segunda-feira, 10 de maio de 2010

Acabou-se a festa, pá...






Quinta-feira, 6 de Maio de 2010 (www.expresso.pt)


Aproximamo-nos do fim da linha, da hora da verdade. Trinta e mais anos a viver sem produzir riqueza e a endividarmo-nos por conta da riqueza que um dia haveremos de produzir, acabaram finalmente por nos colocar em frente do espelho para nos encararmos a nós próprios. Escrevo depois de ter perdido meia hora de trabalho bloqueado por uma qualquer manifestação em S. Bento - não sei se dos professores ainda em luta da abolição dos últimos resquícios da fracassada tentativa governamental de os pôr a ganhar de acordo com o mérito e a produção, ou se de trabalhadores de outro sector que terão lido as tarjas colocadas pela CGTP no Marquês de Pombal: "Exigimos aumento de salários e pensões".
Pois, exigimos... É o que de melhor soubemos fazer desde o 25 de Abril: exigir.


Com o país falido, os sindicatos exigem aumentos de salários e pensões e os geniais gestores públicos que conseguem a proeza de obter "resultados" administrando monopólios exigem também que ninguém toque nos seus pornográficos prémios de gestão. Uns e outros vivem tranquilos à sombra das exigências e daquilo a que chamam direitos adquiridos ou "contratualizados" - o que é a mesma coisa, em linguagem nova-rica. E quem pagará tanta exigência? Oh, claro, a srª Merkel, culpada de dirigir um país que tem de honrar o título de "locomotiva europeia", que se reconstruiu das cinzas há sessenta anos pelo seu esforço e mérito e que, egoísta como é, não quer partilhar com os "PIGS" a factura do seu desgoverno.


A 'insensível' srª Merkel, ao que nos contam, está mais preocupada com a sua opinião pública e a eleição regional da Renânia-Vestfália (da qual depende a sobrevivência do seu governo de coligação) do que com a missão que a 'Europa' atribuiu à Alemanha de a socorrer em qualquer situação de necessidade. Para já, a 'Europa' exige à srª Merkel e à Alemanha que assuma um quinto da factura de 135.000 milhões de euros necessários para acorrer à Grécia, depois de esta ter passado vinte anos a desbaratar ajudas europeias (de que foi das mais beneficiadas), a acumular défices para, entre outras coisas, pagar reformas aos 50 anos de idade, e, no fim falsificar as contas públicas e esconder dos seus parceiros do euro o descalabro financeiro em que vivia. Enquanto os alemães pagavam o custo da sua reunificação e o grosso das despesas da tal 'Europa'.


Agora a Grécia, depois Portugal, a seguir a Espanha, talvez também a Irlanda e a Itália. Claro que, se a Alemanha não se comover, adeus euro, talvez mesmo adeus União Europeia. Mas ponham-se na pele de um alemão, ponham-se na pele dos nossos emigrantes que lá trabalham no duro, e digam lá se iam a correr, entusiasmados, salvar a 'Europa'.
E as agências de notação financeira, ah, esses filhos-da-mãe da Standard and Poor's, da Fitch, da Moodys, a alimentarem a especulação contra nós e os gregos? Esses malandros que, vejam lá, olham para o nosso histórico, vêem que passámos a última década inteira a crescer menos de 1% ao ano, enquanto a despesa do Estado crescia cinco vezes mais, e permitem-se duvidar da nossa capacidade de domesticar o monstro nos anos próximos!


Sim, porque nós, se nos derem oportunidade, vamos a correr comprar títulos da dívida pública portuguesa, tamanha é a fé que temos na nossa capacidade de gastar apenas o que produzimos! Claro que eles são uns 'incendiários', mas só porque encontram terreno preparado para arder.
Porque será que não acreditamos naquilo que acusamos os outros de não acreditarem também? Eu explico, pela parte que me toca. Com alguns exemplos concretos - nem sequer os mais significativos, apenas representativos.


Primeiro exemplo: viram aquela imagem do dr. Jardim, de mãos postas como quem reza a um salvador, acolhendo o engº Sócrates no Funchal, acabado de desembarcar do Falcon? Eu sei que as fotografias às vezes mentem: um mau ângulo pode inverter a verdade de um momento. O problema é que aquela imagem correspondia exactamente ao conteúdo do momento. Sócrates desembarcou e Jardim disse-lhe "são 1300 milhões". Sócrates respondeu: "Ok, dou 1100". Jardim voltou-se para trás, para o seu povo, e disse-lhe: "no passado, eu jurei que o sr. Pinto de Sousa era um bandido. Mas agora quero jurar que o engº José Sócrates é um patriota e um amigo da Madeira". Sócrates sorriu, virou-se igualmente para trás e entregou ao seu assessor, sem ler, a folha onde Jardim tinha rabiscado as contas que suportavam a extraordinária factura de 1300 milhões da enxurrada da Madeira. Abriu os braços e exclamou: "há alturas na vida das nações em que o que menos conta é o dinheiro".


Segundo exemplo: depois de ter conseguido que o Governo lhe entregasse toda a área de exposições do CCB para servir de armazém à sua colecção particular de pintura, sem ter de pagar um tostão por isso e sem dar qualquer contrapartida; depois de ter conseguido que o Museu/Colecção Berardo fosse o único museu do país com entradas à borla (assim justificando o "êxito" e o "interesse público" do contrato celebrado com o eng.º Sócrates); depois de ter garantido que o Estado cumpria religiosamente o compromisso mútuo de meter meio milhão de euros por ano para compras destinadas a engrossar a sua colecção, o 'mecenas' Berardo achou-se desobrigado de fazer igual, preferindo pagar em espécie o meio milhão que lhe cabia.


E quando a ministra, posta ao corrente do facto, se atreveu a arquear uma sobrancelha, ele veio, sobranceiro e no seu português típico: "if ministra no contente, I pack my bags and go!" Eu também vou propor às Finanças que, em vez de pagar o IRS em dinheiro, me aceitem uns manuscritos, umas roupas velhas, uns óculos partidos - coisas da minha colecção particular...


Terceiro exemplo: em 2006, o engº Sócrates ficou fascinado com o projecto de construção de um autódromo no Algarve. Nem o desastre da nacionalização (!) do autódromo do Estoril - (brilhante operação do também socialista Pina Moura, que ainda hoje sobrecarrega o erário público, sem qualquer utilidade) - o fez pensar um pouco, antes de se atirar de cabeça. Atirou-se: deu-lhe um projecto PIN, 130 hectares de Reserva Agrícola Nacional para urbanizarem e 12% de participação pública na empresa "privada" Parkalgar - o resto bancou o BCP, numa das suas geniais operações de crédito.
Mas em 2009, segundo as escutas do "Sol", o então administrador do BCP, Armando Vara ("allways on my mind"...), desabafou com o secretário de Estado do Desporto que aquilo era "um sorvedouro de dinheiro... irracional, do ponto de vista económico".


E, como lhe competia, enquanto administrador do credor, tentou, conta o "Sol", passar o crédito "tóxico" que tinha em carteira. Adivinhem para quem? Para os contribuintes, é claro. Segundo o jornal, Vara, disse a Laurentino Dias que "não há razão nenhuma para a Caixa não meter lá dez milhões", já que "aquilo só vai lá com capital público... sem preocupações de retorno". E, por isso, ele achava que "o chefe" (que já sabemos quem não é) "devia dar um conforto". Pois que "é irracional, mas está feito, e um dia qualquer o Estado nacionaliza aquilo - que é a solução". Preparem-se, pois: um dia seremos o único país do mundo que tem, não um, mas dois autódromos sem corridas e ambos comprados pelo Estado aos empreendedores visionários que os construíram. Estão a ver por que a Standard and Poor's não acredita em nós?


Querem mais exemplos? O contrato da auto-estrada do Pinhal Interior (procure no mapa), assinado à pressa entre a Brisa e a Mota-Engil, no mesmo dia em que o ataque à dívida pública atingia o máximo (tal como o contrato celebrado entre a APL e a mesma Mota-Engil, para o Terminal de Contentores de Alcântara, também assinado a correr, assim que se levantou publicamente a vontade de contestar o negócio, jurídica e politicamente). Mais 1200 milhões para reforçar a nossa posição de país com mais quilómetros de auto-estrada por habitante de toda a UE.

Outro: o 'comboio-fantasma' de Oeiras ou as dívidas das empresas municipais, utilizadas como expediente para contornar os limites de endividamento das autarquias. Outro ainda: a arrogância dos accionistas das empresas participadas pelo Estado, recusando-se a acatar as instruções do Governo para suspender ou, ao menos, limitar os prémios de gestão, que são um insulto público. E este: os dois dias de tolerância de ponto e de caos nas cidades, porque vem aí o Papa e o país tem de parar.
Poderiam ser dezenas de exemplos. Mas não vale a pena, já. Quem quer perceber, percebeu há muito. Quem não quer, vai perceber da pior maneira. Só não digam, depois, é que não sabiam.

Texto publicado na edição do Expresso de 1 de Maio de 2010
Ilustrações por Milan Kem-Dera
.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mesmo sabendo quem é... ainda assim me surpreende!


Ele há coisas e gente que, mesmo tratando-se de quem se trata, me deixam atónito e sem palavras para comentar!... Melhor mesmo é ver, que uma imagem vale mais, muito mais, do que mil palavras... palmar assim dois gravadores de uma vez só!  Grande "virtuosismo" de mãos...  de veludo!... Terá tomado lições com o David Copperfield?




Para quem não sabe destas coisas, eram dois gravadores iguais a estes (antes de serem palmados). Se alguém os vir por aí... é favor avisar a Revista SÁBADO.


.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Carta Aberta ao Primeiro Ministro... em vídeo!


Grande Lúcia Pimenta, estou contigo. Quando isto for ao fundo (e não faltará muito.. ), vamos ter que nos atirar ao mar, mas desta vez em caravelas de "papel". Embarcarei contigo na primeira delas...


.

Só esta me faria rir... nos tempos que correm


Non habemus esperma!


COM A CRISE ao rubro, Portugal de rastos, os portugueses sem ponta por onde se lhes pegue, o juiz desembargador Eurico Reis proclamou:

-Existe falta de esperma em Portugal!

O desembargador da Relação de Lisboa sabe o que diz, porque é o Presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida. Antes, já dera nas vistas na Comissão da Carteira dos Jornalistas, a exigir que os portadores daquele título profissional viessem de espermatozóides respeitáveis,  para afastar os filhos da mãe.

Mesmo que fiquemos todos ceguinhos a ordenharmos o de cada um para um copo esterilizado, não conseguimos ajudar quem não pode continuar a Pátria. O juiz diz que temos de importar esperma enquanto não inaugurarmos o centro público de recolha prometido por Sócrates para o Porto. Mas sem dinheiro, não vamos lá. Nem à mão.


A Faculdade de Medicina do Porto levou 25 anos para recolher 980 amostras. Não se sabe se as “francesinhas” ajudam, mas de borla, para um copo, com revistas a preto e branco e “lingerie” ultrapassada, é um bom resultado! Imaginem este meio milhão de desempregados que o Sócrates criou agora, com vídeos a cores e 5 euros por cada copo! Coitados, até fazem horas extraordinárias!

Por Joaquim Letria
in «24 horas» de 3 Maio 2010
 

Novos talentos musicais: Hilary Hahn

E, no alvorecer deste século XXI, aí temos o mais recente talento no violino: Hilary Hahn. Nem todos conseguem extrair 4 vozes em simultâneo de um instrumento concebido apenas para uma.
O virtuosismo que este novo génio do violino imprime na sua execução, faz-me lembrar dois dos maiores violinistas do século passado: YEHUDI MENUHIN e ITZHAK PERLMAN, por acaso (ou talvez não) ambos judeus; aquele nascido nos EUA (1916-1999), este nascido em Israel em 1945.

Vale a pena ouvi-la, neste "Grand Caprice on Schubert's Der Erlkönig, Op. 26" de  Ernst




segunda-feira, 3 de maio de 2010

Pela sua bitola... ou talvez, sem bitola nenhuma!

Pela sua bitola

Daniel Oliveira (in www.expresso.pt)
Segunda-feira, 3 de Maio de 2010

Sócrates escolheu os desempregados para cordeiro da crise. Não fez contas e explicou que os cortes no subsídio são "o incentivo certo para trabalhar". Julga que 700 mil desempregados vivem de esquemas.

Quando foi preciso mostrar um cordeiro para o sacrifício, os escolhidos foram os desempregados. Os mercados querem ver sangue, dizem os entendidos nestas coisas de talhantes. E nada melhor do que os que perderam o emprego para a função.

Na última sexta-feira, no Parlamento, quando lhe foi perguntado quanto pouparia com os cortes do subsídios de desemprego que tão orgulhoso decidiu antecipar, Sócrates embatucou. E depois lá disse: -não há estudo nenhum. Assim, sem qualquer ideia do impacto que a coisa terá, degrada-se ainda mais a vida de quem já a tem desfeita.

Depois de confessar a ligeireza, José Sócrates tinha de dizer alguma coisa. Saiu-lhe uma frase que faria corar de vergonha o senhor Paulo Portas: "há pessoas no desemprego que precisam de ter o incentivo certo para trabalhar". Ou seja, quem está desempregado tem nestes cortes um incentivo para sair da boa vida que leva. Os empregos estão aí, e há 700 mil portugueses (acreditando nos sempre optimistas números oficiais) que só não trabalham porque não querem. Vale a pena ver alguns dos trabalhos e respectivas remunerações que o Estado publicita nos seus sites para perceber como há quem se aproveite da desgraça alheia.

É quando perde o guião, que José Sócrates diz o que realmente pensa. E o que pensa podia ser dito por um qualquer oportunista que nunca perdeu um segundo a pensar nas razões que o levaram a militar num partido que se chama "socialista". Podia dizer que o seu raciocínio é de direita e que o facto de ter, na mesma intervenção, falado da "esquerda moderna", só demonstra até onde pode ir o cinismo. Mas não é isso.
Na verdade, Sócrates não faz a mais pálida ideia do que seja ser de direita ou a de esquerda. É um homem sem valores políticos e sem raízes ideológicas. Um autoritário que por ser autoritário aparenta ter convicções. Não tem nenhuma.

Mas o mais grave não é o vazio ideológico. É a insensibilidade e a ignorância. Um primeiro-ministro que diz, num país onde todos os dias mais gente se vê na total incerteza em relação ao seu futuro, uma frase destas não merece perdão. Ao pé do que isto revela, pequenos e grandes casos que envolveram o seu nome são irrelevantes. E é a ignorância (naquilo que ela tem de mais profundo) de quem está convencido que a maioria das pessoas não tem brio e não se importa de se socorrer de esquemas para se safar na vida. Compreende-se que assim pense. Todos temos uma certa tendência para avaliar a vida dos outros pela vida que tivemos.
__________________________________________________________________________________

Comentário: -esta medida seria muito mais eficaz se, em vez de retirar apenas 25%, tivesse retirado tudo. Assim, talvez os 700.000 desempregados decidissem, finalmente, ir ocupar aqueles 150.000 postos de trabalho tão prometidos pelo PM nas legislativas de 2005!...  

domingo, 25 de abril de 2010

O 25 de Abril... para memória futura

O cravo virou crisântemo... propõe-se que passe para 2 de Novembro, dia dos finados.

...
Trinta e seis anos depois, instalou-se a desconfiança, a desilusão, a sensação de fraude generalizada. Quem fez e viveu a Revolução ou se instalou no poder – os que repetem o mesmo discurso vazio em qualquer data importante ou ocasião solene – e nas mordomias a ele associadas ou se afastou dos centros de decisão, afundando-se na amargura e na falta de fé numa mudança. É transversal, este sentimento, mas é mais forte na gente de esquerda, os que se sentem traídos por uma Revolução que nunca se cumpriu.

Pode-se compreender este baixar de braços, mas é mais construtivo questionar as razões da desistência. As gerações que se seguiram – a minha, geração rasca, as que virão – estão a sofrer na pele as consequências deste desânimo e acomodamento. O trabalho precário tornou-se regra, e não se vê qualquer vontade, em qualquer partido, de acabar com este estado de coisas. Os licenciados que ganham menos de 600 euros (geração 1000 euros, como em Espanha, o que é isso?) e trabalham a recibos verdes são o futuro do nosso país. Percebe-se onde isto vai, inevitavelmente, levar. O que fazem os pais, os que ainda têm a sorte de manter um emprego no Estado? Com muito boa vontade, continuam a alimentar os filhos até estes chegarem uma idade em que se vêem perdidos na encruzilhada da sua própria derrota.

Os antigos revolucionários, que exultavam com a vitória da liberdade, agora acomodam-se a uma classe política corrupta, incompetente, e que parece pior a cada encarnação, adaptam-se às regras do liberalismo económico, que ainda por cima não funciona como devia: por cá, o capitalismo aproxima-se mais de uma espécie de corporativismo de fachada – é verdade, e é uma pena afirmar isto, mas neste aspecto não estamos muito longe do Estado Novo.
...
(Excerto de 25 de Abril, in Arrastão, de Sérgio Lavos, aqui)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Humor... a quanto obrigas!...

Em todas as histórias da História há sempre maneira de dar a volta ao texto, e reescrevê-las no ridículo. É o humor inteligente baseado em factos reais...

domingo, 18 de abril de 2010

Em viagem pela Noruega... de moto, claro!

Extraordinário filme sobre uma inesquecível viagem pelas fantásticas paisagens da Noruega! Não acredito haver alguém que não sonhe com uma tão bela aventura.  Gravado em HD e com som HQ, aconselho a ligar o amplificador e colocar o som bem alto... e sonhar!

BMW R1200RT - A Journey through Norway
.

E novamente, Cidinha Campos ao ataque!

E os corruptos brasileiros que se cuidem!
Ah!... mas como era bom que ela tivesse uma irmã gémea que nos pudesse dispensar! Portugal e os portugueses agradeciam!
Com tantos corruptos e incompetentes que nós por cá abrigamos e mantemos, sem que a nossa Justiça (de faz-de-conta) lhes ponha a mão, esta Deputada faria toda a diferença no nosso Parlamento. Cheio de hipócritas engravatados, dos salamaleques e das palmadinhas nas costas, quase se esfolam no hemiciclo para depois, logo a seguir e nos corredores e gabinetes, se cumprimentarem e abraçarem na maior das cordialidades e até intimidades, esquecendo toda a encenação anterior!
E apenas uma pequena porta separa estes "dois mundos" neste muito peculiar convívio à portuguesa... 



.

A Atlantis... e o culto Mariano!

Então não é que a ATLANTIS decidiu aderir ao incentivo feminino ao culto Mariano?!...
E parece que as adesões têm sido em massa! E não tem sido só o mulherio, não...

sábado, 17 de abril de 2010

Imperdível... este “Convite para jantar”

Muitas vezes dou comigo, por mero acaso ou de propósito, a visitar e a ler com agrado certos blogues femininos. É bom para desanuviar dos maçudos e inquietantes escritos que povoam os blogues masculinos sobre política.
A escrita delas é alegre, é leve, descontraída e divertida. Principalmente divertida, com um sentido de humor muito próprio e sensual que se percebe logo da leitura das primeiras frases. E depois, falam de coisas “picantes” com o mesmo à vontade de quem toma um refrescante sumo de ananás numa alegre esplanada de verão junto à praia.
São disto exemplo os blogues: “Corporativismo Feminino”, "Subterfugioss", “Cenas de Gaja”, “Aliciante”, “Com Muito Prazer”, e tantos outros.

