domingo, 26 de fevereiro de 2012

Variações sobre uma aberração chamada de "Acordo Ortográfico"

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O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa


Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam.   Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito.   Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.  É um fato que não se pronunciam.   Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se?   O que estão lá a fazer?   Aliás, o qe estão lá a fazer?   Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?   Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome.   Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.   Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.   Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar.   Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.
Simples não é?   se o som é “s”, escreve-se sempre com s.   Se o som é “z” escreve-se sempre com “z”.

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”.   Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras.   Nada de “k”.

Não pensem qe me esqesi do som “ch”.   O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”.   Alguém dix “csix” para dezinar o “x”?   Ninguém, pois não?   O “x” xama-se “xis”.   Poix é iso mexmo qe fiqa.

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex.   Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex.   O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural.

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j”.   Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”.   Para qê qomplicar?!?   Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”.   Serto?   Maix uma letra muda qe eliminamox.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem!   Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex?   Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox.   Ox asentox só qompliqam!   Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox.   A qextão a qoloqar é:   á alternativa?   Se não ouver alternativa, pasiênsia.   É o qazo da letra “a”.   Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado.   Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax.   Vejamox o “o”:   umax vezex lê-se “ó”, outrax vezex lê-se “u” e outrax, ainda, lê-se “ô”.   Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso!   Para qe é qe temux o “u”?   Para u uzar, não?   Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil!   Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza:   quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”.   U mexmu para u som “ê”.   Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i”.   I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”.   Sempre.   Simplex i sem qompliqasõex.

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza:   eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” –  ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx”.   Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?
(Maria Clara Assunçãoaqui;  sugerido por José Martins)
(clique na figura para ler e assinar a ILC - Iniciativa Legislativa de Cidadãos)

«O AO90 está em vigor?   Onde?»
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11 comentários:

voz a 0 db disse...

Não xei, Não xei... De qualquer forma penso que a evolução mais natural é adoptarmos a nossa língua genética da qual a seguir deixo um peqeno poema!

"Muuu muu muuuuu
MuUuuu Mu
Muu Muu muuuuu
MUUU muuUUU Mu"

Isto, para quem não foi capaz de entender, é a linguagem escrita do futuro e que representa a oralidade do presente... Alguns dos filhos que irão nascer saberão escrevê-la na perfeição... Tudo depende das mães que irão ter!

kakauzinha disse...

Está fantástico, uma "perfaisaum"!

Mas... e a solução?! Começamos todos à estalada? Atiramos tomates à AR e ao PR? Faz-se uma greve geral no ensino? É só dizer o dia, local e hora que eu alinho.

Milan Kem-Dera disse...

Kakauzinha

Antes de chegar à estalada, podemos começar por assinar aquela ILC contra o Acordo. Pelo menos ainda temos na nossa mão esse instrumento legal. Assim queiramos ter o trabalho de passar daqui para o papel e enviarmos para o local assinalado, onde estão a recolher as assinaturas.

Vá lá, chuta daí mais uma assinatura contra estes cabrões do lobby que tal merda pariram!

Milan Kem-Dera disse...

Kakauzinha

E não te esqueças de mandar uma cópia para todas as Gildas aí em baixo. Em baixo e em cima... olha para todas as Gildas que conheceres em todo o país!
:*)))

Anónimo disse...

Muitos gozam com esta realidade mas no fundo, no fundo, no fundo ...

Vejam pelo lado mais maduro da questão;


www.avkd.blogtok.com

Anónimo disse...

O que me irrita nos anti-acordo-ortográfico é que estão a defender o miserável acordo de 1911, feito à revelia dos brasileiros e para nos aproximarmos da ortografia espanhola. É por isso que portuguez passou a ser português, mais parecido com o castelhano portugués!.
Por mim, ou vamos pelo acordo ou voltamos à grafia do século XIX! Phoda-se sejamos coerentes!

Karocha disse...

Também recebi via mail Milan!
O acordo é uma vergonha.

Artur Costa disse...

Com acordo ou sem acordo, é "aberração" que se escreve. A menos que me tenha escapado alguma coisa na evolução da língua escrita.

Milan Kem-Dera disse...

Simples resultado da "fúria" contra a queda das consoantes mudas!

Artur Costa disse...

Excelente fair play.
Dá gosto ler blogues assim arejados e descomplexados, mesmo que eu não esteja de acordo com a posição algo radical face ao Acordo Ortográfico.
Parabéns!
AC

Milan Kem-Dera disse...

Apenas um hábito muito antigo que remonta aos tempos da escola primária: - "dar a mão à palmatória"!
Obrigado. Volte sempre.
Milan