quinta-feira, 11 de abril de 2013

Juncker reforça o risco de se assistir a uma revolta social se a austeridade não abrandar!

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O primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, afirmou que é necessário reduzir a consolidação orçamental nos países em crise.

Jean-Claude Juncker quer acalmar o ritmo de consolidação orçamental que está a ser imposto nos países do euro em dificuldades, nomeadamente a Grécia.    “As pessoas na Grécia já não aguentam mais o actual ritmo de consolidação”, afirmou o primeiro-ministro do Luxemburgo que é também o anterior líder do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da Zona Euro).
 
O primeiro-ministro Juncker assegura que “o governo luxemburguês está comprometido a abrandar o ritmo de consolidação nos países em crise”.    “Se tal não acontecer, haverá uma explosão social”, alerta Juncker, num evento hoje realizado no Luxemburgo e citado pela agência Bloomberg.    Esta não é a primeira vez que o político fala sobre este risco.    Em Março, já dizia que não excluía “o risco de se assistir a uma revolta social”.
 
Quem pensa que a questão da guerra e da paz já não se coloca pode estar rotundamente enganado”, afirmou o primeiro-ministro luxemburguês quando deu, no mês passado, uma entrevista ao semanário alemão "Der Spiegel". Juncker falava nas campanhas eleitorais que decorreram na Grécia e em Itália como os momentos onde surgiram esses receios.
 
A ideia de que é necessário abrandar o ritmo de consolidação orçamental não é nova mas também não é consensual.    As autoridades europeias acreditam que é preciso impor um calendário de aposta no crescimento mas defendem que é preciso reduzir o nível de endividamento - o que, dizem, se consegue com medidas do âmbito orçamental mais austeras.    Juncker diz que o ritmo com que tais medidas têm de ser implementadas é que deve ser menos intenso.
 
Esta semana, vozes como George Soros e Paul Krugman vieram criticar, mais uma vez, a austeridade no continente europeu.
 
(Por Diogo CavaleiroNegóciosOnline, 10/Abr/2013) (Imagem e sublinhados deste blogue)


(Actualização 1):
Não só Jean-Claude Juncker mas também Christine Lagarde teme tensões sociais nos países em ajustamento.    A directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou hoje para um aumento das tensões sociais nos países em que os processos de ajustamento sejam percepcionados como “injustos” e afirmou que a crise provocou uma economia global a “três velocidades”.
 
 “A questão não é o processo de ajustamento em si, porque as pessoas entendem que não podem viver acima das suas possibilidades de forma indefinida, mas porque sentem o peso das injustiças do processo de ajustamento”, afirmou a directora do FMI, Chistine Lagarde, durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque.

Lagarde recordou que o desemprego continua a ser uma das grandes tarefas pendentes, e afirmou que é preciso não só compartilhar a dor dos processos de ajustamento, mas também os benefícios do crescimento.
Não há uma solução mágica, mas o mais urgente é proteger os mais afectados pela crise, para que o ajustamento seja o mais justo possível”, afirmou a directora do FMI, que defendeu ainda a protecção dos serviços sociais básicos e o combate à evasão fiscal.


(Actualização 2):
E também, além de Juncker e de Lagarde,  vem agora Ashoka Modyex-responsável do FMI,  assumir que a aposta na austeridade não resultou.


Numa altura em que o ministro das Finanças diz que quer seguir o mais perto possível o exemplo irlandês, este responsável do FMI que participou na elaboração do programa de ajustamento da Irlanda assume que a aposta na austeridade não resultou.

Trata-se quase de um "mea culpa".    O chefe da missão do FMI na equipa da 'troika' que se ocupou do caso da Irlanda disse agora que a receita seguida estava errada e não funciona.

Ashoka Mody, que já deixou o FMI, referiu que, quando a crise surgiu, havia três soluções possíveis mas a opção recaiu na austeridade.    Algo que não foi razoável nem produtivo.
Ouvido esta manhã pela televisão pública, o antigo chefe do FMI explicou que confiar apenas na austeridade foi um erro porque os riscos de incucesso eram muitos e, por isso, a Irlanda e Portugal estão a pagar uma fatura pesada.

O responsável sublinhou que a solução passa agora por dar mais tempo aos dois países para pagarem as dividas;    caso contrário, a alternativa é um sofrimento sem fim por parte das populações, uma cultura de dependência nacional e um enorme travão à consolidação da economia europeia.

Quanto ao que aconteceu e ao programa que ajudou a criar, Ashoka Mody assumiu as responsabilidades mas realçou que não está sozinho.    A 'troika' previu para 2012 um crescimento da economia irlandesa na ordem de 1,9%, mas ficou-se pelos 0,9%.    A previsão para este ano, estabelecida em 2,2, foi revista em baixa para 1%.
 
 

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