair"

Não se trata de uma doença clínica e o problema não tem tratamento; a terapia funciona ao contrário, com o psicopata a aprender muitas coisas novas para manipular mais e melhor as suas vítimas.  

Eles/elas, os psicopatas, não têm moral, não têm consciência.  Extremamente cruéis, não têm a capacidade de sentir compaixão pelas suas vítimas.


1 - Chama-lhes psicopatas integrados ou domésticos. Os psicopatas não estão só nos filmes mas também entre nós. Somos ignorantes quanto à sua existência?

“As pessoas normais não sabem que a maior parte dos psicopatas não são aqueles que estão na prisão, não são os assassinos, são antes os psicopatas a quem chamamos de normalizados ou integrados. 

O psicopata integrado é uma pessoa integrada na sociedade, que faz uma vida aparentemente normal, à excepção de que não tem emoções, não tem sentimentos de culpa e, portanto, é muito frio e eficaz quando se propõe a depredar uma vítima.” 


2 - Escreve que são parasitas progressivos. Em que sentido?

“Progressivos porque a sua forma de entrar numa relação é a pouco e pouco, sem nunca mostrar a sua verdadeira natureza. O problema é que a vítima apaixona-se, fica seduzida - porque é isso o que estes psicopatas fazem, eles seduzem. 

Na segunda fase, que é a fase do desprezo, a pessoa que vive numa relação com um psicopata fica completamente destruída

O problema é que as pessoas não têm informação específica e desconhecem a existência deste tipo de personalidade.  Não têm informação que explique como uma pessoa pode ficar destruída sem se dar conta por causa de uma pessoa encantadora, que não precisa de a maltratar fisicamente porque fá-lo psicologicamente. Isso pode gerar um quadro psicológico de stress pós-traumático, são os quadros mais habituais.”


3 - Quais são as principais características de um psicopata?

“A Ausência de emoções reais, a falta de empatia, a ausência de medo e de ansiedade, uma maior probabilidade de trair os seus parceiros.  Os(as) psicopatas são, sobretudo, pessoas que vivem dos outros, são parasitas. 
Sabem muito bem como posicionarem-se enquanto objecto de desejo de toda a gente. Têm a capacidade de manipular os outros e, se têm um problema, seduzem ou compram as pessoas que necessitam ter a seu lado.”


4 - É fácil identificar um psicopata integrado?

“Não. Não é fácil porque um psicopata não parece um doente mental (porque não o é), ao invés parece uma pessoa normal e encantadora. Se não conhecermos a existência deste problema teremos muita probabilidade de nos convertermos na sua vítima.”


5 - Todas as pessoas com um narcisismo extremo são potenciais psicopatas?

“Não, mas todos os(as) psicopatas são narcisistas extremos ou malignos. Uma pessoa com um grande nível de narcisismo não é um psicopata, mas é certo que todos os psicopatas são narcisistas extremos.”

“Uma das coisas que têm em comum os psicopatas criminosos detidos e estes psicopatas domésticos integrados na sociedade é o facto de ambos os tipos serem megalómanos, e possuírem um profundo egocentrismo e uma predisposição para endeusar-se. Em suma, um narcisismo extremo e maligno.” (pág. 25)


6 - O psicopata tem noção do que é?

“Nem sempre sabem que são psicopatas, mas sabem que são diferentes dos outros.  Sabem que não sentem medo, empatia ou compaixão e, portanto, sabem que têm grandes capacidades de fazer com que os outros façam o que eles querem.  É uma arte, eles(elas) sabem que são capazes de manipular os outros mas nem sempre sabem que a isso se chama “psicopata”.


7 - Sendo ele egoísta por natureza, o psicopata gosta de si próprio?

“Sim.  Ele(ela) tem um narcisismo extremo, precisa de adoração e de seduzir as pessoas, de manipular os outros. Os psicopatas vivem do trabalho dos outros, do dinheiro e da energia dos outros.Consomem a energia das suas vítimas, esvaziam-nas.”


8 - O psicopata manipula o outro porque tem baixa auto-estima?

“Não.  O(A) psicopata tem uma ideia inflacionada de si mesmo, uma grande consideração por si mesmo e um enorme ego que não é real. Precisam constantemente da adoração dos outros.”


9 - Um psicopata pode amar?

“Não.   Ele(ela) não ama ninguém, nem os parceiros nem os filhos. Manipulam-nos e seduzem-nos, mas não os amam. Não podem amar porque amar é dar, e eles querem sempre receber, à procura de conseguir obter mais dinheiro, adoração ou sexo. São parasitas puros.  É preciso dizer às vítimas que ali nunca houve amor.”


10 - As vítimas são sobretudo pessoas com valores e consciência moral. Porquê?

“São pessoas com valores morais, são boas pessoas. Para os(as) psicopatas as boas pessoas estão sempre dispostas a perdoar, a começar de novo, a ver o outro lado das piores atrocidades. Isto ajuda muito um psicopata.”


11 - A baixa auto-estima é um requisito para ser-se vítima de um psicopata?

“Muitas vezes as vítimas têm baixa auto-estima, mas nem sempre é assim. Há pessoas completamente normais, com uma auto-estima normal, que ficam destruídas devido a uma relação com um(uma) psicopata  - perdem a auto-estima e o respeito por si mesmas. O que acontece é que os psicopatas aproveitam-se da vulnerabilidade humana, seja essa uma vulnerabilidade social ou um momento mau na vida de uma pessoa.”


12 - No final, as vítimas ficam convencidas de que a culpa é sua?

“Claro.  Esse é o problema.  Os psicopatas utilizam uma estratégia que se chama “jogo da piedade” quando se posicionam como vítimas das suas vítimas. Isto significa que são perfeitamente capazes de simular que são eles(elas) as vítimas, pelo que as vítimas [reais] sentem-se culpadas por serem a causa da ruptura.As vítimas sentem-se culpadas por causa do jogo de manipulação, não por serem estúpidas.”