E foi de um destes que terei retirado, há tempos, esta crónica deslumbrante e vibrante de sensualidade humorística, cuja leitura integral vos aconselho.
__________________________________________________________________________________


O Convite para Jantar


Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que isso desencadeia em nossas vidas.
O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres. Acho importante que eles saibam o que se passa nos bastidores:

Você, mulher, está flirtando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar. Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?' Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'!
Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia.
Evidentemente, você também pára de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui para a frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável, diga-se de passagem...


Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando 'mão, tudo bem, mas porquê pé, se ela vai de botas?' Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no... bonito!
Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon! Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato? Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão é pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino.
OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa de... melhor mudar de assunto...

As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc. Eu não faço, mas conheço quem faça. Ah sim, já ia esquecendo, tem a depilação.
Essa, os homens não podem nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, virilha, sobrancelha etc, etc. Tem mulher que depila até o cú!... Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem...

Dia seguinte:
É hoje seu grande dia. Quando vou sair com alguém, faço questão de dar uma passada na academia no dia, para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar.
Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para + ou para - ! Se te serve de consolo, ele não vai perceber. Aliás, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê).
Mas é como dizia Angie Dickinson: 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'.


Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem. Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para + ou para -, vem a etapa do banho.
Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel. Depois vem a hora de vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (provavelmente imaginação nossa), mas eu juro que acontece.
Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica uma merda. Se for um desses dias em que seu corpo está uma merda e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com uma pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'. O chato é ter que refazer a maquiagem.
E quando você inventa de colocar aquela calça apertada, deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas.

Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da lingerie. Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável. Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método anticoncepcional.
Você pensa 'eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foooda'. Você veste a calcinha. Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento.
Aí você começa a pensar 'e se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo!'
Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda. Melhor prevenir.


Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável. Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito mas confortável.
FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Ex: Vou com roupa confortável e sapato assassino.
Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar!’ Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma vez, um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar! Porque eu não dei o sapato? Porra... me custou muito caro. Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho. Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito cocô para ver se evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica.
Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo 'será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...' Começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito. Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os 1ºs encontros e que quero voltar tartaruga na próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar.


Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro? 'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?' Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas, a menos que seja algo muito grave! Eu fico puta, puta, PUTA da vida! Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada.
Se fode aí, cara! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essas alturas, a dieta radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar! Não cancelem encontros a menos que tenha acontecido algo muito, muito, grave! do tipo: MORRER A MÃE OU O PAI, TER UM AVC NO TRÂNSITO.

Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata 'HUMMM... tá cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito perfume, porra'). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, porque acho que homem que repara muito é meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver.
Pois é, minha amiga, você passou a noite toda com a rendinha atochada no rego (que por sinal custou muito caro) para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar.


Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos dos pés, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino. Quando ele conta piadas e ri eu penso 'é, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'.

A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética. Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira.

Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca. Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro. Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:


Roupa............... .......... ......... ....... 200€
Lingerie.... ......... ......... ......... ......... 80€
Maquiagem... ......... ......... ..... ........... 50€
Sapato...... ......... ......... ......... ....... 150€
Depilação..... ......... .......... ......... .... 50€
Mão e pé........... ......... ........ .......... 15€
Perfume..... ......... ......... ........ ....... 80€
Pílula anticoncepcional. .......... ............ 20€

Ou seja, jogando o valor bem pra BAIXO, gastamos, no barato, 500€ para sair com um Zé Ruela. Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL?
A gente gasta muito mais para sair com eles do que ele com a gente!

(Texto e imagens picados daqui)

___________________________________________________________________________________


E pronto... agora só me apetece dizer:
'Mulheres existem para serem amadas, não para serem entendidas.' (Vinicius de Moraes)
.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pelos caminhos da India... de mota!

E depois de ver isto... quem se queixará mais das nossas estradas?


É preciso ser muito louco... ou ter tomates de boi


Porque é tão bom viajar de mota



Viajar de moto é uma das experiências mais fascinantes que se pode ter nessa vida. Quem não tem o coração de motociclista, provavelmente nunca entenderá o porquê.
Mas até mesmo eu, às vezes, fico-me perguntando: afinal, por que é tão bom assim?
Não tenho respostas, só alguns pensamentos.

Em primeiro lugar, viajar de moto evoca sentimentos de tempos e realidades muito distantes de nós; é como se nos transportássemos para outra época e, de repente, lá estamos nós com a nossa armadura, baixando a viseira do nosso elmo, preparados para uma missão distante e desafiadora. No fundo, mesmo que isso pareça meio estranho, todo o motociclista se sente como um guerreiro, deixando a segurança e o conforto de sua casa para ir adiante, desbravar territórios e vencer desafios.

Também existe um sentimento quase místico, como se estivéssemos saindo de nossa própria vida, vendo o que há lá fora. Viajar de moto é estar em movimento, é deixar a monotonia. A casa, o trabalho, nossa cidade, tudo fica para trás e seguimos adiante rumo ao desconhecido, mesmo que seja apenas a cidadezinha turística a 100 km dali.

Viajar de moto também nos coloca em contato com uma outra vivência de relacionamentos que rompe com os paradigmas da vida moderna. Não há chefe, nem subordinados, apenas amigos e companheiros. E nenhum deles é melhor do que o outro, ninguém está competindo, somente compartilhando.


Há também uma intensa ligação com o campo do conhecimento. Todas as matérias estudadas numa sala de aula são experimentadas, mas de uma forma muito diferente da que qualquer professor nos conseguiu  proporcionar. A matemática está alí o tempo todo: são rectas, curvas, tangências, ângulos, 100, 120, 140..., melhor parar por aqui. A física, então, nem se fala: inércia, aceleração, movimentos retilíneos (uniformes ou não), calor, velocidade do vento; porque isto não parecia interessante na sala de aula?

A geografia e a biologia também são matérias sempre presentes em vales, montanhas, serras, colinas, rios e cachoeiras, pássaros (sim, eles ainda existem). Até mesmo a história, seja dos lugares ou das pessoas que encontramos, acaba nos atraindo.

O português não fica de fora, e nem limitado à leitura de algumas placas; viagem de moto combina com histórias, contos, poesias, música; tudo inserido em longas conversas e não circunscritas a aulas, cadernos e horários.


Numa viagem de moto também entramos em contato com os nossos valores mais elevados. Coisas como liberdade, respeito, responsabilidade, solidariedade, estão sempre presentes. Até mesmo o nosso contato com o Criador é estimulado; nossa mente viaja também, medita, contempla. Diante de todas estas experiências olhamos para o dom maravilhoso que nos foi dado - a vida, e para aquele que nos deu tudo isso e somos levados a dizer, ainda que sem palavras: "muito obrigado".
 
(in Blog do Youssef - Brasil)
.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Os sacrifícios de Mexia ...




António Mexia sempre defendeu menos Estado e mais sacrifícios para garantir o futuro do País. Estado nunca lhe faltou. Sacrifícios é coisa que não parece conhecer.

"Terão que se assumir sacrifícios no curto prazo por forma a obter vantagens no médio prazo, devendo esta geração evitar carregar inutilmente as próximas." São estas as palavras de António Mexia que se podem ler no site dos liberais caseiros do Compromisso Portugal. Só que, como de costume, quando Mexia diz que se terão de assumir sacrifícios não está a falar dele próprio.

Soubemos esta semana que Mexia recebe 3,3 milhões por ano. O mesmo que 500 trabalhadores com o salários mínimo nacional. Aquele salário que, por ser aumentado em vinte euros, iria, garantiram as associações patronais, rebentar com a nossa competitividade. Recordo o que aqui já escrevi: os nossos gestores recebem em média 32 vezes mais do que os trabalhadores mais mal pagos das suas empresas. Na Alemanha a média é 10 vezes mais. Querem mesmo falar dos salários e da competitividade das nossas empresas?


Dirão: a EDP é uma empresa privada. Não temos nada a ver com isso. Acontece que é uma empresa privada que foi pública e onde o Estado continua a ser o maior accionista. E que vive em regime de monopólio. O ordenado de Mexia é pago pelos consumidores que não podem decidir mudar de empresa. E, recorde-se, o preço da electricidade doméstica em Portugal é, em termos absolutos, superior ao da média comunitária. Na factura lá estão o salário e prémios de António Mexia.

E acontece que o currículo de António Mexia, apesar de se tratar de um convicto liberal sempre a pedir menos Estado, é bastante esclarecedor: foi Adjunto do Secretário de Estado do Comércio Externo, Vice-Presidente do Conselho de Administração do ICEP, Presidente dos Conselhos de Administração da Gás de Portugal e da Transgás, Vice-Presidente da Galp Energia, Presidente Executivo da Galp Energia, Presidente dos Conselhos de Administração da Petrogal, Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Presidente do Conselho Geral da Ambelis e representante do Governo Português junto da União Europeia no Grupo de trabalho para o desenvolvimento das redes transeuropeias. Agora está na EDP. Tirando a sua vida académica e uma passagem pelo Banco Espírito Santo, trabalhou sempre, seguramente contrariado, para o Estado ou para empresas participadas pelo Estado. E quase sempre por escolha política.

Este homem, que fez a sua vida profissional à boleia da política e do Estado, quer menos Estado. Faz-se pagar como os 200 que mais recebem nos EUA e exige sacrifícios a bem das próximas gerações.

E foi ele mesmo, sempre lesto a gritar pelo mérito, que contratou, se bem se recordam, Pedro Santana Lopes (seu ex-primeiro-ministro) para assessor jurídico da EDP. Porque os amigos são para as ocasiões.

E fez este senhor parte desse patusco encontro de gestores que exigiu, em 2006, o congelamento salarial dos funcionários públicos. Sacrifícios, já se sabe, têm de ser feitos

São estes homens, transformados pela imprensa em oráculos da Nação, que nos dão lições de competitividade, meritocracia e estoicismo para vencer as adversidades. Falam de cátedra. Mas não sabem do que falam.

(Daniel Oliveira, in www.expresso.pt - Terça-feira, 6 de Abril de 2010 )

.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Esta ainda está fresquinha... apesar de antiga



(in Diário Digital, segunda-feira, 5 de Abril de 2010)

Sócrates assinou 21 projectos quando era exclusivo da AR


O actual chefe do Governo português assinou 21 projectos de edifícios particulares como projectista da Câmara Municipal da Guarda, enquanto trabalhava, em regime de dedicação exclusiva, na Assembleia da República (AR). O caso já foi alvo de um inquérito interno na autarquia e de uma denúncia dos vereadores do PSD da Guarda ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra.

O inquérito da autarquia concluiu que todos os procedimentos legais foram respeitados e o DIAP ordenou o arquivamento do inquérito por considerar que eventuais crimes já prescreveram.

Ainda de acordo com a edição desta segunda-feira do Público, o actual primeiro-ministro foi afastado da Câmara da Guarda, onde trabalhava como projectista de edifícios, em 1990 e 1991, devido à falta de qualidade dos seus projectos e da falta de acompanhamento das obras, chegando mesmo a ser ameaçado com sanções disciplinares e sendo criticado severamente.

Segundo o diário, em 26 processos de licenciamento em que o então engenheiro técnico estava envolvido, o seu nome foi substituído na direcção técnica de obras em três deles, sem que ele ou o dono da obra o tenham requerido.

Em dois destes casos, Sócrates foi repreendido por escrito pelo então presidente da câmara, Abílio Curto, que veio a cumprir pena por corrupção. A repreensão foi aprovada por unanimidade na Câmara, admoestando-o pelo «pouco cuidado posto na elaboração do projecto», em 1987, e pela «falta de fiscalização das obras de que é autor dos projectos, devendo fiscalizá-las rigorosamente», em 1990.

Alguns técnicos camarários já tinham subscrito diversas críticas à falta de cumprimento dos regulamentos em vigor. Na terceira obra da qual foi afastado, em 1991, a decisão também partiu da autarquia, mas não se percebe a sua razão. Nesse ano, José Sócrates tornou-se porta-voz do PS para a área do Ambiente e membro do secretariado nacional do partido.

«O senhor eng. técnico José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa foi já advertido pelo pouco cuidado que manifesta na apresentação dos trabalhos apresentados nesta câmara municipal e continua a proceder de igual forma, sem o mínimo respeito por ela e pelos seus técnicos (...) Deverão solicitar-se mais uma vez os elementos nas devidas condições e adverti-lo que não se aceitarão mais casos idênticos, sob pena de procedimento legal." A informação conclui, observando que se Sócrates "não pode ou não tem tempo de se deslocar à Guarda para fazer os trabalhos como deve ser só tem um caminho que é não os apresentar», escreveu o então chefe da repartição técnica da autarquia.
_______________________________

Mas não foi este mesmo senhor que depois disto passou a chefiar um governo, e que até prometeu 150.000 empregos?...
Onde estavam estas notícias, então?
Na Guarda andava toda a gente a dormir?  Não... tinha a protecção do Abilio Curto!
Mas o melhor mesmo é ler a notícia completa aqui, no PúblicoOnLine:

(http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/socrates-assinou-21-projectos-de-casas-quando-era-exclusivo-na-ar_1430777)
.

José Sócrates, o português assoreado!

Segundo notícia do Expresso, a edição do jornal francês "Liberation" de 18 de Março de 2010, não saíu em Portugal por "motivos de impressão".
( http://www.liberation.fr/monde/0101625174-jose-s-crates-le-portugais-ensable )
Eis aqui a tradução do que tanto amedrontou Sócrates... que até se "avariaram" as rotativas do "Libération":
________________________________________________________________________________

José Sócrates, o português assoreado
Nada está trabalhando para o primeiro-ministro socialista, cujo nome está associado a casos de corrupção, num contexto de crise económica grave.
(Por FRANÇOIS MUSSEAU envoyé spécial à Lisbonne)


Sócrates Primeiro-Ministro Português José, 7 de janeiro de 2010 em Paris (Remy AFP de Mauviniere)

A inimizade de boa parte dos média, a crise política que se transforma num impasse institucional, uma situação social explosiva, um desastre económico obrigado a medidas drásticas a curto prazo ... Como se isso não bastasse, o impetuoso José Sócrates (fracamente reeleito nas legislativas de Setembro de 2009) tem agora de enfrentar uma revolta do Parlamento que poderia forçá-lo a demitir-se ou a chamar a família política para encontrar um sucessor socialista como chefe de governo. Começa hoje em Lisboa o trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito que, pela primeira vez desde o fim da ditadura de Salazar, envolve diretamente um Primeiro-Ministro. E vai forçá-lo a aparecer fisicamente, ou melhor por escrito. "Portugal é um barco bêbado, onde o capitão é o suspeito maior de toda a tripulação", desferiu um colunista do canal privado SIC.

Segundo os economistas, de todos os países europeus sobre a banca, Portugal é certamente o elo mais fraco. Ainda mais do que a Grécia, o pequeno país ibérico sofre com problemas estruturais, as exportações a meia haste, um registo da dívida externa e um défice de 9,3%. Bruxelas espera de Lisboa as medidas concretas a respeito do “plano de austeridade "ao qual José Sócrates se comprometeu. Mas estas medidas, que prometem ser duríssimas, são esperadas ... Especialmente quando José Sócrates está ainda mais enfraquecido pelos seus problemas político-judiciais.

"Reformador". Isto é muito parecido com um julgamento político supostamente ligado a um caso de intervencionismo. Durante dois meses, um grupo de deputados vai tentar lançar luz sobre o papel desempenhado por José Sócrates na tentativa da gigante Portugal Telecom (PT, controlada pelo governo socialista) para comprar a televisão TVI, hostil ao governo. Trata-se de saber se o líder socialista tem manobrado para colocar a cadeia de TV sob seu jugo. Em junho de 2009, perante o Parlamento, Sócrates tinha solenemente negado o conhecimento de tais negociações. Se este inquérito, que vai ouvir dezenas de testemunhas, provar que o primeiro-ministro mentiu, os dias de quem prometeu "transformar Portugal em Profundidade" estarão contados.

"Embora tenha sido uma parte da solução para o país, Sócrates é agora parte do problema", diz José Manuel Fernandes, ex-editor do diário de referência Público, cuja demissão é devida a relações tensas com o líder socialista. Como muitos outros críticos, Fernandes reconhece que o tonitroante Sócrates foi, no início do seu primeiro mandato - 2005-2007 - um chefe de governo corajoso, que baixou um enorme déficit para 3% (novamente hoje cerca de 10%), reformou o sistema previdenciário (idade e tempo de avaliação aumentada), aumento das receitas fiscais, criou 150 000 postos de trabalho, fez uma limpesa na gestão de topo ... "Um bom equilíbrio entre pró-reforma, que tem mantido uma garantia para a esquerda e direita," disse o analista político Manuel Villaverde Cabral. Ele deslocou um monte de gente em lugares altos, que agora são outros tantos inimigos. "Mas se José Sócrates é tão contestado, é também porque a sua carreira é marcada por sombras e atividades suspeitas”.

Desde os seus primeiros passos municipais na região da Beira Baixa, a leste do país, ele foi envolvido em uma dezena de escândalos. Um diploma de engenharia obtido em circunstâncias suspeitas, licenças de construção concedidas duvidososamente no município de Castelo Branco, o caso "face oculta" (as escutas telefónicas ligam-no a um empresário desonesto, com um quase- monopólio industrial) ... Ou o caso do "Freeport", uma empresa britânica que instalou um centro comercial em Alcochete, um subúrbio de Lisboa, sobre um terreno protegido... com a luz verde de Sócrates, então ministro do Meio Ambiente ! "Na verdade, de todas as vezes, não há nenhuma prova formal", disse José Manuel Fernandes. Mas nada é verdadeiramente claro quanto a ele. "

Jovem lobo. Enérgico e carismático, com uma ousadia que eletrizou uma rígida política, José Sócrates também emerge como um líder intransigente, autoritário e irrascível, cuja ambição ardente irrita muitos. "A sua formação é a de um jovem lobo, sem ideologia, oportunista, um puro produto do “aparelho”, que subiu a escada de cabeça fria, assim o descreve Fernando Rosas, historiador e membro do Bloco de Esquerda. “Ele sempre esteve numa borderline. E os seus acessos de autoritarismo renderam-lhe uma imagem deplorável nos média que não são gentis com ele." Sócrates levou bem deles: vários jornalistas estrelas de TV (Mário Crespo, Manuela Guedes ...) denunciaram a "censura " exercida sobre eles pelo Primeiro-Ministro. Uma Comissão de Ética foi criado em janeiro, para esclarecer a questão. "Um dos grandes problemas de Sócrates é que ele perdeu o apoio das elites, segundo a análise de José Manuel Fernandes, o ex-chefe do Público. “Ninguém mais tem confiança nele, toda a gente tem medo de ser enganado por esta personagem conflituosa e ambígua."

