sábado, 2 de abril de 2011

O grande capital e o "medo" do efeito ISLÂNDIA. Por isso o tentam esconder!

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Porque silenciam o exemplo da ISLÂNDIA?


Está na altura de falar da Islândia, da forma como este país deu a volta à bancarrota e das razões porque não interessa a "certa gente" que se fale dela.   Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país, perdido no meio do mar, deu a volta à crise.   Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu tão proteccionista do sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar.
Em 2007 a Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento excessivo e pela falência dos seus maiores Bancos (Kaupthing e Landsbanki) que, como todos os outros, se afogaram num oceano de crédito mal parado.   Exactamente os mesmo motivos por que tombaram a Grécia, a Irlanda e Portugal.   A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes e que, durante muitos anos, viveu acima das suas possibilidades graças a estas “malabarices” bancárias e que a guindaram falaciosamente ao 13º lugar no ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal detinha o 40º lugar).

País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até levar o país à miséria.   Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o PP tratou de recorrer ao FMI em busca de ajuda.   Claro que a usura deste organismo não teve comiseração, e a tal “ajuda” ir-se-ia traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para cima), que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das famílias islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de 350 euros / mês ao FMI.   Parte desta ajuda seria para “tapar” o buraco dos principais Bancos islandeses.
Perante tal situação, o país mexeu-se.   Apareceram movimentos cívicos despojados dos velhos políticos corruptos com uma ideia base muito simples:   os custos das falências bancárias não deveriam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores.   E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco deviam agora aguentar com os seus próprios prejuízos.

O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, por uma maioria de 93%, recusado assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI.   Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições.
Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria.   Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições e, conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia).   O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha.
Daqui saiu um Governo totalmente renovado e com um programa muito objectivo:   aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa em favor de outra produtiva e exportadora, e tratar de ingressar na UE e no Euro logo que o país estivesse em condições de o fazer, pois numa fase daquelas, ter moeda própria (coroa finlandesa) e ter o poder de a desvalorizar para implementar as exportações, era fundamental.  

Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa.
Os cortes na despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não “estragar” os serviços públicos, tendo-se o cuidado de separar o que o era de facto público de outros tipos de serviços que haviam sido criados ao longo dos anos, apenas para serem "amamentados" pelo Estado.
As negociações com o FMI foram duras.   Mas os islandeses não cederam e conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a pagar nos tais 30 anos.   O FMI não tugiu nem mugiu.   Sabia que teria de ser assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da crise sem estender a mão à Banca internacional.   Um exemplo "perigoso" demais...

Graças a esta política de não pactuar com os interesses desmedidos do neo-liberalismo instalado na Banca e de não pactuar com o formato do actual capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma política interna onde os islandeses faziam sacrifícios (mas sabiam porque os faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios) sair da recessão já no Trimestre de 2010.   O Governo islandês, chefiado por uma senhora de 66 anos (Johanna Sigurdardottir), prossegue a sua caminhada, tendo já conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias melhores.   Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu com aquilo que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas.

Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial, pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações.
  
Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social básica, não foi tocado.

Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos.   Não tardarão meia dúzia de anos e a Islândia retomará o seu lugar nos países mais desenvolvidos do mundo.   O actual Governo Islandês não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos.   Está a cumprir, de A a Z, com as promessas que fez.

(Por Francisco Gouveia, Eng.º) (Tirado daqui)
(Adaptação e imagens da autoria deste blogue)
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1 comentário:

momo disse...

UAUUU que blog tan interesante...