13 - Entre a vítima e um psicopata estabelece-se um vínculo traumático viciante. Porquê é que é tão difícil desatar estes laços emocionais?

“O maltrato é aditivo porque gera um mecanismo de repetição.  A vítima que é maltratada interioriza os maus-tratos e sente-se culpada por isso.  A vítima sente-se responsável pelo problema, acredita que não é bom(boa) companheiro/a, e é absolutamente ignorante do processo de manipulação do psicopata. 

Quanto mais tempo durar a relação, menos provável é a capacidade de a vítima cortar com o(a) psicopata.  É, por isso, um vínculo aditivo. A vítima esquece-se das coisas más e apenas se recorda da fase do namoro e da sedução.  Todo o contacto com um psicopata gera mais sofrimento, mais danos para a vítima e, sobretudo, mais oportunidades para o psicopata.”


14 - Quais as técnicas de manipulação mais usuais de um psicopata?

“A manipulação através da sedução e o bombardeamento amoroso. 
Numa primeira fase bombardeiam as vítimas de amor. Depois usam a culpabilização.  A terceira técnica é a triangulação:  -falam de terceiras ou quartas pessoas - que alegadamente se interessam pelo psicopata - de modo a criar competição com a vítima. Em suma, todo o tipo de estratégias que procurem manipular e criar nas vítimas um mecanismo de adição.”


15 - Como é que se sai deste buraco negro?

“Primeiro é preciso compreender que este não é um problema de casal, não é um divórcio.  Estamos antes perante uma pessoa que é um predador humano, um lobo com pele de cordeiro. É muito importante que a vítima compreenda isso.  E é muito importante reconhecer os danos psicológicos nas vítimas - são danos do tipo stress pós-traumático, que precisam de ser tratados com técnicas específicas.

É um problema muito especial, não é um problema de casal nem de maus-tratos físicos, até porque é rara a vez que os psicopatas maltratam fisicamente as suas vítimas (não precisam de o fazer).  A vítima precisa de saber que não tem culpa - e não digo isto para animá-la, digo porque é verdade.”


16 - A forma como escreveu o livro e fala sobre assunto parece um pouco agressiva…

“Este é um problema muito grave.  Uma das piores situações que o ser humano pode atravessar na sua vida é estar casado ou junto com um/uma psicopata. 

O problema é grave por ser tão desconhecido. As pessoas não identificam o problema, pensam apenas que estão perante um mal entendido, um problema de comunicação ou uma pessoa difícil.
Não! - estamos perante um psicopata e o psicopata é alguém que não tem cura, não há esperança para ele. - A única opção é sair.

Não se trata de uma doença clínica e este problema não tem tratamento:  a terapia funciona ao contrário, com o psicopata a aprender muitas coisas novas para manipular mais e melhor a suas vítimas.

Eles/elas, os psicopatas, não têm moral, não têm consciência. E não têm a capacidade de sentir compaixão, culpa ou remorso pelas suas vítimas.”






23 comentários:

Anónimo disse...


Nada sei do doutorado em psicologia. Um grande ignoro. Sobretudo na delicada área referida.
Mas que lido (no dia-a-dia) com um famíliar assim, lido.
Depois de ler o post concordo com as suas grandes linhas. E, na verdade, o mais saudável é ignorar que existem.
Custa mas dá dividendos na Paz.

Cumprimenta

Milan Kem-Dera disse...


PSICOPATAS DOMÉSTICOS

A “paixão exacerbada, arrebatada e sem limites” é uma das mais perigosas características dos/das psicopatas domésticas. Esta paixão centra-se essencialmente e mais frequentemente em torno de uma outra pessoa, mulher ou homem, que passa então a ser o foco de todas as sua atenções e falsos desvelos.

O/a psicopata persegue esse alguém durante o tempo que lhe for necessário (chega a levar anos), vai ao “fim-do-mundo” até conseguir envolvê-lo definitivamente, usando para isso de todos os meios e artimanhas, não lhe importando quais. Como não tem “filtros pessoais nem sociais”, ele/ela acha que todos os meios lhe são permitidos, mesmo os mais inconcebíveis e irracionais.

Meios lícitos ou ilícitos, lógicos ou ilógicos, mas todos praticados com uma técnica aprimorada, sempre mascarados de uma total veracidade e apresentados sob a forma de uma paixão desmedida e convincentemente verdadeira. Desde que sirvam os seus intentos, tudo vale.

O/a psicopata doméstica não conhece quaisquer limites para obter o que pretende.

O seu estado normal é de permanente ansiedade pela paixão. Todavia, inconstantes e perversas como são, os/as psicopatas domésticas mudam de paixão como quem muda de camisa. Despem abruptamente uma paixão para vestirem de imediato uma outra. Fria e racionalmente, sem olhar para trás e sem que lhes importe a opinião ou a censura dos outros (aliás, nem sequer reconhecem aos outros o direito de censura aos seus actos).

Apenas conhecem o seu próprio desejo, um capricho obcessivo e fortemente doentio de que não abdicam, nada mais lhes importando. Muitas vezes o comportamento de um/uma psicopata anda mascarado com um comportamento “borderline”, mas é muito, muito mais do que isso e bem mais perigoso. Outras vezes chega mesmo a confundir-se com um comportamento bipolar, não facilmente detectável.

Para todos aqueles que um dia têm a má sorte e a brutal infelicidade de conviverem com um/uma psicopata doméstica, este comportamento inicialmente delico-doce e ternurento até parece verdadeiro e genuíno, mas, na realidade, por detrás de toda aquela ternura, de todos aqueles modos envolventes e sedutores, esconde-se uma pessoa extremamente cruel e sádica, impiedosa, completamente desprovida de sentimentos que, uma vez passada e saciada esta “fase da paixão pela conquista” é capaz das mais imprevisíveis e impensáveis maldades, praticadas com verdadeira crueldade e sem quaisquer remorsos, até conseguir, desta vez agora, o desejo oposto – o definitivo afastamento da sua ex-grande paixão.

