terça-feira, 6 de agosto de 2013

Trapaceiros e burlões - o círculo de amigos do presidente. E nós... pagamos a factura!



Quem se julga esta gente?
O caso BPN continua a queimar as mãos de muita gente.    Tanto que, quando alguém que esteve ligado ao banco vai para um lugar público e tem de divulgar o seu curriculum, elimina cuidadosamente essa atividade do seu passado.

Foi isto que fez Rui Machete, foi isto que fez Franquelim Alves, passando aos jornalistas um atestado de incompetência e aos cidadãos um atestado de estupidez.

Não está em causa a compra ou venda de acções de uma instituição bancária.    Mas está em causa saber 1) - se toda a gente podia comprar ações do BPN; 2) - se toda a gente que comprou as viu recompradas pelo dobro ou pelo triplo do seu valor original; 3) - se esses ganhos assentavam na atividade normal do banco.

Ora para quem não se lembra, o BPN não estava cotado em bolsa.    Por isso, só comprava acções do banco quem a administração convidava para tal.    Foi assim com Cavaco Silva, que comprou e vendeu acções do BPN tratando diretamente do assunto com o presidente da instituição, Oliveira Costa.

Depois, a compra de acções de ações pelo banco por valores muito superiores aos que as tinha vendido não resultava do livre funcionamento do mercado - mas de uma decisão da administração e, em particular, de Oliveira Costa.

Quer isto dizer que o presidente do BPN beneficiou quem quis - e beneficiou seguramente os seus amigos.    Não por acaso, todos (ou a esmagadora maioria) os beneficiados com a venda de acções altamente valorizadas ou com vultuosos empréstimos não reembolsados são membros ou simpatizantes do PSD.    E suponho que não é preciso dizer os nomes.

Por isso, se tudo fosse tão normal e transparente, Rui Machete não teria eliminado do seu curriculum as funções que ocupou no BPN   Por isso, também não devia ter dito que isto revelava a podridão da sociedade portuguesa.

É que se este caso revela alguma coisa é a podridão com que altas figuras do PSD ligadas ao Estado ganharam muito dinheiro com um banco fantasma que era liderado por uma grupo de malfeitores.

E é esse dinheiro fácil que está agora a ser pago, com língua de palmo, por todos os contribuintes.    Mais de 4 mil milhões de euros dos nossos impostos servem para pagar as mais-valias e os empréstimos não reembolsados que o BPN concedeu.

Por isso, seria de muito bom tom que todos os que lucraram com o BPN se calassem e que não nos tentassem convencer que tudo foi limpo e transparente no dinheiro que ganharam.    É que, como de costume, os senhores privatizaram os lucros.    E deixaram para os contribuintes a socialização dos imensos prejuízos.    Haja vergonha!

(Nicolau Santos, Expresso, 2/AGO/2013)


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