terça-feira, 12 de março de 2013

A indignação pode tornar-se violenta! ou, O autismo e o fanatismo deste execrável governo!

.


 
 
Quem semeia ventos colhe tempestades
 
 
Os portugueses não vão esquecer-se, por muito tempo, da manifestação do dia 2 de março, um misto de profunda tristeza e de enorme desespero.   Como se Portugal estivesse para desaparecer do mapa e a Democracia, herdada do 25 de Abril - e do 25 de Novembro - se estivesse a perder definitivamente.
 
Realmente, o Governo, em silêncio absoluto, escondido, protegido pelos seus seguranças protetores, cheio de medo, recusa-se a ouvir os seus compatriotas, sem dizer uma palavra. Como se nada se tivesse passado.   O Povo e os milhares de desempregados empobrecidos e muitos obrigados a emigrar não contam nada para o Governo, que os ignora como se não existissem.
 
Ora, não há Democracia sem que o Povo se faça ouvir e o Governo - eleito pelo Povo - o respeite e oiça.   O atual Governo despreza e ignora o Povo, procede sem ter em conta a sua voz - nem sequer a do Presidente da República - porque só tem obedecido aos tecnocratas da troika, aos mercados comandados por magnatas mais ou menos anónimos e - faça-se-lhes essa justiça - à senhora Merkel.
 
Portugal é, há muitos séculos, um país independente - dos mais velhos da Europa, com as mesmas fronteiras - e está, com o atual Governo, a perder a independência, tornando-se um protetorado dos mercados usurários e dos tecnocratas da troika.   Alguém sabe donde vêm?   De quem dependem?   E quem são?   Poderia ser de outra maneira?   É claro que podia, se o Governo não fosse um fiel da austeridade e não ignorasse a recessão e o flagelo do desemprego, ao contrário do que prometeu na campanha eleitoral.
 
Resultado: o Governo - sob a tutela do ministro das Finanças - falhou sempre, enganou-se em tudo e continua a falhar.   E Passos Coelho - para não falar do seu grande amigo, o falso doutor Relvas - não tem qualquer estratégia e continua todos os dias a empobrecer o País e a vender a retalho - e mal - o nosso património.   Sem que se saiba - diga-se - para onde vai o dinheiro.   Porque o Governo cala-se e não comunica com os portugueses, mesmo os mais abastados.
 
Sabemos que a crise financeira, económica, ética e política é gravíssima e muitos Estados da Zona Euro têm vindo a perder o norte.   Dou um exemplo:   as taxas de desemprego:   26,2% em Espanha, 25,4% na Grécia e em Portugal já passámos os 17%.   Mas, atenção, prevê-se que em Portugal, em fins de 2013 - se o Governo lá chegar, o que não acredito -, aumente ainda mais.

A verdade é que todas as previsões do Governo não só são, em absoluto, contrárias às promessas eleitorais, como todas têm sempre sido revistas em baixa:   PIB, desemprego, consumo, investimento e o mais que se sabe.   E ainda vão continuar a falhar em 2013, se o Governo não cair antes, como espero.
 
Há hoje 930 mil desempregados e 200 mil chamados inativos, que nem sequer entram nas estatísticas.   Mas não esqueçamos os cem mil emigrantes anuais que nos estão a abandonar.   O investimento político e privado - note-se - está também a descer, significativamente, bem como as exportações.   Tudo vai mal.   E o mês de março não vai ser nada fácil.
 
Lembremo-nos que o Tribunal Constitucional ainda não se pronunciou.   Tem tardado.   Mas não creio que deixe passar imune o "roubo" das pensões e da sobretaxa, o que, a acontecer, deita abaixo, nesses pontos, o Orçamento.
   
Ficará o Governo a gozar do silêncio, como fez em 2 de março?   Não creio que a sua vergonha vá tão longe.   Porque se assim for, a indignação pode tornar-se violenta.   Não gostaria nada que tal acontecesse.   Mas quem não ouve e não tem controlo, como o Governo, sujeita-se a tudo.    Como diz o Povo, quem semeia ventos, colhe tempestades...
 
(Por Mário Soares, In DN de 12/03/2013) (Sublinhados deste blogue)
 
 

Sem comentários: