quarta-feira, 19 de junho de 2013

Hubiera preferido… hubiera...



Hubiera preferido no haber viajado a aquella ciudad para no conocerte.
 
Hubiera preferido no oler tu perfume, aquel del que me enamoré.
 
Hubiera preferido ser sordo para no oír tu dulce voz cuando me dijiste tu primer "te quiero".
 
Hubiera preferido vivir solo a compartir mi vida contigo, como hice.
 
Hubiera preferido ser ciego y así no poder admirar la belleza de tu rostro y de tu cuerpo.
 
Hubiera preferido una puñalada a tu crueldade sin limite.
 
Hubiera preferido morir a verte, mujer, huir de mis brazos.

Hubiera preferido no haberte visto nunca 
para no darte el placer de romper mi corazón en mil pedazos.

(Raquel Lama, adapt.)



Je suis malade
(Lara Fabian)

Je ne rêve plus je ne fume plus
Je n'ai même plus d'histoire
Je suis laid sans toi je suis sale sans toi
Je suis comme un orphelin dans un dortoir

Je n'ai plus envie de vivre ma vie
Ma vie cesse quand tu pars
Je n'ai plus de vie et même mon lit
Se transforme en quai de gare
Quand tu t'en vas

Je suis malade complètement malade
Comme quand ma mère sortait le soir
Et qu'elle me laissait seul avec mon désespoir

Je suis malade parfaitement malade
T'arrives on ne sait jamais quand
Tu repars on ne sait jamais où
Et ça va faire bientôt deux ans
Que tu t'en fous

Comme à un rocher comme à un péché
Je suis accroché à toi
Je suis fatigué je suis épuisé
De faire semblant d'être heureux quand ils sont là

Je bois toutes les nuits mais tous les whiskies
Pour moi ont le même goût
Et tous les bateaux portent ton drapeau
Je ne sais plus où aller tu es partout

Je suis malade complètement malade
Je verse mon sang dans ton corps
Et je suis comme un oiseau mort quand toi tu dors

Je suis malade parfaitement malade
Tu m'as privé de tous mes chants
Tu m'as vidé de tous mes mots
Pourtant moi j'avais du talent avant ta peau

Cet amour me tue, si ça continue
Je crèverai seul avec moi
Près de ma radio comme un gosse idiot
Écoutant ma propre voix qui chantera :

Je suis malade complètement malade
Comme quand ma mère sortait le soir
Et qu'elle me laissait seul avec mon désespoir

Je suis malade c'est ça je suis malade
Tu m'as privé de tous mes chants
Tu m'as vidé de tous mes mots
Et j'ai le cœur complètement malade
Cerné de barricades t'entends je suis malade

(Serge Lama)

terça-feira, 18 de junho de 2013

O esfrangalhar de uma democracia, ou... o "nazismo" de um governo sem legitimidade!!!




 
 
"É indecente o que se está a fazer aos funcionários públicos e aos professores"


O que está em causa para o Governo na greve dos professores é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos, sem direitos nem justificações, a aplicar a esses trabalhadores.    É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas famílias.

Há mesmo em curso uma tentação de cópia do thatcherismo, à portuguesa, numa altura em que uma parte do Governo pende para uma espécie de gotterdammerung revanchista e vingativo, de que as medidas ilegais como a recusa do pagamento do subsídio de férias pela lei em vigor são um exemplo.    Não é porque não tenha dinheiro, é porque quer mostrar que é o Governo que decide as regras do jogo e não os tribunais e as leis. Qualquer consideração pelas pessoas envolvidas, não conta.

O Governo sabe que a sua legitimidade é contestada sem hesitações por muita gente, e pretende ultrapassar com um exercício de autoridade essa enorme fragilidade.    Por isso, a greve dos professores é muito mais relevante do que o seu significado como conflito profissional, e é também por isso que o Governo, aproveitando o deslaçamento que tem acentuado na sociedade com o seu discurso de divisão, usa pais e alunos para a combater.     Não é líquido que não possa ter resultados, até porque os sindicatos não têm conseguido ter um discurso límpido e claro, e os professores que se mobilizaram quase a 100% contra Maria de Lurdes Rodrigues, por causa da avaliação, estão hoje muito mais encostados à parede e enfraquecidos.

