Ainda a propósito de Chipre...
A Alemanha domina de novo a Europa e até criou
os seus novos judeus: - os povos dos países do Sul, gente sem préstimo, indolente,
calaceira, devedora e má pagadora, que o que quer é espanejar-se na praia, gozar
o Sol, amante de putas e vinho verde.
E, tal como nos anos 30 do século passado,
governos e governantes agacham-se, acagaçam-se, lambem as botas cardadas da
besta germânica, agora disfarçada com saias, cabeleira loura, casacos de
múltiplas cores e um bigodinho desmaiado a água oxigenada. Os pequenos
Chamberlain são como coelhos, estão por todo o lado, correm atrás das cenouras
que Merkel lhes atira da tribuna imperial, copulam conspiratas, expelem
bravatas.
Enquanto isso, os gregos vivem num autêntico
cenário de guerra. Os portugueses, os italianos e os espanhóis para lá caminham.
A fome grassa como uma praga mortal. O desemprego, a indigência, a pobreza
extrema são o pão nosso de cada dia, ou a falta dele. Só ainda não vieram as
bombas, os tanques, os campos de concentração, mas, por este andar, cá chegarão.
E muitos aplaudem os nazis travestidos de democratas. Na Grécia, a Aurora
Dourada resplandece no parlamento. Um pouco por toda a Europa, a extrema-direita
propaga-se, agride, mata. Na Áustria, mais de metade dos autóctones acha que o
partido nazi, se fosse outra vez legalizado, seria o mais votado em eleições;
42% consideram que "a vida não era assim tão má no tempo de Hitler"; 39% julgam
possível uma nova onda de anti-semitismo na Europa.
Só que, desta vez, os judeus serão outros.
Nós.
(Fonte: Quatro Almas)
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