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A epopeia de um déspota e a estratégia dos media: ensaio sobre um país à beira do caos!
Quis a ironia do destino, ou melhor, quis o povo que Portugal tivesse ao leme dos seus destinos, há mais de cinco anos, um homem que, estou em crer, a História se encarregará de caracterizar melhor do que eu: - José Sócrates Pinto de Sousa, que fez questão de adoptar o mais estranho dos seus nomes para sua chancela, quiçá procurando algum paralelo com o mais brilhante de todos os filósofos, mas esquecendo que o seu percurso tem tornado pecaminosa tal analogia, pois não haverá melhor exemplo de contradição.
Este homem foi eleito, como aliás acontece sempre em Portugal, não por qualquer mérito, mas por demérito de quem o antecedeu. Em Portugal ninguém ganha eleições; em Portugal apenas se perdem eleições. Os parcos horizontes mentais do país que vota desde o 25 de Abril e a competência revelada pelos políticos, impedem que alguém ganhe eleições e fazem com que apenas o PS e o PSD percam eleições.
Em 2005, o sábio povo, mais uma vez para castigar quem não lhe agradou, podia ter feito mil coisas, entre elas colocar no poder gente nova, partidos novos, de esquerda, direita, do centro, votarem todos em branco, votarem todos nulo… enfim; mas não! Como é apanágio na «democratura» tuga, castiga-se o peixe, votando na carne e castiga-se a carne, votando no peixe. Pior que isso, e constatando que o peixe é podre e a carne é putrefacta há décadas, perpetuam esse enjoativo jogo, num frenético exercício masoquista.
Claro que estas coisas são lentas no tempo, mas o tempo acaba por chegar e damos por nós, hoje em dia, de caras com a inquietante factura desse mórbido ritual de troca bipolar de poder, assente na legitimidade do voto da populaça!
Trinta anos de política palaciana, em que autênticos tsunamis financeiros inundavam atabalhoadamente o país, tornando a geração de pais e filhos dos últimos 30 anos numa generalizada máquina de consumo, cuja cegueira do aparente novo-riquismo impediu que se implantassem as mais básicas regras de justiça social e, pior que tudo, que uma cultura desprovida de valores, de educação, de razão e, em última instância, de humanidade, alastrasse em Portugal. A mais aberrante consequência disso, são fortunas colossais amealhadas no exercício de cargos públicos, onde os, já de si, absurdos e ofensivos vencimentos são complementados pela corrupção generalizada.
Este estado de abastança geral levou a que as pessoas entrassem numa espécie de anestesia social, sem que as evidências de um país pobre cheio de gente rica as incomodasse, vivendo o «hoje» e deixando o «amanhã» aos políticos.
Esse «amanhã» chegou e os políticos são os mesmos. O que variou, para muito melhor, foi o seu património pessoal. O país continua pobre; cada vez mais pobre. As pessoas, para além de continuarem pobres intelectualmente, são-no agora e cada vez mais, financeiramente. Conclusão: se considerarmos ricos, aqueles que auferem rendimentos mensais acima de 3000 euros, merecidos ou não, há entre estes, dois grupos que condicionam a nação de forma brutal: os agentes ligados aos media (jornalistas, comentadores, apresentadores, etc) e os políticos. Os primeiros enquanto fazedores e moldadores de opinião e que, num país em que as mentes são franzinas, facilmente conseguem levar o rebanho ao prado que desejam; os segundos, porque governam e legislam e, por conseguinte, também levam o mesmo rebanho a seu prado, nem que seja pela simples força da Lei.
Deste pantanal, surge um país em que, no ano 2011, o ordenado mínimo está abaixo dos 500 euros, mas uma apresentadora de televisão, que pouco mais faz do que guinchar desalmadamente, ganha 50.000 euros mensais; um doente espera 5 anos por uma cirurgia, mas um gestor público ganha mais de um milhão de euros num ano; uma empresa pública tem 700 milhões de passivo, mas muda a frota de automóveis topo de gama dos administradores de 3 em 3 anos; um cidadão é preso por consumir droga, mas os mega-processos envolvendo figuras públicas arrastam-se por anos a fio e acabam em nada; o leite escolar paga 23% de IVA, mas os campos de golfe pagam 6%; o país está no limiar da bancarrota mas continua a falar-se no TGV e no aeroporto. Enfim, um rol de contradições que não existe termo no léxico português que caracterize o grau da sua aberração.
Isto é fruto de uma política em que o povo vota. Isto é fruto de políticos que, sabiamente, vivem à sombra da ignorância popular.
O epíteto dessa desgraça chama-se José Sócrates. Um autocrata obstinado! Um sujeito que lidera um partido desnorteado com mão de ferro, e um bando de lacaios submissos, cujo mais ocupado assessor é o de imagem; aplaudem-no, dizem ámen a tudo, mas no fundo gostariam de ter coragem para enfrentar o mentecapto. Mas não têm… Um homem nascido e vindo do interior esquecido e que chegou ao sucesso por uma das únicas duas vias que permitem tal ascensão: o talento ou a política. Obviamente que, neste caso, apenas a segunda hipótese prevaleceu. Aliás, a política é para mim o mais obtuso, absurdo e contraditório conceito, pois se, por um lado, é aquilo que legal e constitucionalmente mais condiciona a vida das pessoas, por outro lado, é a maior imundice das pseudodemocracias; é um antro fétido de jogos de interesses instalados de clientelismos, regados por uma corrupção sórdida completamente impune.
Em 5 anos, Sócrates cometeu a proeza de decapitar por completo um país cuja cabeça acaba de ser entregue numa bandeja aos senhores da troika. A liderança política de José Sócrates esventrou toda a estrutura portuguesa, já de si débil, e atirou-nos para o limiar da bancarrota! O homem que muitos pensam inteligente e detentor do dom de palavra, mas que pouco mais faz do que servir de manequim de fatos caríssimos, ler telepontos e olhar-se ao espelho, dando asas ao seu narcisismo agudo!
Luis Campos e Cunha (antigo ministro de Sócrates) diz, sobre esta crise, que vivemos um filme de terror em que o Drácula culpa a sua vítima, aludindo, numa brilhante metáfora, a que Sócrates consegue hoje encarnar um papel absolutamente surreal de conseguir culpar os outros por uma tragédia imputável a si próprio. Mas eu pergunto sempre: o que é que consegue ser mais inacreditável? É um homem que, ciente que despojou um país de quase tudo, protagonizando uma política suicida e liderando um Governo assassino e que se reapresenta de cara lavada a eleições como se nada lhe fosse imputável, ou será constatar que ainda é considerado um herói pelos seus acólitos, um brilhante estadista pelos «bate-palmas» que o rodeiam e, pior que tudo, segundo se consta, um bom primeiro-ministro para mais de 30 % do zé povinho?
Acreditem que quando penso nisso, dá-me vontade de, qual Zeca Afonso, pegar na trouxa e zarpar deste torpe país, onde abundam mentes desta natureza. Acho impressionante como há pessoas que preferem a certeza do mal, à incerteza. O velho chavão de que «eles são ruins mas os outros, se calhar, são piores», atesta que este país está cheio de gente cuja cabeça facilmente se trocava pela de um asno, em claro prejuízo deste!
Eu não posso acreditar que vivo num país em vias de extinção onde a um mês das eleições já se sabe o seu resultado, como se fosse utópico o PQANML (Partido Que Agora Não Me Lembro) ganhar com 100% dos votos se toda a gente votasse nele! Não! Nem pensar nisso! O país está podre. As Instituições democráticas estão podres. A justiça podre. A educação apodrecida… tudo é podridão, mas, de sorriso no rosto, o zé portuga vota PS ou PSD, únicos partidos de poder desde o 25 de Abril.
É aqui que os media se movimentam no seu jogo sujo de moldar as pobres mentes. É como os jornais desportivos que ocupam metade da edição a falar no Benfica para vender! Os media dão horas a fio de tempo de antena aos ditos grandes partidos para que a populaça os assimile bem, nem que seja por exaustão. Os media gostam de Sócrates por dois motivos: porque adoram tragédias e porque não são alvos da sua política criminosa!
