quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ISCTE - ''Daquele palco fugiu um novo-rico, de medo a crescer no rabo''!

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Grândola e a democracia formal


Coelho e Gaspar são seres ocos de alma.   Actuam como robots, insensíveis às pessoas que abalroam.   Quando se espetam na realidade, ficam ali, obcecados, empurrando o que não se move, moendo carretos, como os bonecos de corda da minha infância.   Só mudam quando os senhores do dinheiro os reprogramam.   Trocados os chips moídos, voltam à sugagem solipsista para que foram preparados.   A obra-prima de Relvas foi levá-los ao Governo.   Imagino-o produzindo-a, ora de avental, no secretismo da organização, ora de iphone à boca, injectando no tutano da fibra óptica a baba com que foi tecendo a conveniente teia partidária.   "Visto", cola-se-lhe à figura a falsidade e a falta de ética.   “Ouvisto”, sobram as banalidades.   Mas confrontá-lo com a “Grândola, Vila Morena” inquietou os defensores da democracia.   Que democracia?   A formal.   A do “da” e do “de”, agora destrinçados pela fina porfia presidencial, em tempo certo, oito anos passados.   Ao apreciarem os factos, esqueceram que há outra democracia:   a que a alma imensa de Zeca Afonso cantou.


No Clube dos Pensadores, primeiro, no ISCTE depois, Relvas foi interpelado pela canção de Abril.   No primeiro caso reagiu, cantando-a alarvemente.   No segundo, foi, por uma vez, autêntico:   fugiu, cobardemente.   Quem disse que Relvas foi impedido de falar?   Ao fim de dois minutos e 27 segundos de protesto, bateu em retirada.   Na Assembleia da República, Passos ouviu e falou.   Em Vila Nova de Gaia, o próprio Relvas ouviu e falou.  No Porto, Paulo Macedo ouviu e falou.  No ISCTE, Relvas ouviu e fugiu.   Estes são os factos.   O mesmo discurso que incensou a paciente resiliência da polícia, que guardava a Assembleia da República a 14 de Novembro de 2012, regressou agora, perene de hipocrisia.   Então, justificou-se hora e meia de apedrejamento da polícia, por delinquentes comuns, com a tolerância democrática.   Agora, dois minutos e 27 segundos de ruidoso mas pacífico protesto chegaram para decretar um inaceitável “atentado à liberdade de expressão”.   Então, lavou-se uma carga policial bruta e desproporcionada.   Agora, os moralistas do bloco central transformaram o algoz em mártir.   Quem veio em socorro de Relvas talvez preferisse um país em coma induzido, que passasse pelas suas diatribes sem sobressalto cívico.   Por isso criticaram os estudantes do ISCTE.  
 
Entendamo-nos, sem paixão.

Naquela plateia estavam filhos de famílias endividadas e espoliadas por gente que, para ganhar as eleições, mentiu sem pudor, jurando publica e repetidamente que nunca faria o que, com frieza de arrepiar, está a fazer.   Naquele palco estava uma figura grotesca, alma gémea e lídima representante do primeiro-mentiroso de um Governo que semeia desigualdade, fome e desemprego.

 Naquela plateia estavam estudantes que pagam as mais altas propinas da Europa a um Estado que lhes reserva o desemprego e a emigração como futuro.   Naquele palco estava um licenciado que não precisou de ser estudante.

Naquela plateia estavam estudantes que, uma vez na vida, tinham a hipótese de exercer publicamente a sua liberdade de expressão.   Naquele palco estava o homem que tem os microfones que quer, sempre que quer, e que teve o poder de calar o jornalista Pedro Rosa Mendes, porque disse o que não lhe agradou, e o desplante de ameaçar a jornalista Maria José Oliveira, porque ia dizer o que não lhe convinha.

Naquela plateia estiveram os novos pobres, de raiva a crescer nos dentes.   Daquele palco fugiu um novo-rico, de medo a crescer no rabo.

Esta foi a cena que Santos Silva e Assis, vivendo cá, leram mal.   Esta foi a cena que a objectiva da vice-presidente da comissão Europeia, Viviane Reding, passando por cá, fixou assim:   “Feliz é o país que protesta com uma canção”.

Francisco Assis era bebé em 1969, e Augusto Santos Silva saía da puberdade na mesma altura.   Mas são homens cultos, que conhecem, pela história, o movimento académico iniciado em Coimbra, em 17 de Abril desse ano.   As diferenças abissais entre a ditadura real daquele tempo e a democracia formal de agora, justificarão que sejam generosos para com o colega de partido, Alberto Martins, que interrompeu o Presidente da República, durante a inauguração do Edifício da Matemática.   Um e outro não podem ignorar, também, que a dinâmica de toda a academia se sobrepôs, então, às vanguardas mais activas e organizadas.   Pode, pois, ser essa consciência que justifica a severidade com que julgaram a atitude dos estudantes do ISCTE.   É que ambos sabem que a alternância de primeiros-ministros, em 38 anos de democracia, resultou do querer de escassos 83 mil militantes do PS, 113 mil do PSD e 30 mil do CDS, num país com quase nove milhões de eleitores.   Reverenciar a reverência a funções, que podem vir, ou voltar, a desempenhar, fruto desta lógica, afigurou-se-lhes prudente.
 
 
(Por Santana Castilho, In Público - 27/02/2013)  (Sublinhados deste blogue)
 

 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O NÚMERO QUE ESTÁ TATUADO NOS BRAÇOS DOS PORTUGUESES

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O NÚMERO DO CONTRIBUINTE


Aqui há uns anos houve uma discussão sobre o número único a propósito do cartão do cidadão.   É uma matéria pouco popular, tida como importando apenas aos intelectuais e aos políticos, que as pessoas comuns vêem com muita indiferença.   Se lhes parece mais eficaz que cada um tenha um número único que sirva para o identificar num bilhete de identidade, para reconhecer uma assinatura, na Segurança Social, no fisco, numa ficha médica, num cartão de crédito ou de débito, qual é o problema?   Se isso lhe poupa tempo e papéis, qual é a desvantagem?   Se isso permitir perseguir um criminoso, que importa existir uma base de dados com o ADN das pessoas?   E se as tecnologias o permitirem, como permitem, qual o mal em podermos vir a ter um chip como os cães, ou uma etiqueta electrónica como as crianças à nascença, por que razão é que nós não podemos ser numerados por um qualquer código de barras tatuado no braço?
 
 
A maioria das pessoas é indiferente ao abuso do Estado nestas matérias se daí vier uma aparente maior eficácia e menor burocracia.   E os proponentes destas medidas, uns tecnocratas, outros fascinados pelos tecnocratas, outros ainda gente mais perigosa e securitária cujo ideal de sociedade perfeita é o 1984 de Orwell, todos manipulam a opinião contra os antiquados defensores dos "direitos cívicos", que continuam a achar que não se deve ter número único, chip, ou código de barras, em nome dessas coisas tão de "velhos do Restelo" como sejam as liberdades e o direito do indivíduo em ter uma reserva da sua vida íntima e privada, sem intromissão indevida do Estado onde ele não deve estar.


Infelizmente, insisto, a indiferença cívica é o pano de fundo de muitos abusos e a sociedade e o Estado que estamos a construir são os ideais para uma sociedade totalitária.   Se uma nova polícia política aparecer - e para quem preza a liberdade esse risco existe sempre -  não precisa de fazer nenhuma lei nova, basta usar os recursos já disponíveis para obter toda a informação sobre um cidadão que queira perseguir.


A promessa que nos é feita é de que os dados "não são cruzados".   Mas esta afirmação não só não é verdadeira como não garante nada.   Não impede um serviço de informações que queira abusar, de obter cumplicidades e "cruzar" dados, não impede uma polícia de fazer o mesmo (o episódio do acesso da PSP às filmagens não editadas sem ordem judicial é um exemplo de práticas costumeiras que só são escrutinadas depois de um acidente de percurso), não impede a utilização de software mais sofisticado para fazer buscas na Internet, muito para além da informação já vasta que se pode obter no Google.   E se somarmos as câmaras de vigilância e outros meios cada vez mais generalizados de controlo dos cidadãos, mais nos preocupamos com as liberdades no mundo orwelliano em que já vivemos.


E quanto ao "cruzamento de dados" a partir de um número único com informação indevida, tudo isso já existe e chama-se NIF, número de identificação fiscal, ou mais prosaicamente, "número de contribuinte".   De há dez anos para cá, o Governo Sócrates e depois o Governo Passos Coelho transformaram o fisco no mais parecido que existe com uma polícia global, e uma polícia global é também política, e o número de contribuinte no verdadeiro número único dos portugueses, cujo acesso permite todos os cruzamentos de dados e uma violação sem limites da privacidade de cada cidadão.   Se somarmos a isso o facto de o fisco ser a única área da lei em que a presunção da inocência não existe e o ónus da prova cai no cidadão, temos um retrato de um Estado de excepção dentro de um Estado que se pretende de direito.

 
E não preciso de estar a recitar a litania do combate à evasão fiscal, porque este caminho de abuso tem sido trilhado exactamente porque o combate à evasão fiscal tem sido ineficaz onde deveria ser.   O furor do Estado volta-se contra as cabeleireiras, os mecânicos de automóveis e as tabernas, mas ignora os esquecimentos de declaração de milhões de euros, que só são declarados quando descobertos e não merecem uma palavra de condenação nem do ministro das Finanças, nem do Banco de Portugal, nem de ninguém dos indignados com a factura dos cafés.   E é exactamente porque o combate à evasão fiscal falha, ou porque a economia está morta, ou porque os Monte Brancos são mais numerosos do que todas as montanhas dos Alpes, dos Andes, do Himalaia, que se assiste a uma espécie de desespero fiscal que leva o Estado (os governos) a entrar pela liberdade e individualidade dos cidadãos comuns de forma abusiva e totalitária.   Digo totalitária, mais do que autoritária, porque a tentação utópica de "conhecer" e controlar a sociedade e os indivíduos através da monotorização de todas as transacções económicas é de facto resultado de mente como a do Big Brother.

 
Num computador do fisco está toda a nossa vida já inventariada e cruzada através do número de contribuinte e dos poderes discricionários da Autoridade Tributária.   Se de manhã ao pequeno-almoço não pedir factura do café, pode vir um fiscal e multar-me (não pode porque é ilegal, impossível de facto, e o Governo anda a mentir-nos a dizer que já o fez quando se devem contar pelos dedos da mão as contra-ordenações realizadas, se é que há alguma à data do anúncio),  e para lavrar o "auto" terá de dizer onde estou, o que consumi sem factura e informar o Estado sobre se tomo chá, café ou chocolate, doces ou salgados, etc.   Depois passo por uma livraria e na factura estão os livros que comprei e está o número de contribuinte.   Hum!   Este anda a ler livros subversivos, ou quer saber coisas sobre a Tabela de Mendeleev (a química é sempre perigosa), ou uma história sexualmente bizarra como a Lolita, (diga aí ao assessor do senhor ministro que um boato de pedofilia é sempre mortífero e o homem lê livros sobre isso), ou o Vox do Nicholson Baker (uma história de sexo por telefone que o procurador Starr queria usar como prova contra Clinton, pedindo à livraria que lhe confirmasse a compra do livro por Monica Lewinsky, o que a livraria recusou e bem).   Depois foi almoçar, e pelo número de contribuinte verifico que almoça muitas vezes a dois, e dois é um número suspeito.   Coloque lá no mapa o sítio do pequeno-almoço, mais a livraria, mais o restaurante, e as horas.   E depois?   A Via Verde cujo recibo tem o número de contribuinte mostra que entrou na portagem X e saiu na portagem Y.   Interessante, o que é que ele foi fazer ao Entroncamento?   E levantou dinheiro no Multibanco.   Muito ou pouco?   Bastante.   Veja lá as facturas que ele pagou no Entroncamento.   Aqui está, comprou uma mala de viagem.   Então a factura?   Não há, comprou nuns chineses, mas foi visto com a mala na câmara de vigilância de um banco.   Anote aí para mandar uma inspecção do fisco e da ASAE aos chineses, imagine o que seria se nós não tivéssemos as imagens do banco!   O que é que ele vai fazer com a mala?   E por aí adiante.