Quer ter agora, à viva força, o caminho livre e desimpedido. Anteriores demonstrações e promessas de amor eterno vão agora direitinhas para o caixote do lixo, qual “interruptor” a que se inverte o sentido, duma forma perfeitamente bipolar. Também nesta nova fase de “despejar para o lixo”, o/a psicopata doméstica aplica, uma vez mais, toda a sua energia e capacidade de dissimulação para a todos convencer da veracidade das suas novas razões, numa encenação suficientemente convincente de modo a não deixar quaisquer dúvidas sobre a sua suposta verdade, a “verdade” que pretende impingir.

Tudo o que o/a psicopata doméstica faz é minuciosamente calculado e encenado e enganadoramente convincente. Mas o seu SADISMO não tem limites. A sua CRUELDADE não tem limites. A sua DESUMANIDADE é atroz. Senhora de uma frieza calculada e racional, o/a psicopata doméstica nunca apresenta ou demonstra qualquer SENTIMENTO DE CULPA. Não apresenta qualquer nível de CONSCIÊNCIA nem tem qualquer REMORSO, pois o vazio total de verdadeiros sentimentos inibe o/a psicopata de qualquer racionalização dos seus procedimentos e atitudes.

Milan

Milan Kem-Dera disse...


PSICOPATAS DOMÉSTICOS (continuação)

O/a psicopata doméstica esgota muito facilmente a sua fome de uma determinada paixão. Necessita, pois, de mudar frequentemente de “paixão”, e para isso tem de aniquilar o parceiro actual, ex-objecto de tamanha paixão, ingenuamente seduzido e fragilizado, inconscientemente manipulado por uma MENTE DOENTIA E DIABÓLICA. Tão doentia quanto perigosa, e tanto mais perigosa quando apenas se revela verdadeiramente para aqueles com quem convive duma maneira assídua e diária, durante um longo período de tempo (dois anos bastam…).

Para o/a psicopata doméstica apenas conta uma coisa – o seu objectivo focado no momento actual, que se torna agora, e uma vez mais, na sua (passageira) obcessão permanente – o voltar de tudo atrás, o apagar de tudo o que foi construido por ambos e o regresso forçado a um passado que jamais conseguirá. O rebobinar impossível de uma cassete que só existe na cabeça e na mente conturbada do/da psicopata.

A partir daqui, a vida transforma-se agora num tremendo e constante pesadelo para o objecto do seu desamor. Torna-se numa autêntica maldição que se abate sobre quem anteriormente fora o objecto de uma “falsa” paixão arrebatadora.

Este, por seu lado desnorteado, vê-se enredado numa teia de sentimentos confusos que não o deixam ver direito o que está acontecendo, esperando que tudo isto não passe de uma fase passageira, desconhecendo, em absoluto, o que se está passando e questionando-se “porquê?”. Desconhecendo totalmente que está lidando com um/uma psicopata. Desconhecendo, afinal, que está dormindo com o/a inimigo/a. Um/a inimigo/a perigoso/a, por vezes até mortal.

Capaz de cometer as maiores atrocidades mentais, o/a psicopata doméstica esconde-se por detrás de uma atitude angelical e doce, cheia de atitudes ternurentas, à vista de todos perfeitamente convincente. Isto porque, desde muito cedo, o/a psicopata aprendeu a disfarçar-se de pessoa de bem, tornando-se, assim, num(a) farsante bem conseguido(a), que só se denuncia no convívio diário e permanente com quem, um dia, teve a desdita e a má sorte de tropeçar na sua vida.

Ninguém chega a conhecer verdadeiramente um/uma psicopata doméstico/a, nem mesmo as pessoas mais próximas do seu círculo de amizades ou profissional. A maioria das vezes, nem mesmo os seus próprios pais o/a reconhecem como um(uma) psicopata.

Milan

Anónimo disse...


Pergunto-me se não estarei a ser vítima de uma psicopata doméstica (minha companheira há três anos), tais as semelhanças de comportamento com as que aqui são descritas.
Começo a ficar preocupado e vou passar a estar mais vigilante.

Cumprimentos

César Monteiro disse...


Estou siderado com tudo o que acabo de ler aqui. Tudo isto se ajusta ao que se está a passar na minha relação. Só agora pelo que acabo de ler encontro respostas para tantas e tantas atitudes inexplicáveis para as quais nunca encontrei respostas. Encontro-as aqui quase todas descritas duma forma simples e verdadeiras.

Obrigado pela sua divulgação. E obrigado também ao investigador que dedicou tantos anos ao estudo duma situação que eu desconhecia. Provavelmente muitos desconhecerão, tal como eu. Vou ver se encontro o livro aqui referido. Quero aprofundar o assunto que tanto me diz respeito.

Obrigado.

Maria... disse...


A minha vida tem sido um calvário sem saber como endireitar a minha relação. Deparo-me quase diariamente com situações que não sei explicar nem resolver e já só penso no divórcio. Ao ler esta entrevista encontro aqui descritas muitas delas.
De qualquer modo isto ajuda-me imenso a entender o que vai na cabeça do meu companheiro. Tenho que reler e tornar a ler tudo para me convencer que talvez viva há 5 anos com um psicopata.
Bem haja Milan.

José disse...


Desde há cerca de quatro anos que a minha relação se deteriora de dia para dia. Um dia ela está bem disposta, outro ela parece o diabo em pessoa. Uns dias acorda amuada, noutros parece que nada aconteceu e comporta-se de um modo alegre quase até à histeria, (principalmente com as amigas). Nuns dias ela desculpa-se e diz que me ama, para logo a seguir me tratar com todo o desprezo. E ela dantes não era nada assim, era uma ternura de pessoa.