O medo dos despedimentos é muito perturbador no actual contexto de crise social, em que quem perde o trabalho nunca mais o vai recuperar.     Por isso, a greve dos professores, como a greve dos funcionários públicos, é pelo emprego, em primeiro lugar, em segundo lugar e em último lugar.    É também contra a imposição unilateral de condições de trabalho e horários no limite do aceitável.    Mas o emprego é hoje o bem mais precioso e mais ameaçado.    Aliás, o aumento do horário de trabalho é também uma medida para facilitar o desemprego.

Os sindicatos são um instrumento vital de resistência social em tempos como os de hoje, e é ridículo e masoquista ver alguns professores a "esnobarem" dos sindicatos quando mais precisam deles.    No entanto, isto não pode fazer esconder que os sindicatos estão longe de estarem à altura do momento que o mundo laboral está a atravessar.    É aliás aqui que os efeitos mais perniciosos da dependência partidária do movimento sindical português mais se manifesta, quer para a CGTP, quer para a UGT.

Num momento em que existe uma ofensiva em primeiro lugar contra os funcionários públicos e, depois, contra qualquer forma de resistência organizada dos trabalhadores, ou seja, também contra os sindicatos e os direitos laborais, substituir uma acção próxima dos mais atingidos por uma tentativa de lhe dar cobertura com slogans políticos é um erro que se paga caro.

Não adianta virem usar slogans, como seja a "defesa da escola pública", apresentando-os como a principal razão de luta dos professores.    Em casa em que não há pão, ninguém se mobiliza por abstracções, mobiliza-se pelo pão.    É verdade que o Governo é contra a "escola pública", mas o seu objectivo fundamental nestes dias é despedir funcionários públicos, incluindo os professores, para garantir os cortes permanentes da despesa pública a que se comprometeu, em grande parte porque, ao ter deprimido a economia no limite do aceitável, não tem outro modo de controlar o défice.    Se o escolhe fazer nos mais fracos e dependentes da sua vontade, como sejam os funcionários públicos, é relevante, mas até por isso é a balança de poder que está em causa nas próximas greves.

A utilização de uma linguagem estereotipada pode ser muito confortável do ponto de vista ideológico, mas funciona como entrave quer à mobilização profissional, quer à mais que necessária mobilização da sociedade.    Não é pela "defesa da escola pública", nem por qualquer objectivo assim definido programaticamente, que a greve pode ter sucesso, em particular face à ofensiva governamental que conta com muito mais apoio na comunicação social do que se pensa.    É pela condição do trabalho, pelo emprego, que, no actual contexto, são muito menos egoístas do que podem parecer.    É, aliás, também nesse terreno que os funcionários públicos e os professores podem e devem "falar" com todos os outros trabalhadores do sector privado, porque aí os seus objectivos são comuns.

O que parece que os sindicatos têm vergonha de enunciar é o seu papel de defesa de um grupo profissional, como se os objectivos laborais não fossem objectivos nobres de per si, ainda mais na actual tentativa de criar uma sociedade "empreendedora", assente na força de poucos contra o valor e a dignidade do trabalho de muitos.    A incapacidade que tem a esquerda de enunciar objectivos firmes no âmbito destes valores, substituindo-os por uma retórica abstracta, acaba por resultar numa falsa politização que se torna num instrumento espelhar do mesmo discurso de divisão que o Governo faz.    Ainda estou à espera que alguém me explique por que razão não se diz, preto no branco, sem bullshit, que a greve é justificada pela simples motivo que nenhum grupo profissional numa sociedade democrática, seja empregado de uma empresa, ou do Estado, pode aceitar que se lhe torne o despedimento trivial, por decisões que são de proximidade (os chefes imediatos), e que não têm que ser justificadas a não ser por uma retórica vaga de "reestruturação", um outro nome para cortes cegos e pela linha da fraqueza dos "cortados".

