sábado, 23 de março de 2013

UE - A chantagem sobre o povo de Chipre torna tudo ainda mais claro!

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As lições de Chipre
 
A imagem da espiral tem sido usada no debate público para mostrar como esta crise é dinâmica e tem um só sentido:    o do afundamento das economias e das sociedades.    Ela tem, no entanto, outra marca:    esse sentido descendente vai sendo percorrido a uma velocidade cada vez mais rápida.    O perigo de colapso é hoje muito maior que antes, e dele nos aproximamos em movimento uniformemente acelerado.    O efeito cumulativo dos fatores de degradação é cada vez mais destrutivo.

 Que uma das mais pequenas economias europeias - cujos depósitos bancários representam menos de 0,2% do total da UE, e para a qual a troika anunciou um montante de resgate oitenta vezes mais pequeno que o gasto pela França e pela Alemanha no resgate dos seus sistemas bancários - lance o pânico de desabamento final do euro é revelador do ponto a que chegámos.    A noção precisa dos erros cometidos em mais este caso servirá, pelo menos, para os evitar de novo e para não juntar mais carga explosiva à dinamite da crise.    Se ainda formos a tempo...

 A primeira lição que Chipre nos ensina é que o sucesso da desregulação anuncia o desastre.    Graças a taxas de juro muito baixas, Chipre registou no final da década anterior entradas maciças de capital e passou a funcionar como um offshore das oligarquias russas, lavando esse dinheiro quer em especulação imobiliária quer em especulação com a dívida grega.    Há apenas cinco anos, Chipre era louvado como um caso de neoliberalismo virtuoso.    Louvor precipitado:    o perdão parcelar da dívida grega impôs a bancarrota à estratégia irresponsável de casino do sistema bancário de Chipre que arrastou consigo toda a economia do país.

A segunda lição que Chipre nos ensina é que, para as autoridades do Eurogrupo, a crise e as respostas à crise são duas ferramentas da mesma política.    Os mesmos que louvaram a transformação de Chipre num offshore, vendo nisso um caso de sucesso de crescimento, vêm agora, diante da falência dos bancos e da economia, advogar que o esforço do resgate seja assumido pelos titulares de depósitos bancários.   
 
É truque e mal feito:    para que o país continue a ser offshore, o resgate dos oligarcas é posto sobre os ombros de quem poupou umas dezenas de euros de salário.    Quem ganhou com a especulação que esteve na base desta bancarrota arrisca-se a sair da história sem um mínimo de perdas.    E a vítima principal de tudo isto será o princípio da confiança dos pequenos aforradores com depósitos inferiores a 100.000 euros e a quem nem o Estado nem a União Europeia oferecem agora qualquer garantia de retorno.    A penalização das classes populares pela cupidez irresponsável dos especuladores, começada na Grécia, segue pois o seu caminho. Por isso, posta em causa em Chipre, a confiança dos pequenos depositantes nos sistemas bancários nacionais fica posta em causa em todo o espaço europeu.

 A terceira lição que Chipre nos ensina é que a independência dos bancos centrais é uma fábula.    A retórica da independência dos bancos centrais é o disfarce da sua função instrumental face aos grandes interesses financeiros.    O Banco Central Europeu tem mostrado, por ação e por negligência, ao longo de toda esta crise, quanto isto é evidente.    Agora, a sua chantagem sobre o povo de Chipre torna tudo ainda mais claro:    liquidez de emergência só para "países que têm futuro", diz-nos Frankfurt.    Os bancos alemães, holandeses, finlandeses e luxemburgueses sorriem de contentamento.    
 
O BCE mostra assim que saída do euro só há verdadeiramente uma:    a da expulsão dos mais fracos.    A resistência solidária a essa expulsão é hoje a maior batalha que se exige dos europeístas.    Em nome de uma Europa de esperança.
(Por José Manuel Pureza, DN - 22/03/2013)
 
 

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem é que acredita ainda nesta Europa? O melhor que lhe pode acontecer por incrível que pareça é que se quebre o euro, e pouco a pouco se restabeleçam as soberanias dos países, só assim é possível lutar mais fácilmente contra a máfia pasicopata que manda no mundo. Só quando o plano deles falhar e começaepr a meter água por todo o lado haverá esperança de um mundo melhor. Concentrar poder e "nivelar" países diferentes é estúpido e perigoso. Neste momento sustentamos os ladrões mediocres dos nossos políticos nacionais, sustentamos os pseudo importantes eurocratas e os tarados da ONU, é uma farsa que sóode acabar quando as pessoas perceberem para onde os estão a levar. Estes mafiosos psicopatas vão fazer tudo para que o euro não acabe, mas sim a destruição dos povos e países é o que eles querem, diminuir a população mundial, ficarem donos de tudo e controlarem o resto que ficará escravizado sobre o seu doentio poder. Que nojo. Se houvesse justiça Divina, esta gente deveria ser julgada e condenada a trabalhos forçados para o resto da vida.

Anónimo disse...

Concordo. Isto é tudo uma farsa e bem ensaiada. O objectivo é realmente criar uma enorme crise para as pessoas aceitarem tudo o que estas cavalgaduras querem impôr. Também acho que vão fazer tudo para não destruir o euro, pelo menos por agora, ainda não está no ponto rebuçado, como eles querem. Também espero que os traidores tacanhos que nos governam, sejam um dia julgados. Neste momento ainda têm o exemplo dos outros traidores, d. Barrosso, v. Constâncio, Guterres, Sampaio, etc que foram protegidos depois de fazerem o servicinho ao lixo mundial ocidental, mas desta vez há mais gente atenta e pode ser que com sorte nossa, lhes aconteça como à Maria Antonieta...