Li com todo o cuidado a entrevista deste psicólogo e encontro nela a maioria dos comportamentos que vejo em minha casa e que é perfeitamente possível que tenha uma psicopata ao meu lado, sem o suspeitar. E os dias e os meses vão passando e tudo está cada vez pior. Se já não sabia o que mais fazer, depois de ler isto ainda menos. Sair fora como diz o autor ou esperar que tudo acalme? Este era já o dilema que existia, mas a leitura deste texto deixou-me mais tranquilo. Pelo menos já tenho uma outra perspectiva do problema. Que eu não sabia, de todo, que existiam pessoas com este comportamento.

Cumprimentos e obrigado


Milan Kem-Dera disse...


José:
Analise bem a situação e se concluir que realmente se trata de uma psicopata não hesite - SAIA FORA! FUJA DESSA RELAÇÃO!
Sem culpas nem remorsos, já que CULPA e REMORSO são sentimentos que não cabem na cabeça duma psicopata. Muito menos AMOR!
Viva a sua vida o melhor que puder e souber, tente esquecer completamente essa pessoa, porque aí, tal como diz o "Pinuel", NUNCA HOUVE AMOR de verdade.

Boa sorte e curta a vida!


J. Pinto disse...

Interessante. Desconhecia por completo este assunto e a existência de pessoas assim. Psicopatas eu sempre ouvi falar conotados como criminosos, agora neste tipo de psicopatas domésticos, é a primeira vez. Também esta investigação é muito recente, apenas 25 anos. Agora entendo porque há pessoas que parecem tão boazinhas e tão encantadoras, e que depois se diz que são piores que o diabo.
O comportamento humano tem destas coisas.

Milan Kem-Dera disse...

Caro J. Pinto,
Isto de identificar um(a) psicopata não é tarefa fácil. São pessoas que desde crianças (e talvez por qualquer distúrbio familiar) descobriram desde cedo a fórmula ideal para conquistarem os outros. Embora completamente vazios de sentimentos, encenam com toda a facilidade a posse de todas as virtudes que sabem que aos outros agradam, com o único objectivo de conseguirem o que pretendem.

São assim extremamente encantadores nos primeiros contactos (ou nos contactos meramente superficiais) para depois, em fase posterior e porque se fartaram da pessoa ou da situação, passarem ao ataque e ao desprezo, sem qualquer motivo e duma forma brutalmente CRUEL e FRIA, sem olhar a meios e sem qualquer golpe de consciência ou remorso, deixando a outra pessoa (que até pode ser o próprio companheiro outrora seduzido) embasbacado com tais modos e tal mudança, normalmente sem explicação para tal.

São pessoas capazes de viverem uma vida inteira a passarem sob os pingos da chuva, cometendo sempre os mesmos erros e com pessoas diferentes - incautos apanhados na sua teia diabólica. E quando se sentem apanhados e descobertos, ficam impávidos(as) e serenos, mudam de situação e de amigos, e continua tudo na mesma.

Normalmente adorados(as) por quem os(as) conhece recentemente, são no entanto incapazes de sentir qualquer tipo de sentimento nobre por alguém, principalmente AMOR e PIEDADE. Por isso são capazes das maiores CRUELDADES e das maiores IRRACIONALIDADES sem apresentarem qualquer tipo de remorso ou culpa.

Acabam por serem pessoas extremamente infelizes, embora convencidas do contrário. Chegam a dar pena a quem finalmente as conhece como tal.

Luís P. disse...

Gostei do que li. Dá para pensar. Estou metido numa relação que se assemelha muito ao que aqui é descrito. De inicio foi um conto de fadas, mas passados cerca de dois anos tudo ficou diferente. Ela já não era mais a mesma, sempre mal humorada, sempre com queixas, e o tratamento para comigo deteriorava-se de dia para dia. E continua a deteriorar-se, e hoje que já são passados cerca de cinco anos tudo está pior e já quase não nos suportamos, embora com os amigos ela continue a comportar-se como se tudo estivesse bem.
Por meu lado nunca lhe dei motivos para o desprezo que me dedica agora e já não sei que mais hei-de fazer. Por vezes dou comigo a pensar em como deixá-la, mas depois, tal como leio aqui, ela acabou por se instalar em mim como uma droga dura. É difícil.

Milan Kem-Dera disse...

Caro Luis P.
Com a experiência que tenho, arrisco dizer que está a dormir com "o inimigo". Ela apresenta todos os indícios de uma psicopata doméstica. Aconselho-o a SAÍR DESSA RELAÇÃO o mais depressa possível porque só pode piorar. Prolongá-la mais só lhe trará problemas que podem ser graves - desde físicos a mentais.

Essa sua relação não tem mais pernas para andar e, ainda que muito lhe custe (o tal caso da adição), mais vale que saia agora do que deixar para mais tarde. Porque, acredite, AÍ NÃO HÁ MAIS AMOR por muito que lhe custe, e a saúde física e mental é um bem inestimável. Caso não tenha filhos comuns, do mal o menos. Se os tiver será mais complicado porque ela vai-lhe fazer a vida negra para o resto da vida e usar os filhos para uma chantagem contínua. Para seu bem, espero que não tenha. Ainda assim, pese bem os prós e contras, porque a "doença" dela não tem cura - já nasceu assim (ou assim se tornou um dia). Não há mesmo NADA a fazer. NADA!

Se aceita um conselho de quem já tem experiência nisto, livre-se dela, FUJA dessa relação e trate da sua vida. Não insista nem espere que ela altere o comportamento, não espere pelo IMPOSSÍVEL! SAIA DESSA! Ela é, e sempre será, uma psicopata e com todas as características de psicopata. Não acredite em milagres, porque nunca os terá.

Boa sorte

Anónimo disse...