E também não se diz, sem bullshit, que não é fácil manter a calma e a civilidade quando se tem que defrontar do lado das negociações pessoas que mentem quanto for preciso, e que estão apenas a ver se meia dúzia de mentiras ou ambiguidades servem para passar a tempestade e voltar à acalmia que precisam para fazerem tudo aquilo que hoje dizem que não vão fazer.    Os mesmos que, nos últimos dois anos, tudo prometeram e nada cumpriram e que ainda há poucos meses juravam em público que nada disto iria acontecer.    Ou seja, gente não fiável, de quem se pode esperar tudo e cujo discurso nas suas ambiguidades deliberadas está a ser feito para que tudo seja possível.    Em Agosto ou em Setembro, passada a vaga de conflitualidade social, vão ver como milhares de pessoas vão para a "requalificação", como o aumento dos horários de trabalho vai servir para tornar excedentária muita gente e como, sejam professores ou contínuos, todos vão estar no mesmo barco do olho da rua.

Eu continuo a achar que a decência mobiliza muito mais do que a "escola pública" e que tem a enorme vantagem de toda a gente perceber quase de imediato o que é.    E tem ainda a vantagem de ser fácil explicar, e de ser fácil de compreender por toda a gente, que é indecente o que se está a fazer aos funcionários públicos e aos professores.    E assim socializar o mesmo tipo de revolta que muitos dos actuais alvos do Governo sentem, porque ela não é diferente da que tem muitos milhões de portugueses.    Digo bem, milhões.    Não é coisa de somenos.

(Texto de Pacheco Pereira, no ABRUPTO)

 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Quando a corda rebenta, acaba-se o medo e a paciência!






Quem tem medo dos professores?...


Pelos vistos, todos. 

Quando a classe se une;   quando a inércia se sacode;   quando a doentia tendência que os professores têm para cumprirem tudo, aceitarem tudo sem um queixume, se transforma na revolta de quem já não aguenta mais;   quando os professores tomam consciência do poder que detêm e o exercem, o país treme.

Tremem os políticos ao verem escapar-se-lhes debaixo das garras dominadoras a classe que (justificadamente, diga-se..)  acreditavam mais submissa, a mais sensível à chantagem emocional.   Os direitos dos jovens, pois claro! 
Tremem os pais ao verem ameaçados... basicamente, os seus organizadinhos planos de férias, pois que outra coisa?

Hipócritas, uns e outros.

Não os comovem as crianças com fome, a única refeição diária retirada das escolas, a ASAE que há anos se pôs a medir batatas e encerrou ou inviabilizou as boas cantinas escolares, agora reféns da normalizada fast food de empresas duvidosas. 
Não os comovem as escolas fechadas, as crianças deslocadas, as escolas-fábrica em que cada aluno não é sequer um número, o interior do país desertificado, as longas viagens de e para casa, o tempo com a família, inexistente. 
Não os comovem os livros deitados fora, que deixaram de servir porque sim:   o novo programa de matemática para quê se o outro dava mostras de funcionar, o (des)acordo ortográfico para benefício de quem... 
Não os comovem os professores massacrados que lhes aturam os filhos todo o dia:    «Já não sei o que fazer dele, dela.., em casa é a mesma coisa.. ».
Não os comovem os alunos que querem aprender e não podem, a indisciplina na sala de aula e os professores esgotados, deprimidos, muitas vezes doentes, os professores que desabam a chorar no meio da aula, a tensão, as pulsações que disparam...  e como é que se pode ensinar assim?
 