Também não aceito a treta do voto útil. Isso é um preconceito que os do costume agradecem, pois diz a matemática que ganha quem tem mais votos e se o PQANML tiver 50% mais um, é governo. Todos os votos são úteis, portanto, e são-no ainda mais se forem contra os cadáveres políticos vivos que estão agarrados à teta do poder como uma ostra à rocha, e sabem que podem contar com a pobreza do povo, até daqueles que tratam mal a mãe dos políticos, mas atulham-se aos empurrões para tocar nos «Deuses» quando estes vêm à feira!
O país não é o que Sócrates diz. O país é o que Sócrates quis! Esta crise política mais não é do que a consequência da forma ardilosa (aliás ele de engenheiro tem apenas o engenho de ludibriar os papalvos) com que geriu os PECs. Sabendo desde logo do chumbo do PEC4 (agora imposto pelo FMI), apressou-se a demitir-se, iludindo o povinho que a partir dali a culpa era da oposição, mas mais se apressou a chamar o FMI, esventrado a pouca soberania que nos resta. É como dizer: «Venham cá limpar a porcaria que eu fiz mas por culpa da oposição». Só um dos maiores mentecaptos da História de Portugal como Sócrates, um criminoso como lhe chama Medina Carreira, de tal seria capaz, e apresenta-se, porém, a votos, com aquele ar de quem nada deve mas a quem tudo de bom se deve! E as pessoas votam nele!
Hoje mesmo as sondagens dão o PS na frente. Se este PS ganhar estas eleições, Portugal ficará de luto e meio país desejará emigrar, nunca percebendo como é que um país se deixa prostrar aos pés de um déspota desta envergadura. Eu, por certo não emigrarei, mas acreditem que o nojo que, de há 20 anos para cá, vai aumentando por ostentar a triste chancela de ser português, talvez de transforme numa mudança de vida, para me sentir bem neste pobre país: deixarei de trabalhar e pagar impostos para que o Estado me sustente com o rendimento mínimo, alistar-me-ei numa claque de futebol, arrumarei, quem sabe, uns carritos, arrancarei metade dos dentes e colarei uns cartazes do PS, dizendo que José Sócrates é o meu pai! Aí sim, sentir-me-ei um orgulhoso português!
Conclusão: apetece-me vomitar quando penso em políticos neste país, mas o maior nojo que sinto é pertencer a uma sociedade que, eivada de uma pimbalhice generalizada, os perpetua e legitima no poder. Em suma, cada povo tem o que merece e nós merecemos estes políticos!
Apelo, pois, valendo isto o que vale, que no dia 5 de Junho nada seja justificação para não votar; que seja a maior afluência de sempre e que apenas uma coisa esteja nas vossas cabeças quando votarem, seja em que partido for: será que eu quero que estes políticos continuem a comandar o meu país e o dos meus filhos?
No fim de pensarem nisso durante uma hora, então coloquem a cruz.
(Por "Leme" - na caixa de comentários daqui)
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6 comentários:
Brilhante| Que pena não termos povo suficiente para entender palavras destas, que pena! Que pena haver tanta preguiça para escutar, para ler, para pensar...
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O povo que vota... essa mole imbecilizada pelo poder e pelos seus tentáculos da comunicação social que, em vez de o cultivarem, o estupidificam cada vez mais, até ficar como se encontra hoje: anestesiado, dependente e sem vontade própria, e cujos interesses maiores se viram para Fátima, o futebol, as telenovelas e toda a merda de programas que as TVs nacionais lhe impingem diariamente.
E, se alguma dúvida restasse sobre o papel deformativo e degradante das nossas TVs, basta ver um episódio de "Último a Saír", o mais porco, miserável e ultrajante big-brother de todos os tempos, transmitido pela RTP1, a televisão pública que todos nós pagamos pela módica quantia de 1 milhão de euros POR DIA!!!