Desconheço este assunto nem nunca ouvi falar, mas sei que as situações referidas aqui são, na sua grande maioria, muito idênticas àquelas que tenho em casa. Sou viúvo e tenho desde há mais de cinco anos um segundo relacionamento com uma mulher alguns anos mais nova. De início tudo era espantosamente maravilhoso, ela comportava-se como verdadeiramente apaixonada. Mas o tempo foi rodando e ela começou a ficar diferente. Quase de repente e sem haver motivo, a partir duma certa altura ela fica completamente diferente, como se fosse uma outra pessoa que eu já não reconhecia, sem qualquer traço comum entre as duas.
Quando de início havia uma perfeita harmonia entre nós ao ponto de ela referir por diversas vezes que éramos feitos um para o outro, neste momento já não existe qualquer ponto em comum. Ela forja e provoca discussões azedas que dantes nunca fazia, o que até me leva a pensar nas mais diversas teorias. Tento não dar muita importância ao que ela diz, na esperança de que melhores dias virão, mas começo a ficar farto desta relação e dou comigo a pensar noutras soluções. Agora encontro este artigo aqui que se assemelha em tudo ao meu caso e fiquei a pensar que talvez não haja mesmo esperança. Fico mesmo estupefacto como é possível haver pessoas assim.

Cumprimentos e obrigado pela divulgação.

Milan Kem-Dera disse...

Amigo "Anónimo"

Pelo que diz no seu comentário, e da minha própria experiência de vida, a sua relação já deu o que tinha a dar. Nunca mais voltará ao que foi um dia, escusa de ter essa esperança. Ela já só o quer ver pelas costas, e o melhor que tem a fazer é SAIR DESSA JÁ, antes que seja tarde demais. Quando se encontra alguém assim, o melhor é mandá-la dar uma curva e tratar da sua vida.
Se não há filhos ou património comum, começe já a tratar de orientar a sua vida noutro sentido. E mesmo que haja, tente avançar porque isso já não é vida para ninguém, e não se convença que ela dalguma vez voltará atrás.

Basta ler com atenção o que aqui está escrito nesta entrevista com o psicólogo, e também o que já aqui foi dito em comentários anteriores, para saber que essa relação é COMPLETAMENTE FALSA, baseada na sua entrega a uma mulher possivelmente PSICOPATA, incapaz de sentir verdadeiramente o que quer que seja por alguém, a não ser por si própria. Tudo nela é MENTIRA e FALSIDADE, para além de CRUELDADE PURA E DURA, de início muito bem DISFARSADAS, muito bem embrulhadas em papel celofane colorido, para tornar a "embalagem" apetecível, sempre pronta a SEDUZIR para logo a seguir DEITAR FORA, como se os outros fossem lixo descartável.

Fico eu a saber também que há mais gente assim do que eu próprio pensava!

Analise bem o seu caso e decida o que for melhor para si próprio, sem mais contar com ela. Nem tente perceber porque ela é assim. Talvez nem ela se aperceba de que é assim ou porque assim se comporta. Só poderá tentar confirmar isso através dos seus (dela) amigos(as) de infância ou de juventude.

Bom sucesso.


Milan Kem-Dera disse...

No início duma relação tudo é novidade e entusiasmo – isso é normal. Este estado de graça poderá prolongar-se por vários meses ou por vários anos, dependendo das pessoas envolvidas na relação (elas próprias) ou dependendo de factores externos, amizades ou inimizades de um e outro lado, familiares dum e doutro lado, questões de gostos dum e doutro, reacções dum e doutro a vários temas, desde o sexo até aos hobbies.

Muitos são os factores que podem afectar uma relação a dois, mas tudo isto é normal que vá surgindo ao longo do tempo, quer pelo ajuste dos feitios de um e outro em convivência diária, onde um e outro terão de ceder aqui ou ali sempre numa tentativa de não desestabilizar a relação, quer tentando manter através do respeito mútuo aquele equilíbrio de forças emocionais que uma relação sempre comporta. Tudo isto é absolutamente normal que aconteça entre pessoas EQUILIBRADAS.

Coisa completamente diversa é quando um dos parceiros NÃO É ESTÁVEL PSICOLOGICAMENTE e a partir de um dado momento, regra geral sem qualquer motivo aparente, decide de modo unilateral e inesperado romper com todos os procedimentos que – (parecia) – ser o seu modo de ver e estar na vida em conjunto. Se tudo isto fizer parte duma alteração primária (ou seja, a primeira vez que tal acontece), tanto poderemos estar perante um caso de forte desajuste conjugal (talvez pela intromissão de uma terceira pessoa na relação), como de um caso muito mais sério de PSICOPATIA ou mesmo de BI-POLARIDADE, ou ambas.

Para esclarecer em qual destas anormalidades comportamentais devemos apostar, nada como tentar saber o máximo de elementos sobre os seus comportamentos anteriores. Aí sim, junto das suas amizades mais remotas, dos colegas de infância e de juventude, dos casos ocorridos em anteriores relações conjugais ou até mesmo de colegas de profissão, poderemos vir a esclarecer melhor qual é a matriz constante “daquela peça”, e daí tirar as devidas conclusões.

De qualquer forma, se onde antes havia um diálogo cúmplice e intimista, passa a haver vazios e amuos. Se onda antes havia sexo saudável e apetecido por ambos, passa a haver um sexo-frete, ou mesmo ausência dele. Se onde antes havia um constante clima de sedução e de ternura, passa a haver um clima de ódio, desprezo e mal-dizer. Se onde antes havia paz e serenidade, passa a haver uma disposição para o confronto e para a humilhação. Se onde antes haviam palavras doces sussurradas ao ouvidos passam agora a haver palavras azedas, recriminações e culpabilizações, E TUDO ISTO EM CURTO ESPAÇO DE TEMPO, bem poderemos extrair daqui que a hipótese de estar em presença de mais um(uma) PSICOPATA é real, com todos os atributos aqui descritos neste artigo, desde a SEDUÇÃO à CRUELDADE e à DESUMANIDADE. Desde a total AUSÊNCIA DE SENTIMENTOS até à total AUSÊNCIA DE CULPA. Daí até separarem as camas e os quartos e as refeições vai um pequenino passo até à separação ou divórcio. E tudo acaba aqui, vai cada um para seu lado.