 
A nossa indiferença colectiva face ao continuo abuso do Estado, que nada melhor nos dias de hoje revela do que o fisco, vai acabar por se pagar caro.   Muitos tentaram fugir ao fisco?   É verdade, muitos inclusive nunca pagaram impostos e vivem numa economia paralela, mas a sanha contra eles, que face ao fisco não tem direitos, nem defesa, nem advogados, contrasta com a complacência afrontosa com a fraude fiscal com os poderosos.   É que também nisso, na perseguição aos pequenos, se revela o mundo totalitário de 1984 e do Triunfo dos Porcos, em que alguns são mais iguais do que outros.   E pelo caminho, para garantir que os pequenos sejam apanhados na malha, pelo desespero de um fisco que quer sugar uma economia morta de recursos que ela não tem, é que se usa o número de contribuinte como número único, cruzado nos computadores das finanças, muito para além do que é necessário e equilibrado, numa ameaça às liberdades de cada português.

(Por José Pacheco Pereira, In ABRUPTO - 23/02/2013) (Imagem retirada daqui) (Sublinhados deste blogue)
 
 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Já estamos mergulhados no futuro! Um negro futuro!...

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Desde há cerca de 3 ou 4 anos começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual.   Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses...   e que irá mudar as nossa  sociedade e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!
Tal como ocorreu noutros períodos da história recente, no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.

Um rápido balanço da mudança e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º-   A Crise Financeira Mundial:    desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo para: "emprestado virtualmente à taxa zero")  montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas.   Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história!...

2º-    A Crise do Petróleo:   Há mais de 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços.   Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar.   Duas coisas são porém claras:   primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!)  e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços.   Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há semanas, a uma subida no preço dos bilhetes de...  50%  (leu bem: cinquenta por cento).   É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor:   basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB)  irá virtualmente desaparecer em 12 meses!   Acabaram as viagens de avião baratas  (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

3º-   A Contracção da Mobilidade:   fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer uma contracção profunda, e as trocas físicas comerciais que implicam transporte irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º-  A Imigração:   a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália).   Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos!   A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e por melhor estatuto sócio-económico  (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º-  A Destruição da Classe Média:   quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente!   Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e, descontados alguns matizes e diferente gradação, as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, força social e capacidade de intervenção.

6º-  A Europa Morreu:   embora ainda estejam a projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, já não tem liderança e já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!...   Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro!   O "Requiem" pela Europa e "seus valores" deu-se há dias na Irlanda!

7º-   A China ao assalto!   A construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios....  da China.   O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...).   Foram apresentados, há dias, no mais importante Salão Automóvel mundial, os novos carros chineses.   Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros!   E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...  estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade.   À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças!   Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais.

8º-  A Crise do Edifício Social:   as sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar!   As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum...

9º-  O Ressurgir da Rússia/Índia:   para os menos atentos, a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante!   Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º-  A Revolução Tecnológica:  nos últimos meses, o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica)  suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!
  Eis a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual".   Mas o resultado é ainda desconhecido e imprevisível.   Uma coisa é certa:    as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, e estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

(Fonte: José Martins)


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

GRÂNDOLA - A senha de uma revolução que fermenta!

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passos coelho paulo portas vitor gaspar alvaro santos pereira aguiar branco paulo macedo miguel macedo nuno crato miguel relvas assuncao cristas paula teixeira da cruz pedro mota soares grandola

Grândola Vila Morena   (Zeca Afonso)

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

(Fonte:  Kaos)
 
 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A Doutrina do Choque - O Neoliberalismo e o Capitalismo selvagem!