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Mano, concordo contigo em tudo, excepto num aspecto: a celebração de Fátima é transmitida duas vezes por ano, a 12 e 13 de Maio, e não nos podemos esquecer que somos maioritariamente católicos, incluindo eu. Não é Fátima que cega as pessoas e sim o sistema político e a comunicação social que temos. Só as "considerações" absurdas, ressabiadas, dementes, tendenciosas, despropositadas e histéricas de um Rebelo de Sousa são uma verdadeira lavagem ao cérebro de incautos e ignorantes. E a preguiça que referi, uma preguiça doentia deste povo de querer informar-se devidamente e formar uma opinião.
Quanto à RTP1, disseste tudo e muito bem, absolutamente de acordo, é a maior das vergonhas televisivas jamais vistas e cujos mentores deviam ser penalizados juridicamente. Mas infelizmente é um programa que reflecte os gostos actuais deste país, infelizmente! Terá de haver algum político que saiba propor leis para travar esta loucura e impedir este descalabro.
Já disse isto a vários amigos, esta UE transformou-se numa mascarada ditadura alemã com cheiro hitleriano. E hoje o Garcia Pereira referiu precisamente isto, o que a Alemanha não conseguiu militarmente está agora a consegui-lo pela via económica. Já há muito que me questiono sobre este assunto, afinal isto não é uma Europa de entreajuda e sim um grande a mandar nos pequenos e os outros grandes a concordarem. E não estou a desdenhar as ajudas económicas, só que as contrapartidas também não têm sido liberais porque ou fazemos o que nos mandam ou somos corridos. E vá de Democracia!
Quanto ao próximo 5 de Junho, eu tenho uma alternativa porque já ouvi e li o que devia. Por isso vou votar CDS/PP e PP, voto no homem e no Partido, creio que o programa eleitoral poderá ser benéfico para todos. Bem sei que só poderá chegar ao Governo com coligação mas o Passos Coelho e o PSD até deviam dar pulos de contente por poder contar com alguém lúcido e inteligente, já que eles são o que demonstram e sempre demonstraram, uns incapazes. Se o Garcia Pereira se deixasse de de MRPUMPUNS, bem podia ser também um benefício porque, a avaliar pelas declarações de hoje, fez muito bem o que o Paulinho das feiras, dos mercados, das gasolineiras e da lavoura faz sempre, um brilhante e assertivo TPC, com uma tacada de mestre ao Cavaco no que diz respeito à recuperação do mar, responsabilizando-o pela situação em que as pescas se encontram.
Alternativa há, é preciso é ter coragem de o admitir e permitir que chegue onde deve chegar.
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Isto merecia um tratamento Histórico muito especial.
Ou talvez a História venha a referir-se a este período negro da Europa como - "De como uma sopeira da Alemanha de Leste se transformou na dona da Europa"...
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Olá Milan, Kakausinha, Mais outra posta na mouche, além desta, como é habitual:
O Sérgio de Almeida Correia do "Delito" desmonta bem essas técnicas inenarráveis dos jornaleiros e comentadeiros ao serviço.
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/3006452.html
""De como uma sopeira da Alemanha de Leste se transformou na dona da Europa"..."
AHAHAHAHAH
Estamos na era das mulheres-a-dias e das porteiras, meu caro... a começar pela "do trabalho"... o rol é infinito...;))))
Olá Fátima,
Cá por mim... bem podem acabar com todas as mulheres políticas. Desde que não levem a Gaby...
Acho até que ela deveria fundar um novo partido. Estou certo que juntaria rapidamente, pelo menos, 50% de apoiantes (e até a abstenção desapareceria).
E até o dia das eleições passaria a ser dia de festa. Pelo menos para metade da população deste País...
Teria muitas vantagens: porque levantava o moral dos portugueses, porque lhes traria uma nova visão da política, porque lhes despertava o desejo de aumentar a população, em suma, porque os aglutinava em torno do seu programa de governo: - o de levantar Portugal inteiro! Novos e velhos!
http://pauparatodaaobra.blogs.sapo.pt/4407200.html
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