A conclusão a tirar de tudo isto e a única solução é a SAÍDA desta relação. Quanto mais rápida melhor. E votar um tal relacionamento ao COMPLETO ESQUECIMENTO PARA SEMPRE. Por muito que custe ao que sai, porque na verdade um relacionamento (que pode ter anos de existência) implica obrigatoriamente um enorme investimento emocional (quando não implica outros investimentos…).

LAMENTAVELMENTE. FORAM MUITOS ANOS PERDIDOS ESTUPIDAMENTE. E O TEMPO É COISA QUE NÃO SE RECUPERA, JAMAIS !

Anónimo disse...

Milan,
Desconhecia este assunto por completo, mas isto assim já explica muita coisa...
Depois de ler e reflectir sobre o seu post e tudo o que aqui escreveu, já consigo encontrar explicação para muita coisa que antes não entendia. Não fosse o mal que tanto fazem e até seriam dignos de pena.
Obrigado. Abraço.

Valentino Rossi disse...


Terapia de casal por vezes faz milagres. Um bom psicólogo e uma terapia adequada podem ajudar.

Milan Kem-Dera disse...


Nem sempre, Valentino.
Terapia de casal, já em casos normais só raramente resulta, muito menos em casos especiais, como são estes (psicopatas) tratados aqui neste texto. Não, estes não são uns simples casos de desajuste conjugal.
Nestes casos não há terapia que lhes valha, já que um dos parceiros, digamos "é defeituoso" por natureza e desde longa data. Nasceu assim (ou assim se tornou um dia), e nada há a fazer - será assim para toda a vida.

Passará uma vida inteira convencida que é normal, que tudo o que faz é normal, que tudo o que diz é verdadeiro e a opinião dos outros não conta para nada. Só ela terá razão e os outros, quando muito, apenas o direito a opinião sem qualquer valor e serão tratados com desdém ou com desprezo.

No fundo, o seu EGO não tem limites, tal como não tem limites a sua DESUMANIDADE, a sua CRUELDADE e o seu DESPREZO pelos outros. A sua cabeça está mergulhada na certeza de ser um ser especial, de se julgar um ser superior pairando acima de tudo e de todos, descendente de extraterrestres que a abençoaram com poderes especiais e únicos. Pela sua cabeça passa a ilusão (para ela tornada realidade) de que pertence a uma classe de seres superiores que estão a chegar para revolucionar o mundo.

Julgar-se-á sempre, e acima de tudo, um ser eminentemente espiritual cuja passagem pelo planeta Terra deixará a sua marca mas infelizmente, pelo caminho, vai deixando apenas as marcas da sua CRUELDADE, da sua MENTIRA e da sua DESUMANIDADE, enfim, do seu total VAZIO DE SENTIMENTOS verdadeiros que unem os humanos entre si.

Não é com gente assim, que se oculta por detrás da cortina do ENCANTAMENTO e da DOÇURA mas que faz da MENTIRA e da MANIPULAÇÃO o seu modo natural de viver a vida, que uma simples terapia conjugal irá resolver, pois não, Valentino?

Gente que se apresenta inicialmente com um ENCANTAMENTO CATIVANTE pouco usual, com ARDILOSOS dotes de TERNURA EXTREMA, de DOÇURA INFINITA e de PAIXÃO ARREBATADA, para logo de seguida praticar actos que NEGAM todos aqueles sentimentos (sentimentos que ao longo da vida "aprenderam inteligentemente" a IMITAR dos outros) jamais algum dia se modificará.

Gente assim, está predestinada a nunca se fixar numa relação verdadeira e séria. Passará a vida sempre por "entre os pingos da chuva", a enganar e a manipular todos os que dela se aproximarem, sem que isso lhes cause qualquer sentimento de CULPA ou de REMORSO. São completamente imunes a tudo, desde que lhes não afectem o seu EGO, caso em que de imediato passam ao ataque e o seu disfarce se desvanece.

Até que um dia alguém a descubra, e mesmo assim isso pouco lhes importa. Mudam então de táctica ou de lugar ou de amigos e continuam tudo como se nada acontecesse, porque essa é a sua própria natureza, não conhecem outra maneira de ser. Apenas por breves instantes (algumas conseguem manter o "boneco" por mais de um ano...), enquanto empenhadas em manipular para conseguirem o que querem - dinheiro, estatuto, por capricho ou desafio, a maior parte das vezes (como se de um jogo se tratasse) partem para a simulação de uma PAIXÃO desmesurada, mas MENTIROSA e FALSA. E quando um dia este "boneco" se esvai, a relação vai com ele. Sem qualquer hipótese de recuperação, sem qualquer terapia que a cure.

SÃO, REALMENTE, PESSOAS ESPECIAIS, OS(AS) PSICOPATAS, MAS NO PIOR SENTIDO DO TERMO! - SÃO PESSOAS A EVITAR, DE TÃO PERIGOSAS E DESPREZÍVEIS!

André Lopes disse...

Milan
Estou admirado com o que leio. Claro que desde há muito tempo que conheço a existência de psicopatas, mas a este nível familiar e com estes contornos e consequências, isso já é uma surpresa para mim.
Com a medicina tão avançada, nomeadamente a Psiquiatria, estas pessoas não terão mesmo qualquer hipótese de cura?

Cumprimentos

Milan Kem-Dera disse...

Duma vez por todas, André Lopes, estas pessoas não têm MESMO qualquer cura. Nasceram assim (ou assim se tornaram) para todo o sempre. Fazem parte dum grupo de “doenças” que não são propriamente doenças – são denominadas DOENÇAS DE COMPORTAMENTO ou TRASTORNOS DE PERSONALIDADE, e não há, de facto, qualquer tratamento psiquiátrico ou medicamentoso. Quando descobertas, só há uma coisa a fazer – FUGIR DELAS quanto antes!