Não os comovem os professores hostilizados publicamente por ministras, escritores, comentadores, opinadores - e já lá vão anos de enxovalhamento! 
Não os comovem as políticas aberrantes do ministério da Educação, as constantes alterações aos curricula, aos programas, as disciplinas de uma hora semanal a fingir que existem e os professores que se adaptam aos caprichos todos, formações atrás de formações, obrigatórias todas, pagas do próprio bolso algumas. 
Não os comovem as condições de trabalho e de saúde de quem lhes zela pelos filhos, as horas insanas passadas na escola, as tarefas sem sentido e as outras, o tempo e a disposição que depois faltam para tudo o resto que fazem em casa, preparar aulas, orientar trabalhos, corrigir testes, as noites que não dormem e...  amanhã aguenta-te que não são papéis que tens à frente, mas sim pessoas!
 
Não os comovem vidas inteiras de andar "com a casa às costas", 10, 20, 30 anos contratados  (dantes chamavam-se 'provisórios'),  de Trás-Os-Montes ao Algarve e é se queres ter emprego.   SEMPRE assim foi até conseguirem um lugar no quadro de efectivos numa escola - e agora aos 40, 50, à beira de vínculo nenhum! - as regras que mudam, a reforma que se alonja, a carreira de há muito congelada, os sucessivos cortes no salário, os impostos uns atrás dos outros e depois...   cara alegre que tens a responsabilidade de ensinar, formar, educar os nossos jovens, futuro deste país ou de outro para onde imigrem, será mais certo.

E eu digo, professora que fui, professora que serei sempre e já não vos aturo:    VÃO-SE  FODER com as vossas preocupações da treta, a vossa chantagem e as vossas ameaças, os vossos apelos aviltantes.   E não, não peço desculpa pela linguagem, que outra não há que dê a medida da raiva.

Quem é que vocês, políticos, associações de pais, pensam que são?

Vocês, que destroem tudo o que de bom se tinha conseguido neste país?   Que promovem o regresso à miséria, ao cinzentismo, à ignorância?    Que se estão borrifando para os alunos e as famílias, a qualidade do ensino nas nossas escolas públicas?    Que tiram ao Estado para darem aos privados?    Que acabam com apoios onde eles eram vitais, aos alunos mais pobres, aos alunos com deficiências?    Que despedem psicólogos e professores do ensino especial?    Que, em exames, recusaram tempo extra aos alunos que a ele tinham direito?    Que não fazem nada para promover a educação, os vossos podres serviços públicos reféns do vosso oportunismo, da vossa falta de valores, do vosso cinismo?
 
Vocês, que atacam os professores mas lhes confiam os vossos filhos?    Que não os educam em casa, mas esperam que eles o façam na escola?    Que agora defendem a "mobilidade especial" quando antes defendiam a estabilidade, se queixavam de que as crianças mudavam de professores todos os anos?    Que não percebem que um professor maltratado é um profissional menos disponível para os alunos que tem à frente?    Que a luta dos professores é a luta pelos vossos filhos, pela qualidade da sua educação, pelas oportunidades do seu futuro?

E vocês, opinadores "de bancada" que continuam a achar que os professores trabalham pouco e ganham muito, por que se queixam agora desta greve (três meses de férias, é?!), quando nunca antes se queixaram das condições miseráveis em que vocês próprios sempre viveram?    Por que não se queixam dos dinheiros mal-gastos destes políticos?    Por que não se queixam de um serviço público de televisão que vos embrutece e vos torna prisioneiros de quem vos engana todos os dias, vos impede de terem pensamento próprio?    Por que não se queixam da razia deste governo sobre os funcionários públicos, dos serviços que vão funcionar muito pior, das horas de espera que vão aumentar nos hospitais, nos centros de saúde, nos correios e nas repartições todas, a "má-cara" de quem, maltratado, vos vai atender com pouca paciência e muito cansaço?     

A vocês que,  pelos vistos não sabem o que é uma greve,  nunca vos vi defenderem os professores do vosso país.    Vi-vos aplaudirem uma ministra que vos "ganhou", "perdendo-os".     Vi-vos porem-se contra eles, ao lado dos filhos que vocês não souberam nem se preocuparam em educar.     Vi-vos irem às escolas apenas para insultarem ou ameaçarem os que nela todos os dias "dão o litro" para que os vossos filhos sejam melhores que vocês, tenham as condições de vida que vocês não puderam ter. 