Num harém político dominado por doutores, este socialista sem título prestigioso, irrita e rompe com o status quo. À maneira de um Sarkozy Português, Sócrates é um cavador, um comunicador zeloso que fagocitou o seu partido e personalizou até ao extremo o exercício do poder. Outras semelhanças: ele não tem medo de esculpir no vazio, suporta mal as críticas, perde facilmente o controle dos nervos e cultiva a permeabilidade entre política e negócios - como Jorge Coelho, um dos seus próximos, ex-ministro Socialista que entrou com a sua bênção no conselho de administração da construtora Mota-Engil.

À força de brincar com o fogo, José Sócrates encontra-se em terreno movediço, seis meses após sua difícil reeleição (uma pequena maioria no Parlamento) embora o seu índice de popularidade não pare de cair alegremente? "A priori, todos os elementos o oprimem, diz Ricardo Costa, director do semanário Expresso. Felizmente para ele, as circunstâncias protegem-no." O consenso geral, o Presidente da República, Cavaco Silva, mentor do grande partido de direita (PSD), não está interessado em convocar eleições antecipadas. Por razões de estabilidade institucional, e também porque uma votação de hoje certamente não muda muito a situação. Até janeiro de 2011, data das presidenciais, Sócrates não vai arriscar a sua pele. A menos, claro, que a comissão parlamentar de inquérito, que abre hoje, exija a sua demissão.

Sacrifícios. Mesmo que permaneça no lugar, todos lhe prognosticam um caminho da cruz até o final de 2010. Após ter concedido generosidades sociais, Sócrates irá ter que aplicar desde já o plano de austeridade ditado por Bruxelas por meio de cortes nos gastos sociais (saúde, subsídio de desemprego, os subsídios, o acesso ao RMN ...). "Durante dez anos, o poder exigiu que o Português fizesse sacrifícios", diz Manuel Villaverde Cabral, o politólogo. Eu não acredito que iremos suportar isto por muito mais tempo."

José Sócrates, preso entre a bigorna social e o martelo financeiro? "Ele tem as mãos e pés atados", acrescentou José Manuel Fernandes. O modelo industrial Português, velho de cinquenta anos, está muribundo, e nada o substitui. O país produz entre 30 e 40% do que consome. A margem de manobra de Sócrates é muito baixa."

Será que ele se vai recuperar? Ricardo Costa, do Expresso, e outros observadores estão convencidos: "Este tipo tem mais vidas que um gato. É muito duro, muito resistente, ele sabe encaixar os pregos. Um verdadeiro monstro político que põe as suas garras para fora quando está mais fraco ".
_______________________________________________________________________________

E pelos vistos o "Liberation" ter-se-á esquecido que os tais 150.000 postos de trabalho foram convertidos em cerca de 600.000 postos de DESEMPREGO...
.

Loud & clear!... Esta chama os Boys pelos Nomes!!!



A esta Deputada sim,  podemos pagar-lhe a deslocação semanal !... E tudo o mais que ela quiser.
Que falta faz por cá esta Deputada!...


.

domingo, 28 de março de 2010

Como é difícil a vida de massagista!...

Pensando bem... também não gostava nada de ter uma profissão destas. Muito repetitiva. E depois, sempre com as mãos untadas, né...

.

Sempre os mesmos a pagar a factura!

Quando comecei a trabalhar, a pátria precisava de ser salva dos desvarios do PREC e por isso pagámos mais impostos. Depois, nos anos 80, houve um choque petrolífero, salvo erro, e tivemos de voltar a salvar a pátria. Veio o FMI, ficámos sem um mês de salário e pagámos mais impostos. Mais tarde, nos anos 90, houve mais uns problemas e lá voltámos a pagar mais, para a pátria não se afundar. Por alturas do Governo de Guterres fui declarado ‘rico’ e perdi benefícios fiscais que eram, até então, universais, como o abono de família. Nessa altura, escrevi uma crónica a dizer que estava a ficar pobre de ser ‘rico’… Depois, veio o Governo de Durão Barroso, com a drª Manuela Ferreira Leite, e lembraram-se de algo novo para salvar a pátria: aumentar os impostos! Seguiu-se o engº Sócrates, também depois de uma bem-sucedida campanha (como a do dr. Barroso) a dizer que não aumentaria os impostos. Mas, compungido e triste e, claro, para salvar a pátria, aumentou-os! Depois de uma grande vitória que os ministros todos comemoraram, por conseguirem reequilibrar o défice do Estado, o engº Sócrates vê-se obrigado a salvar a pátria e eu volto a ser requisitado para abrir mão de mais benefícios (reforma, prestações sociais, etc.), e – de uma forma inovadora – pagando mais impostos.


Enquanto a pátria era salva, taxando ‘ricos’ como eu (e muitos outros, inclusive verdadeiros pobres), os governantes decidiram gastar dinheiro. Por exemplo, dar aos jovens subsídios de renda… por serem jovens; ou rendimento mínimo a uma pessoa, pelo facto de ela existir (ainda que seja proprietária de imóveis); ou obrigar uma escola pública a aguentar meliantes; ou a ajudar agricultores que se recusam a fazer seguros, quando há mau tempo; ou a pedir pareceres para o Estado, pagos a peso de ouro, a consultores, em vez de os pedir aos serviços; ou a dar benefícios a empresas que depois se mudam para a Bulgária; ou a fazer propaganda e marketing do Governo; ou a permitir que a Justiça seja catastrófica; ou a duplicar serviços do Estado em fundações e institutos onde os dirigentes (boys) ganham mais do que alguma vez pensaram.


E nós lá vamos salvar o Estado, pagando mais. Embora todos percebamos que salvar o Estado é acabar com o desperdício, o despesismo, a inutilidade que grassa no Estado. Numa palavra, cortar despesa e não – como mais uma vez é feito – aumentar as receitas à nossa custa.


Neste aspecto, Sócrates fez o caminho mais simples. Fez exactamente o contrário do que disse, mas também a isso já nos habituámos. Exigiu-nos que pagássemos o défice que ele, e outros antes dele, nunca tiveram a coragem de resolver.


(Henrique Monteiro, in Expresso de 13 de Março de 2010)
.

Não há Bela sem "senão"... e que "senão"!

.

O silêncio do vazio ou... o vazio da ex-ministra!

.

Esta é mesmo para aplaudir!

O Elogio a Manuela Ferreira Leite


Eu sei que vieram ao cheiro do título, mas lamento desiludir-vos: ele faz parte da escrita espetáculo, e foi só um pretexto para vos obrigar a engolir o que hoje me apetece :-)

Não sou do PSD, aliás, neste preciso momento já não sou de coisa nenhuma, exceto do prazer de estar na praia, quando chove na Europa, mas isso são outras lides, e, não sendo do PSD, ia propor-vos um pequeno exercício de inteligência, que seria substituir, no título, o nome de Ferreira Leite pelo nome de qualquer líder político, excetuado o do escroque José Sócrates.