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De vez em quando (e a História repete-se) surge algures no mundo um louco predestinado a produzir loucuras e a ser considerado um génio e a ser seguido por quem tem o poder de implementar as suas loucuras.   Enquadra-se neste perfil esse génio-louco que dá pelo nome de Milton Friedman, cujas teorias do liberalismo económico, do neoliberalismo e do capitalismo feroz e desregulado fizeram escola (Chicago School) durante as últimas décadas.   Tão desregulado e tão feroz que não olha a meios para obter os fins, não hesitando em matar e violentar todos aqueles que se lhe opuserem.

Começando por seduzir (nos anos 70) o Chile e o general Pinochet, ele estendeu as suas nefandas teorias à Inglaterra e à “dama-de-ferro” Margareth Thatcher, a Ronald Reagan nos EUA e ao general Videla na Argentina, chegando incólume e reforçado até aos dias de hoje.  
Pelo caminho, a adopção destas teorias da Escola de Chicago nestas últimas 3 décadas apenas permitiu que o mundo mergulhasse numa espiral de injustiça e de desigualdade cada vez maior - os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.  

É isto o que aquele génio-louco – Milton Friedman – por aí andou a fazer.   É este o resultado das suas “modernas” teorias do capitalismo desregulado que tem varrido o mundo com as consequências desastrosas que vivemos actualmente.   E é disto, das teorias capitalistas deste louco, dos seus seguidores e dos criminosos resultados para toda a humanidade, que trata este vídeo – “A Doutrina do Choque”.  

Sob o rótulo enganador de “democracia”, esta doutrina mais não é do que o maior motor e o mais cruel gerador de tendências, de sistemas e de valores autoritários e anti-democráticos!

É um filme a ver completo, de princípio ao fim, onde, por entre as palavras de Naomi Klein, discursando em 2008 na Universidade de Chicago, nos vão sendo apresentadas inúmeras imagens originais, não só do famigerado Milton Friedman como de todos os seus criminosos seguidores no Chile, na Inglaterra, nos EUA, na Argentina, na Rússia e até mesmo no Iraque.   

E é esta a “doutrina” que vigora actualmente na Europa.   Na Europa e na maior parte do mundo ocidental.   É esta “terapia do choque” que nos estão a aplicar em Portugal.   E é esta “doutrina do choque”, desenvolvida e defendida por um génio-louco americano, que está agora estrangulando e destruindo a Europa.  

Com a cumplicidade, a conivência e o aproveitamento, com colossais interesses particulares em jogo, de um largo punhado de políticos, banqueiros e empresários corruptos e criminosos!

 
 
 
 

Within Temptation - "Forgiven"

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Formada em 1996 e tendo como base o guitarrista Robert Westerholt e a extraordinária vocalista Sharon den Adel, a banda Within Temptation é uma das mais bem sucedidas da Europa, no estilo musical inconfundível do rock gótico.   Se bem que as músicas editadas ao longo dos seus 4 albuns sejam de uma rara beleza musical, a faixa "FORGIVEN" contida neste video e pertencente ao álbum "Black Symphony" ressalta como uma das mais belas obras musicais da última década. 




E para quem gosta (muito) desta banda, aqui ficam duas das suas últimas obras musicais produzidas, ambas completas -  " The Black Symphony"   e   "The Silent Force Tour".   Simplesmente espetaculares!
Disfrutem delas enquanto por aqui estiverem disponíveis...






sábado, 16 de fevereiro de 2013

AO QUE CHEGÁMOS !...

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Esta ideia que pretende impor-se de que não existe alternativa a este caminho é típica de regimes totalitários.
 