Os professores não estão de férias, como vocês, que tudo julgam saber, gostam de apregoar.
Os Professores estão em greve.    Finalmente!    Os Professores levaram anos a aguentar pauladas.    Anos e anos a serem, eles, prejudicados.    Agora fazem greve, dizem BASTA!
Vocês, deviam fazer o mesmo, assim a educação que a escola pública vos proporcionou vos tenha garantido sentido crítico, pensamento autónomo e DIGNIDADE.

(Fonte:  O Vento Que Passa)


domingo, 9 de junho de 2013

Vem isto a propósito da tão "orquestrada" contestação à greve dos professores...






O direito à greve faz parte do conjunto de direitos que definem uma democracia. 


Sem direito à greve não há democracia, como sem direito à propriedade também não há democracia.        Resultou, como muitos direitos, de uma longa, dura, e em muitos países inacabada, luta social, pejada de mortos, feridos, exílios, despedimentos, expulsões de casas, prisões.    Existe na lei portuguesa desde o 25 de Abril de 1974, está regulamentado e constitucionalmente protegido.    Mas, apesar de ser um direito, parece que exercê-lo para além do "simbolismo", é um crime.

Entendamo-nos:    greves "simbólicas" são manifestações muito especiais, mais agressivas, levando a rua para dentro dos locais de trabalho, mas não são verdadeiramente greves.    A greve é uma paralisação do trabalho cujo objectivo é pressionar alguém, patrão, empresa, sindicato  (sim, os sindicatos podem estar do "outro" lado), estado, governo para obter uma qualquer reivindicação de natureza laboral ou política.    Convém lembrar que há greves por objectivos políticos, como foram as do "Solidarnosc" na Polónia, e nenhuma lei em países democráticos as pode proibir. 

Pressionar significa usar uma força, neste caso o prejuízo que decorre da interrupção do trabalho, para obrigar o "outro" lado a ceder ou a ponderar entre vantagens e prejuízos.    É por isso que as greves que são greves e não greves "simbólicas" tentam maximizar os prejuízos como instrumento de pressão.    Por exemplo, os trabalhadores rurais alentejanos faziam greve quando das ceifas e não quando das mondas, no Verão e não no Inverno.     Durante o pequeno período de tempo a sua força negocial por salários mais altos era considerável.    Os cereais podiam apodrecer se não fossem colhidos a tempo, havia o risco de mau tempo estragar uma colheita, e dos incêndios (alguns intencionais) destruirem uma seara.    Passado este período, a força negocial dos trabalhadores rurais desaparecia, e ficavam sazonalmente desempregados, ou quando muito faziam as mondas e muitas vezes, como forma escondida de subsídio de desemprego pago pelo Estado, iam apanhar pedras nos campos e empilha-las.    A monda química e a introdução de maquinaria teve efeitos devastadores no preço e na quantidade de mão-de-obra necessária e levou à emigração de muitos milhares de trabalhadores rurais alentejanos.

Por isso quem faz greve a sério, escolhe os momentos que mais prejuízo provocam, como fazem os pilotos da TAP, os maquinistas da CP, os trabalhadores dos transportes, os professores,  e, numa sociedade civilizada, definem-se os serviços mínimos para impedir a disrupção social para além dos limites do aceitável.    Mas os serviços tem que de facto ser mesmo "mínimos", e os prejuízos fazem parte da conflitualidade consentida pela pluralidade de interesses na sociedade.

O que disse atrás não é comunismo, nem socialismo, nem radicalismo, nem fascismo, nem coisa nenhuma acabada em ismo.    É o modo como nas sociedades democráticas se defrontam os conflitos sociais e políticos, com custos sociais, mas se não for assim é pior.    A começar para a democracia, coisa a que cada vez se liga menos.


(Por Pacheco Pereira, no Abrupto)