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Cavaco não consegue viver com 10 mil euros por mês.
Há limites para a indecência
As crises servem para muitas coisas, até para descobrir as pessoas, o seu carácter e a forma como estão na vida. A natureza humana revela-se sempre nestas alturas, no pior e no melhor. Não há disfarces, maquilhagens, palhaçadas que resistam aos maus momentos, às horas do tudo ou nada ou mesmo de vida ou de morte. Um comandante medíocre, cobarde, nunca é o último a abandonar o navio. Um homem do mar a sério sabe que a sua missão é salvar os outros na hora da tragédia e nunca foge da sua ponte, do seu navio. Fica até ao fim, com orquestra ou sem ela. Portugal está a afundar-se. Por erros e crimes praticados por muitos políticos e pelas suas políticas erradas e nada transparentes. E por opções ideológicas ultrapassadas baseadas num Estado obeso, no investimento público e na presença fortíssima do Estado nos negócios e na economia. E por empresários que só sobrevivem num mercado condicionado, sem concorrência a sério, encostados ao Estado e aos políticos do poder. E também por sindicatos caducos, correias de transmissão dos partidos, sem ideias e incapazes de se adaptar às novas realidades e às exigências de uma economia aberta e global. A economia está e estará em recessão, centenas de milhares de portugueses estão sem trabalho e metade dos desempregados não recebem qualquer subsídio do Estado. A fome é uma realidade para muitas famílias e já nem as câmaras nem as instituições de solidariedade social têm meios suficientes para ajudar quem caiu, de um momento para o outro, na miséria. Muitos cidadãos sem trabalho, qualificados ou sem formação, optam pela emigração para África, o Brasil, a Europa ou mesmo para o golfo Pérsico. Os salários de quem ainda trabalha estão a ser cortados, os horários aumentam e muitas famílias, mesmo com empregos, têm dificuldades em honrar os seus compromissos mensais.
Pois bem. É por isso que as pessoas se revoltam legitimamente quando ouvem falar em salários de 45 mil euros por mês na EDP. É por isso que as pessoas não compreendem que os sacrifícios nunca atinjam a sério os mais privilegiados. E é por isso também que não se pode aceitar que o Presidente da República diga aos portugueses que não consegue viver com 10 mil euros por mês. As afirmações de Cavaco Silva são um insulto a milhões de portugueses. As queixas do chefe do Estado são indignas do cargo que ocupa e devem merecer o repúdio de quem tem um pingo de vergonha na cara e conhece a forma como muitas famílias estão a lutar pela sobrevivência com pensões miseráveis e salários do terceiro mundo. O Presidente da República tem repetido vezes sem fim que há limites para os sacrifícios. Mas também é verdade que há limites para a indecência. E neste mês de Janeiro de 2012, um dos piores anos na história do Portugal democrático, importa lembrar a Cavaco Silva que as suas palavras deixaram de ter qualquer significado e que as suas funções, para as quais foi legitimamente eleito por sufrágio directo e universal dos cidadãos, estão gravemente prejudicadas, mesmo feridas de morte, a partir de hoje. Obviamente, senhor Presidente da República.
Pois bem. É por isso que as pessoas se revoltam legitimamente quando ouvem falar em salários de 45 mil euros por mês na EDP. É por isso que as pessoas não compreendem que os sacrifícios nunca atinjam a sério os mais privilegiados. E é por isso também que não se pode aceitar que o Presidente da República diga aos portugueses que não consegue viver com 10 mil euros por mês. As afirmações de Cavaco Silva são um insulto a milhões de portugueses. As queixas do chefe do Estado são indignas do cargo que ocupa e devem merecer o repúdio de quem tem um pingo de vergonha na cara e conhece a forma como muitas famílias estão a lutar pela sobrevivência com pensões miseráveis e salários do terceiro mundo. O Presidente da República tem repetido vezes sem fim que há limites para os sacrifícios. Mas também é verdade que há limites para a indecência. E neste mês de Janeiro de 2012, um dos piores anos na história do Portugal democrático, importa lembrar a Cavaco Silva que as suas palavras deixaram de ter qualquer significado e que as suas funções, para as quais foi legitimamente eleito por sufrágio directo e universal dos cidadãos, estão gravemente prejudicadas, mesmo feridas de morte, a partir de hoje. Obviamente, senhor Presidente da República.
(António Ribeiro Ferreira, IonLine em 21 Jan 2012)
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4 comentários:
Se esse senhor nao pode subreviver com o que ganha,que se ponha no lugar dos que ganham 350€.Nós nao somos obrigados a pagar para a familia dele comer á pála,vao trabalhar malandros,paguem as contribuiçoes como nós,paguem tudo com o esforço do trabalho como os outros.
Se este gajo fosse pró c... fazia-nos um favor. Melhor ainda seria se fosse com o salário mínimo para aprender como é a vida real, ele toda a cambada de políticos inúteis empoleirados nos galhos, cheios de mordomias e só a cagarem lérias. Com tanta gente podre na política, e não só, andar para a frente seria milagre. Também a verdade é que o mundo está todo podre, devem estar a pensar como os faraós e que levam os bens prá tumba. Gente mais triste!
Ora aí está muito bem explicado pelas palavras do Presidente (de alguns), o nível de mordomias e abundância a que está toda a corja politica habituada. É claro que estão completamente distantes da realidade e estão-se a c...r para as necessidades do povo, porque não vêm mais que o proprio umbigo!!
Acorda povo embrutecido. É necesário pôr fim a esta bandidagem e roubalheira descarada perpretada pela corja que diz que nos governa, mas sómente sabe morder na mão que os alimenta.
Aqui está bem esplícito o nível a que estão habitudaos, pelas palavras do pacóvio que foi um dos causadores da desgraça nacional.
Mas pelo motivo de o povo Português ter enraizadas tendências masoquistas, então temos que assumir que está tudo bem assim e que o dito indivíduo até tem razão!!
Será melhor criar uma conta solidária para recaudar depósitos de caridade para ajudar o dito Sr., num qualquer banco manipulado pelos corruptos do sistema. Assim poderá calar a boca fedorenta e acabar de vez com a dor de cotovelo que demonstrou. Pois os ex compadres continuam envolvidos no regabofe da roubalheira nacional, e o posto que agora ocupa não lhe permite sabujar da mesma maneira na manjedoura que o povo se encarrega de encher.
O país chegou ao nivel máximo de ridículo.
Um claro exemplo de nulidade politica que nunca comenta ou responde.
Só que desta vez só vomitou palavras de merda!
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