As pessoas com este TRANSTORNO são bastante perigosas (embora pareçam o contrário) e de muito difícil detecção. Os psicopatas conseguem esconder e dissimular tão bem que nem mesmo os psiquiatras mais experientes conseguem identificá-los. Só numa convivência diária e demorada, tal como quando inseridos numa relação conjugal, se consegue que eles se revelem. Possuem características naturais que em tudo se assemelham a pessoas normais, mas SÃO TUDO MENOS NORMAIS – para o psicopata é tudo FINGIMENTO e ENCENAÇÃO, CAPRICHO e DESAFIO.

Os(as) psicopatas têm geralmente uma auto-estima e uma visão de si próprios muito elevadas, um EGO DEMASIADO EXACERBADO. Exibem um encanto especial (o que as torna perigosas), são extremamente sedutores e conquistam facilmente as outras pessoas. Todavia, são INSENSÍVEIS, CÍNICAS e DESPREZAM os sentimentos e direitos alheios. Mentem de forma tão realista que raramente outras pessoas descobrem ou desconfiam. São extremamente MANIPULADORAS, manipulam pessoas, factos e circunstâncias a seu favor e com o ar mais natural. Embora pareçam o contrário, são pessoas FRIAS e PERVERSAS, desprovidas de sentimentos de CULPA, de REMORSO ou de ARREPENDIMENTO.

São inconstantes, detestam a rotina e a monotonia e enjoam facilmente de tudo. Por isso tendem a ser infiéis e os seus relacionamentos íntimos raramente são duradouros (raramente mais de dois anos…). Os psicopatas começam um determinado projecto de uma forma EMPOLGADA e EXCITANTE, contudo não conseguem aguentá-lo porque, subitamente, parecem ter enjoado. Socialmente até podem ser pessoas exemplares, mas no convívio intimo mostram-se totalmente diferentes - são pessoas irritadiças, e podem atacar, por impulso e inesperadamente, num momento de raiva, pessoas, animais ou coisas, apresentando mudanças súbitas de temperamento, semelhantes aos comportamentos “borderline” ou “bipolar”.

Uma vez passada a primeira fase de deslumbramento por alguém, expressam pouco ou nenhum amor, afectividade ou carinho. São pessoas com sorrisos fáceis, amáveis e encantadores quando lhes convém, e absolutamente frias quando julgam necessário. A sua FRIEZA e ausência de CULPA faz com que não se arrependam dos erros que cometem, utilizado a sedução para conseguir o que querem dos outros. Detestam compromissos sérios e duradoiros, completamente insubmissos a qualquer autoridade ou obrigação. A sua capacidade de parecer uma pessoa boazinha, educada e inofensiva é bastante convincente, sendo comum que os outros nunca desconfiem de que se trata de um(a) psicopata.

(continua)

Milan Kem-Dera disse...

(continuação)

Um ponto muito comum entre todos os psicopatas são os traumas sócio-psicológicos sofridos desde a infância, no seio de um ambiente familiar marcado por diversos e extensos conflitos. Todo o psicopata tem um histórico de ambiente familiar conturbado por frequentes discussões e brigas.
Geralmente, o psicopata possui inteligência acima da média, mas é uma pessoa FRIA, RACIONAL, MENTIROSA, não se importa com os sentimentos alheios e é uma pessoa DISSIMULADA na sua intimidade. São pessoas intimamente MEGALOMANÍACAS (acham-se superiores às outras pessoas), são IMPREVISÍVEIS e SEM ESCRÚPULOS, excessivamente EGOÍSTAS e EGOCÊNTRICAS.

Os(as) psicopatas vivem uma vida inteira a ocultar as suas verdadeiras intenções sob uma aparência sedutora ou de amabilidade e cortesia. Mesmo aparentando um comportamento dócil, ternurento e bem intencionado, esta dissimulação esconde uma pessoa FRIA, CALCULISTA e FALSA. São extremamente cínicos e, apesar de fingir com maestria, no seu íntimo não conseguem amar verdadeiramente, não conseguem manter um relacionamento leal e duradouro pela sua total INCAPACIDADE de sentir. Traem facilmente a fidelidade do parceiro, uma vez que não sentem nem empatia nem culpa. Nem isso lhes causa qualquer perturbação, INSENSÍVEIS como são. Não têm qualquer filtro social.

Acima de tudo, os psicopatas são pessoas excessivamente RANCOROSAS e VINGATIVAS. O que para uma pessoa normal é totalmente inadmissível, para um psicopata o que importa, de facto, é apenas o seu objectivo, e não o meio para conseguir o que pretende. Os psicopatas não são capazes de manterem um vínculo afectivo por muito tempo, e muito menos ligarem-se emocionalmente a alguém, apesar de simularem tal condição com toda a perfeição. São pessoas EGOÍSTAS, INSENSÍVEIS, FRIAS e que buscam apenas satisfazer o seu capricho ou prazer, embora possam fingir o contrário.

Psicopatas são pessoas inteligentes e facilmente se disfarçam de ingénuas, santas ou inocentes para conseguirem o que querem. Desde criança aprenderam a "IMITAR" as emoções das outras pessoas (embora não as sintam de verdade) a fim de conseguirem um objectivo. Por isso, as suas emoções são passageiras, porque apenas copiam as emoções mas não as têm. O facto de causarem sofrimento noutra pessoa, para elas é simplesmente "desprezivel". Compaixão, dó, pena e altruísmo são palavras totalmente ausentes da área emocional do psicopata.