É aliás daí, do totalitarismo, que vem a inspiração para ideias tão peregrinas como a da criação de milícias populares que denunciem os comerciantes malandros que não passam faturas, ou, pior ainda, a obrigatoriedade de fazer constar dos talões de compra dados pessoais do consumidor.   Estas, como por exemplo a intenção de fiscalizar os fumadores dentro dos carros, são ideias de um Governo que foi eleito com base na premissa de que o Estado é um empecilho e deve fazer-se sentir o menos possível na vida dos cidadãos.   Mas, ironia das ironias, a presença do Estado nunca foi tão percetível, em democracia, e pelas piores razões, como com o atual Governo.
 
Em democracia não há pensamento nem partido único.   E, por definição, há sempre alternativas.   Nem que seja o inevitável alargamento dos prazos de maturidade para pagamento dos empréstimos que contraímos.   É óbvio que, para que elas se manifestem, é necessário que as oposições tenham discurso.   Honra lhes seja feita, o PCP e o BE são claros e coerentes no caminho que propõem:   romper com a troika e rasgar o "Pacto de Agressão".   E o que diz o PS?   O que é que fará de diferente?   Em que é que se vai distinguir da atual maioria?   Que relação terá com o Memorando, com a dívida e com o embuste apelidado de "reforma do Estado"?
 
Pacheco Pereira sugeriu esta semana, por exemplo, que os socialistas deviam ter a coragem de fazer uso da sua capacidade de "veto informal", isto é, que em matérias fundamentais como o corte permanente de 4 mil milhões nas despesas sociais do Estado, no aumento do salário mínimo, nas taxas moderadoras da saúde, ou nas condições de acesso ao subsídio de desemprego o PS anunciasse, de forma solene, que fará exatamente o contrário daquilo que a maioria atual está a pôr em prática e que reporá todas as prestações que agora venham a ser cortadas.   Isso, naturalmente, obrigaria a troika a negociar e a rever a sua receita que tão maus resultados tem dado.   Mas, para isso, é preciso ter argumentário e capacidade de proposta e, sobretudo, coragem para, se necessário for, romper com um memorando que já nada tem a ver com o original, negociado pelo anterior Governo com a bênção de PSD e CDS, então na oposição.
 
Como é óbvio, o País já não aguenta.   E das duas, uma:   ou se trava a espiral recessiva já denunciada pelo Presidente da República - (a propósito, alguém sabe onde está Cavaco Silva?) - enquanto é tempo, ou, chegados ao nosso trágico destino, já nada haverá para salvar.   A escolha é simples.   Porque, como escreveu um dia Victor Hugo, "entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa".
 
(Nuno Saraiva, In DN - 16/02/2013)  (Os sublinhados são deste blogue)
 
 

 
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A História Soviética - uma história onde o horror e a violência não têm limites!

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Há cerca de 21 anos, no dia 26/12/1991, desfez-se o regime mais tirânico e homicida da história:   o regime comunista soviético.   Após tímidas medidas de abertura, iniciadas por Mikhail Gorbachev, o sistema não aguentou mais todas as suas contradições internas e, impulsionado por uma enorme insatisfação popular, pelo caos, pela fome e pelo total empobrecimento do seu povo, o inevitável resultado final foi o colapso seguido pela desintegração.

Essa desintegração do comunismo soviético não representou apenas um passo incalculável rumo à liberdade, pois libertou da opressão e da tirania milhões de pessoas, como também teve uma importância fundamental no campo da teoria económica:   o colapso da URSS demonstrou de maneira cabal a validade da teoria de Ludwig von Mises, exposta ainda em 1920, a respeito da impossibilidade do socialismo.

Porém, quem não conhece a história está condenado a repeti-la...
Infelizmente, apenas teorias não são o suficiente para convencer as pessoas sobre o quão perverso e diabólico é o comunismo, e o quão imoral é defendê-lo;   muitas vezes são necessários relatos e imagens para ilustrar o quão abominável e execrável é esse regime.

Especialmente agora que vivemos uma época em que intelectuais, professores universitários, assim como os meios de comunicação, incentivam com profunda intensidade ideias abertamente socialistas, nunca é demais ressuscitar e relembrar todas as "proezas" do marxismo na URSS, pois elas ilustram claramente tudo o que inevitavelmente acontece a uma sociedade quando o socialismo é imposto.

