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O grande maestro,  José Sócrates Pinto de  Sousa 
Frederico II, O Grande, rei da Prússia, disse que “a  trapaça, a má fé e a duplicidade são, infelizmente, o carácter predominante da  maioria dos homens que governam as nações”.   José Sócrates Pinto de Sousa, o  grande maestro, ilustra-o.   Na farsa de Matosinhos, a que o PS chamou congresso,  usou bem a batuta da mistificação e deu o tom para o que vai ser a sua campanha:    ilibou-se de responsabilidades pela crise e condenou o PSD;   tendo preparado,  astutamente, a queda do Governo, ei-lo, agora, cinicamente, a passar para o PSD  o ónus da vulnerabilidade que nos verga.   Como a memória é curta e o conhecimento  não abunda, os hesitantes impressionam-se com o espalhafato e o discurso  autoritário, ainda que recheado de mentiras.   Porque em tempo de medo e de  apreensão, a populaça não gosta de moleza. 
O aviso fica feito:   não menosprezem as sondagens.   Urge  clarificar e não ser ambíguo.   Eu não vou ser.
1. Na segunda metade de 2009, as escutas do caso 
Face  Oculta trouxeram à superfície a teia subterrânea que preparava a aquisição da  Media Capital pela PT.   Objectivo?   Condicionar a orientação noticiosa da TVI,  afastar José Eduardo Moniz e calar Manuela Moura Guedes.   Que mão segurou a  batuta deste tenebroso conúbio entre a política e o dinheiro?   Este é um, apenas um episódio, de uma longa série de  acções para calar a opinião livre e subjugar o espaço público, que o grande  maestro protagonizou.   José Manuel Fernandes, Henrique Monteiro e Mário Crespo,  entre outros, denunciaram-nas, sem peias.   
Se não vos assusta o poder hegemónico  e incontestável, voltem a votar nele.   Se vos chega uma democracia amordaçada,  escolham-no uma vez mais.
2. Para encontrar alguma analogia com a cadeia de  escândalos que envolveram José Sócrates, temos que ir à Itália de Berlusconi.   Na  nossa História não há precedente que lhe dispute tamanho mar de lama.   Da  licenciatura na Independente às escutas oportunamente silenciadas pelo Supremo  Tribunal de Justiça, passando pela saga escabrosa dos engenprojectos de haria da  Guarda, os mistérios dos apartamentos da Braamcamp e os inarráveis processos  Cova da Beira e Freeport, saiu sempre judicialmente ileso, o grande maestro.    Como Il Cavaliere.   
Se isso vos chega e querem manter um primeiro-ministro que se  julga ungido de clarividência única, medíocre e incompetente, que vos mente sem  rebuços, teimosamente cego, presumido omnisciente e contumaz calcador de todos  os escrutínios morais, só têm que esperar até 5 de Junho.   Votem  nele. 
3. As obras públicas entranharam em Sócrates,  compulsivo, a ideia que criam emprego.   Viu-se com os vários estádios do Euro  2004, que nos custaram milhões e qualquer dia serão destruídos sem glória nem  uso.   Estamos por ora salvos da loucura do TGV e das imprudências, dadas as  circunstâncias, do aeroporto e da terceira ponte sobre o Tejo.   
Mas se quiserem a  megalomania de volta, mais Magalhães a pataco, quadros interactivos inúteis e  escolas novas destruídas para que o grande maestro inaugure outras mais  modernas, é só votar nele, já em Junho.
4. Sócrates foi, durante os seis anos da sua  governação, o grande maestro da táctica para esconder os números do  endividamento externo e a realidade do défice e das contas públicas.   Depois de  utilizar irresponsavelmente o Orçamento de Estado de 2009 para colher benefícios  eleitorais, negou sempre que a crise financeira nos tocava.   Desorçamentou e  manipulou contabilisticamente as contas do Estado, até ao limiar da bancarrota e  ao pedido de assistência financeira, que humilha Portugal.   
Se querem ajudar a  destruir o resto, portugueses, votem nele, uma vez mais. 
5. Enxerguem-se, portugueses:   se somarmos à actual  dívida pública a dívida das empresas públicas, chegamos a 
125 por cento do PIB  (o nosso PIB anda pelos 172 mil milhões de euros);   
a este número, medonho, somem  mais 60 mil milhões, a pagar pelos nossos filhos e netos, que o grande maestro  foi comprometendo em parcerias público/privadas, com as empresas do regime;    quando, em 2005, arrebatou a batuta, o grande maestro encontrou 
6,6 por cento de  taxa de desemprego;   agora, em 2011, o grande maestro abandonou à sua sorte uma  triste banda de quase 
700 mil desempregados, 
11,1 por cento de taxa de  desemprego, a pior desde que há registos em Portugal;  
 estamos no “Top Ten” dos  países mais caloteiros do mundo (
100 por cento do PIB de dívidas das  famílias portuguesas, mais 
150 por cento do PIB de dívidas das  empresas lusas, tudo por volta de 430 mil milhões de euros);   temos a maior vaga  de emigração de licenciados de todos os tempos, a segunda pior taxa de fuga de  cérebros no universo da OCDE e a terceira no que toca ao abandono escolar.   
 Se  este painel factual não vos belisca, votem nele.   Ofereçam-lhe uma batuta  vitalícia e entronizem-no, até que o céu vos caia em cima. 
6. Esclareçamos que a assistência financeira apenas nos  tira a corda do pescoço nos próximos dois a três anos, na medida em que nos  assegura honrarmos os compromissos da divida pública.   Mas não resolve o problema  do crescimento económico, que supõe outra política.   
Se acreditam que o vosso  coveiro pode ser o vosso salvador, votem no grande maestro e enterrem-se  sozinhos, que ele já está, obviamente, protegido e salvo, pronto para a sua  antecipada reforma dourada, que nenhuma troika cortará. 
(
Santana Castilho - 
In Público, 27-04-2011 )
(Imagens e sublinhados da autoria deste blogue)
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