Especialmente as mulheres psicopatas possuem grande habilidade na SEDUÇÃO, utilizando-se da exposição corporal e verbal, movimentos sensuais e contacto físico. FINGEM ESTAR APAIXONADAS, para que as suas vítimas não percebam as suas verdadeiras intenções. Em contraste com as pessoas normais, são pessoas APAIXONANTES e ENCANTADORAS. Conquistam e seduzem facilmente as pessoas pelas quais têm interesse, de tal modo que raramente os outros desconfiam que se estão relacionando com uma psicopata, pois conseguem camuflar-se com perfeição sob uma aparência "ANGELICAL", mas completamente ENGANADORA e FALSA.

Quando os(as) psicopatas demonstram afecto por alguém, ou é pura dissimulação ou um grande sentimento de posse, o que faz, frequentemente, os outros acreditarem que estão apaixonados, quando, na verdade, não sentem nada mais do que “posse” pela pessoa. Por isso mesmo, é rápida a passagem deste estado FALSA PAIXÃO ao estado de DESPREZO PROFUNDO pela mesma pessoa. O mundo é visto por eles como gravitando em redor do seu próprio umbigo (EGOCENTRISMO EXACERBADO).

Nos psicopatas, o REMORSO, CULPA e COMPAIXÃO - que são essenciais nas relações entre os humanos - estão totalmente AUSENTES, assim como os sentimentos de AMOR, TERNURA, PENA e SOLIDARIEDADE.

Anónimo disse...

Milan, leia este outro artigo,

“Como identificar uma relação tóxica (e aprender a viver sem ela)”
Por Rita Silva Avelar, 09:08

Quando a relação é pautada por imprevisibilidade, com oscilações de comportamento e interação súbitas, os especialistas chamam-lhes relações tóxicas. São relacionamentos, amorosos ou não, que trazem negativismo à vida do outro e que a poluem de forma perturbante. Para Filipa Jardim da Silva, psicóloga, uma relação tóxica é "uma relação disfuncional e destrutiva, em que não existe o respeito necessário pela individualidade do outro, predominando a crítica, o julgamento, o ciúme e o poder. Se uma relação saudável tende a gerar potenciação mútua e constitui uma interação segura, onde o amor e o companheirismo predominam, uma relação tóxica cria precisamente o oposto", descreve a especialista. Por outras palavras, em vez de nos sentirmos mais felizes, enérgicos e confiantes "vamos sentindo-nos progressivamente mais tensos, inseguros, com uma autoestima mais frágil numa relação tóxica".

E se a definição de psicopata não estivesse assim tão longe de alguns comportamentos associados a estas relações?

A verdade é que, à partida, quem começa um novo relacionamento não considera a possibilidade da pessoa que acabou de conhecer ter um distúrbio de personalidade, mesmo que lhe vislumbre alguns comportamentos inadequados e até mesmo agressivos. Para muitos de nós, pode ser difícil determinar se o nosso parceiro é saudável ou se os seus padrões de comportamento são indicativos de um problema maior. Para Filipa, há sinais a que devemos prestar mais atenção do que outros. "Uma relação tóxica constitui uma fonte de intranquilidade, de tensão, de medo. As dinâmicas pautam-se por uma assimetria de poder, por uma forte dependência emocional, por desrespeito psicológico e/ou físico e/ou por manipulação. É importante que todos estes alertas não sejam ignorados, de forma a não normalizarmos algo que não é saudável. Nunca será suposto sentirmo-nos inferiores e desrespeitados numa relação e, por mais ambivalência que possa existir na tomada de consciência e de decisão, é crítico que mantenhamos uma rede de suporte com familiares e amigos que nos possam apoiar num momento mais desafiante."

Segundo um artigo do Psychology Today, há vários alertas verbais e comportamentais aos quais devemos estar atentos. Frases (ou agir) como "sou superior a ti" são comuns em pessoas que estão associadas a distúrbios de personalidade, sendo que a missão principal é fazer o outro sentir-se inferior ao dizer-lhe constantemente que não é boa, ou bom, o suficiente. Para Filipa, a importância verbal num relacionamento é inegável no processo de identificação de comportamentos tóxicos. "Todas as frases que possam denotar desrespeito pela individualidade e liberdade da outra pessoa, num registo passivo-agressivo, são alertas que em menor ou maior escala deverão ser reconhecidos. Por isso, conclui: "De uma forma transversal, uma relação a dois deve ser uma fonte de segurança, amor, companheirismo. Com todos os desafios inerentes e diferenças a gerir, a sensação de aceitação incondicional e bem-estar predominam."

Milan Kem-Dera disse...

Este texto, que eu já conhecia, enquadra-se perfeitamente em tudo aquilo que tenho dito ou escrito aqui, sobre a capacidade altamente destrutiva dos(das) psicopatas nas relações conjugais ou de simples amizade .

E não há muito que se possa fazer, já que os(as) psicopatas não apresentam evidentes sinais exteriores de qualquer distúrbio de personalidade, conseguindo até "iludir" tão bem que, desde todo o início de qualquer relação, se mostram extremamente sedutores(as) e completamente apaixonados(as). Toda a gente cai na "armadilha" bem preparada do(da) psicopata. Até que um dia... em regra não mais que dois anos de convivência diária, a máscara do(da) psicopata cai, e fica, finalmente, evidente a "má rês" que ali está. Fica à mostra toda sua estrutura psicologicamente perturbada, INSENSÍVEL, FRIA, CRUEL e FALSA. MAQUIAVÉLICA mesmo.

E não se pense que se trata de pessoas inimputáveis, que o não são. São inteligentes, lúcidas e estão perfeitamente conscientes de todo o mal que estão causando à pessoa por quem pouco tempo antes afirmavam estar apaixonadas, mas seguem em frente sem olhar a meios para atingir o seu objectivo, sem qualquer "filtro social" que as impeça.

Infelizmente, para o cônjuge de tão má sorte já será tarde demais! Para sair daquele "buraco negro", já só com muito sofrimento e dor, que, no limite, pode até levar à depressão profunda e até mesmo ao suicídio. São casos muitíssimo complicados. Mais frequentes do que se possa pensar.