Como explicou George Reisman:
"Mesmo que um governo genuinamente socialista fosse eleito democraticamente, o seu primeiro acto de governo ao implantar o socialismo teria de ser um acto de enorme violência, ou seja, a expropriação à força dos meios de produção."

A eleição democrática de um governo socialista não alteraria o facto de que o confisco da propriedade contra a vontade dos proprietários é um acto de força.   Uma expropriação da propriedade pela força baseada no voto democrático é tão pacífica quanto um linchamento decidido por votação.   Trata-se de uma violação primordial dos direitos individuais.   A única maneira do socialismo ser realmente implantado por meios pacíficos seria se os proprietários doassem voluntariamente a sua propriedade ao estado socialista.   Mas, pensemos nisto.   Se o socialismo tivesse de esperar que os donos de propriedade doassem voluntariamente a sua propriedade ao estado, este teria certamente de esperar para sempre.   Logo, se o socialismo TEM de ser implementado, então ele só pode existir por meio da força — e força aplicada a uma escala massiva, contra toda a propriedade privada.

O socialismo só pode necessariamente começar com um enorme acto de confisco.   Aqueles que desejam seriamente roubar a propriedade alheia devem estar preparados para matar aqueles que pretendem oferecer resistência.

Este é provavelmente o melhor (e mais chocante) documentário sobre a história da União Soviética (The Soviet Story), com legendas em português.   Veja-o e entenda porque é que é absolutamente imoral ter sequer a mínima simpatia por esse regime.

(Fonte:  FreedomParadox)




terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

BPN - o rótulo maldito ou, Quando os verdadeiros culpados são promovidos!

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Ok, o Franquelim demite-se, mas quem se fuzila?

 
Importam-se de me explicar melhor o caso Franquelim?   Eu não o conheço, nunca o vi na vida, apenas sei que ele foi administrador da SLN.   Entrou em janeiro de 2008, um mês antes da saída de Oliveira Costa (que foi substituído por Abdool Vakil).   Em Junho do mesmo ano, Miguel Cadilhe entrou para presidente da SLN e BPN, saindo Vakil.   Nessa mesma altura, a administração comunica ao BdP o escândalo do Banco Insular.   Em outubro, Franquelim abandonou a SLN;   em novembro o banco foi nacionalizado.
 
Franquelim foi ouvido no Parlamento a 24 de março de 2009, na Comissão de Inquérito, onde foram ouvidas diversas pessoas.   Disse que o maior erro da sua vida foi ter aceitado aquele lugar e que se soubesse o que lá se passava "jamais teria postos os pés naquela casa".   Quando lhe perguntam porque só em junho se denunciaram as irregularidades, ele respondeu que só no final de maio teve a certeza de que aquilo que se dizia era verdade.   Ok. Franquelim demorou seis meses a ter a certeza.   E Constâncio?   E o Banco de Portugal?   E as diversas instituições, inclusive do Estado, que tinham negócios com o BPN?   E Cavaco Silva?
 
Não faço ideia da competência de Franquelim, mas pela informação disponível que tenho, se por isto ele é suspeito, muita gente merecia ser julgada, presa e até fuzilada!   É que não encontro nos relatos nada que o possa condenar.   A menos, que na fúria irracional que por aí vai, desconfiemos de todos - mas todos - os que passaram pelo BPN e pela SLN;   de todos os que o deviam ter regulado e não o fizeram, de todos os que contribuíram para a sua nacionalização (e aí, sim, perdemos nós contribuintes, muito dinheiro) e de todos os que tiveram a mais remota ligação com estas empresas.   Mas, nesse caso, caros leitores, vai meio país preso...   e sem garantias de que alguém que sobeje seja mais sério do que o dito Franquelim.
 
Eu sei que nada disto é popular, mas o enorme escândalo que é o BPN tem culpados a sério.   Não me parece que algum deles se chame Franquelim...

(Henrique Monteiro, In Expresso, (Imagem picada daqui)