Façam isso, e verão como o que escreverei a seguir manterá todo o seu sentido.

A eleição de Passos Coelho, hoje, para a direção do PSD, representa uma irónica resposta a um dos grandes temas deste espaço, que foi a crítica cerrada a uma Classe Política que tinha eliminado a chamada "Geração Intermédia", estando reduzida a duas camadas, a dos Jovens Turcos e a dos Velhos Abutres. Quer Rangel, quer Passos Coelho, representariam, sempre, a entrada em cena desta fatia etária dos guilhotinados do Sistema, e muita coisa se anuncia, embora a minha Cassandra não esteja hoje para aí virada.


 Vou, antes, falar da Idade de Ouro, porque eu adoro, e só adoro, Idades de Ouro.

Entre a eleição do Sócrates Relativo, após o Sócrates sórdido e Absolutista, e o dia de hoje, vivemos um dos períodos mais ricos e serenos da Democracia Portuguesa.

Dava gosto ouvir debates e noticiários, e ver Comunistas a fazerem elogios a Democratas-Cristãos, e Bloquistas a concordaram plenamente com teorias Liberais. Apenas os unia uma coisa, um profundo desprezo e o sentido nacional da incomodidade de se ter, como Primeiro Ministro, uma figura desacreditada, como o Agente Técnico de Engenharia José Sócrates Pinto de Sousa, ligado a tudo o que era trafulhice, negócio duvidoso, e prateleiras de imoralidade e desfaçatez.

Enquanto Português, dava-me um gozo, e uma serenidade enormes, saber que podia ser simultaneamente de quatro partidos, ao mesmo tempo, sem estar a trair o meu próprio pensamento e sensibilidade.

Vivi num harém político, e, uma noite, ia para a cama com o BE, noutra, com o CDS/PP, noutra, com o PCP, e, finalmente, acabava nos braços encarquilhados de Ferreira Leite, que me encostava aqueles peitos de arenque fumado, me passava o célebre colar de pérolas em redor do pescoço, cruzava as pernas nas minhas, sexo contra sexo, e dizia-me, com aquela sua voz de Antigo Regime, "esta noite és todo meu..."


Era aqui que se apagavam as luzes, e eu voltava à superfície, ou seja, ao teclado deste computador, para tomar o pulso à situação vivida.

Vou resumi-la: sabendo que estava a prazo, o PSD teve à sua cabeça uma mulher, coisa a que já bati a continência várias vezes, e que, sabendo que não iria nunca ser Governo, nos mostrou, pela primeira vez, talvez desde... desde... olha, já não me lembro, como se podia ser Estadista, e aqui fica feito o elogio, que resume este texto.

Quero, nele, agradecer a Manuela Ferreira Leite ter mostrado como a Política pode ter Estadistas, e não badalhocos de Vilar de Maçada, com olhares fixos de mentira profunda. Parabéns, portanto, à ex senhora do PSD.


 A riqueza do período, todavia, não se esgota na figura dela, pois, como disse, na estranha posição de cada um deles, poder ser um líder de Oposição de uma Maioria Absoluta negativa, permitiu que brilhassem tanto, como nunca brilharam assim, pela positiva, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, Ferreira Leite e Francisco Louçã.

Deu-me algum, muito, gozo, depois de anos de obscenidade, ligados ao Cavaquismo, às trapalhadas do Guterres, às cobardias do "Cherne" e às indignidades criminais de Sócrates, viver numa coisa chamada "Parlamentarismo", que nós só víamos nas distantes emissões da BBC, ou nas séries de ficção idealizadas de certos momentos líricos da Velha Europa e do Novo Mundo.

Foi um período frutoso, que mostrou grandeza e sentido de Estado, como se houvesse, de facto, um País digno, a opor-se, pela voz dos seus representantes eleitos, a um País sórdido, o do nosso dia a dia, representado pelos caciques de Vilar de Maçada, as medíocres Ineses de Medeiros, o Cara de Folar do Francisco Assis, os estertores alcoólicos de Manuel Alegre, as iras da Carrilha, os tiques senis de Cavaco Silva, as vergonhas da Maria, a impunidade de Paulo Pedroso, e o crime sem castigo de Vítor Constâncio, entre outros.


 Foi bom, agradável, bonito, e mostrou que poderíamos ser infinitamente mais felizes, se nunca houvesse Governo.

Não me atrevo a pressagiar o que vem aí. Passos Coelho não tem uma única ideia, e nisso é primo de Sócrates, mas talvez seja disso que a populaça precisa: a Lisboa dos bairros sociais, que bem conheço pela minha empregada, deve estar, a esta hora, a alimentar fantasias sexuais com o novo galã laranja, que, coitado, tremia que nem varas verdes, perante um estranho papel histórico, que lhe coube em sorte.

Suponho que não possa existir pior sensação para um político do que ter "ganho por acaso", que é, mais coisa, menos coisa, o que aconteceu esta noite.

O lado épico da questão pode começar amanhã, e a História está cheia de Alexandres, de Maomés II e de jovens políticos que, num momento imprevisto, viraram o curso das coisas, e nada exclui que Passos Coelho seja um desses, que, por pura inexperiência e voluntarismo, consiga dar um pontapé neste insuportável estado de coisas.


Pela minha parte, cidadão português, vítima do caciquismo do Largo do Rato, farto de ser vexado por lobbies maçónicos, pedófilos, por vigaristas que usaram o dinheiro dos meus impostos para enriquecer, para pagar BPNs e BPPs, por magistrados que puseram os tribunais ao serviço de mafias descaradas, e inimputáveis, qualquer um que venha incendiar a floresta é muito bem vindo.

Isso é, todavia, um texto para o Futuro, e não para esta noite, em que eu vinha, tão só, melancolicamente recordar meio feliz ano de Democracia, Parlamentarismo e Grandes Oradores.

Um deles foi, sem dúvida, Manuela Ferreira Leite.


Minha cara, quero esquecer todos os seus muitos, e foram muitos, disparates do Passado, e agradecer-lhe, nesta noite de despedida, ter-nos mostrado a diferença entre um político de sarjeta, como Sócrates, e um Estadista, como a senhora soube ser.

Obrigado.

(Duo do adeus, no "Arrebenta-SOL" e em "The Braganza Mothers" )
.