quinta-feira, 17 de maio de 2012

Tua e Sabor - A fraude do Plano Nacional de Barragens!

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Não obstante o anúncio do ministro da economia, hoje mesmo, da "intenção" de cortar nas rendas às Eléctricas que operam em Portugal, a verdade é que, dentro de poucos anos, Portugal irá ter a electricidade mais cara do mundo devido ao Plano Nacional de Barragens e aos Parques Eólicos.   Feitas as contas estas novas barragens vão produzir 0% de energia líquida.   No entanto, o Estado comprometeu-se a dar às concessionárias hidroeléctricas 49 milhões de euros por ano, haja ou não produção, enquanto o custo das próprias barragens aponta para mais de 16 mil milhões de euros.   Estas são algumas das verdades pouco divulgadas, se não mesmo escondidas, do Plano Nacional de Barragens.



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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Os Donos de Portugal - desde o século XIX


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Transmitido pela RTP2 em 24/04/2012, "Donos de Portugal" é um documentário sobre cem anos de poder económico.   O filme retrata a proteção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza.

Mello, Champalimaud, Espírito Santo - as grandes famílias cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança.   Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político.   Novos grupos económicos - Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.

Quando a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui.

(Documentário de Jorge Costa)




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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ainda as SCUT e os ruinosos negócios dos governos Sócrates!

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Henrique Neto (ex-deputado do PS) defende que José Sócrates deve ser investigado pela justiça portuguesa devido à sua governação.

Acho que ele [anterior primeiro-ministro] é o grande culpado, porque é evidente que tudo o que os ministros das Obras Públicas fizeram, fizeram-no sobre as ordens dele.   E a política foi definida por ele – era uma política autoritária e irrealista e era dele.   Mas, enfim, a investigação dirige-se aos ministros, por isso espera-se que a investigação realmente identifique quem foram os culpados", disse à Renascença.

Temos uma classe política que pode fazer tudo o que quiser?”, questiona o empresário, respondendo: “acho que se devia investigar”.

O antigo dirigente e deputado do PS disse ainda apoiar a investigação judicial solicitada pelo Automóvel Club de Portugal (ACP) aos ex-responsáveis pelo Ministério das Obras Públicas que aprovaram as parcerias público-privadas (PPP).

Já mandei um mail ao presidente do ACP a cumprimentá-lo pela decisão.  Finalmente a sociedade civil mexeu-se”, sublinha.
O Automóvel Clube de Portugal (ACP) fala em gestão danosa na concessão das SCUT e apresentou queixa contra três antigos governantes do PS com responsabilidades no sector das obras públicas.   São os casos de Mário Lino, António Mendonça e Paulo Campos.   O Presidente do ACP, Carlos Barbosa, confirma que entregou uma participação criminal no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

A boa ideia de se fazerem as SCUT para as pessoas terem uma maior mobilidade e sobretudo para o desenvolvimento das regiões acaba no fundo por cair por terra”, lamenta, já que “o pagamento das SCUT hoje em dia é obrigatório devido uma eventual gestão danosa por quem celebrou esses contratos todos”.

Entende Carlos Barbosa “que os políticos não são só julgados em eleições, têm de ser julgados pelos seus actos, se for caso disso”. Por isso, o ACP apresentou “uma série de documentos e provas ao DCIAP para que agora investigue junto de quem de direito se houve ou não gestão danosa”.

E se houve gestão danosa”, pede o presidente do ACP, "os políticos que fizerem esses contratos ruinosos para o país que sejam condenados”.

A associação queixa-se de gestão danosa nas concessões rodoviárias, sublinhando que as parcerias público-privadas dispararam durante os últimos anos dos Governos de José Sócrates.

O ACP considera que os visados são responsáveis por um prejuízo de vários milhares de milhões de euros, a suportar pelos portugueses.

(Fonte:   daqui e daqui;  sublinhados deste blogue)

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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Europa em tempos de mudança ? – ou é mais baralhar e voltar a dar ?

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Os europeus  revoltados


Os franceses estão revoltados. Os gregos, também. Já era tempo.

Ambos os países realizaram eleições no domingo, que não foram mais do que referendos sobre a actual estratégia económica europeia, e em ambos os países os eleitores votaram os dois polegares para baixo.  Está longe de ser claro o quão breve os votos vão levar a mudanças na política real, mas o tempo está claramente a esgotar-se para a estratégia de recuperação através de austeridade - e isso é uma coisa boa.

Escusado será dizer que não foi isso que se ouviu dos suspeitos do costume em vésperas das eleições.  Foi realmente anedótico ver os apóstolos da ortodoxia que tentam retratar o cauteloso e bem-educado François Hollande como uma figura de ameaça.  Ele é "bastante perigoso", disse o The Economist, acrescentando que ele "realmente acredita na necessidade de criar uma sociedade mais justa."  Quelle horreur!

A  verdade é que a vitória do Sr. Hollande significa o fim do "Merkozy", o eixo franco-alemão que impôs um regime de austeridade nos últimos dois anos.  Isto seria um desenvolvimento "perigoso" se esta estratégia tivesse funcionado, ou mesmo se tivesse uma possibilidade mínima de funcionamento. Mas não é, e não funcionou; e é tempo de seguir em frente. Os eleitores europeus, ao que parece, são mais espertos do que os melhores e mais brilhantes do Continente.

O que há de errado com a prescrição de cortes de gastos como remédio para os males da Europa?  Uma resposta é que a fada confiança não existe - isto é, confirma que o cortar dos gastos do governo iria, de alguma forma, incentivar os consumidores e empresas a gastar mais, foi esmagadoramente refutado pela experiência dos últimos dois anos.  Assim, os cortes de gastos numa economia deprimida apenas provocam uma depressão ainda mais profunda.

Além disso, parece haver pouco ou nenhum ganho em troca do sofrimento.  Considere-se o caso da Irlanda, que tem sido um bom soldado nesta crise, impondo cada vez mais duras medidas de austeridade, numa tentativa de reconquistar os mercados de títulos.  De acordo com a ortodoxia dominante, isso deveria funcionar.  Na verdade, a vontade de acreditar é tão forte que os membros da elite política da Europa continuam a proclamar que a austeridade irlandesa de facto funciona, e que a economia irlandesa começou a recuperar.

Mas ela não tem recuperado.  E, embora nunca se venha a saber através de uma grande parte da imprensa, os custos dos empréstimos irlandeses continuam muito superiores aos de Espanha ou Itália, quanto mais aos da Alemanha.  Então, quais são as alternativas?

Uma resposta - uma resposta que faz mais sentido do que quase ninguém na Europa está disposta a admitir - seria para quebrar o euro, a moeda comum da Europa.  A Europa não teria essa cotação se a Grécia ainda tivesse o seu dracma, Espanha a sua peseta, Irlanda o seu punt, e assim por diante, porque a Grécia e a Espanha teriam o que eles agora não têm:  uma forma rápida para restaurar a competitividade e aumento das exportações, ou seja, a desvalorização.

Como contraponto à triste história da Irlanda, considere-se o caso da Islândia, que era o marco zero da crise financeira, mas que foi capaz de responder ao desvalorizar a sua moeda, a coroa (e também teve a coragem de deixar os seus bancos falirem, falhando o pagamento das suas dívidas).  Certamente que a Islândia está experimentando a recuperação que a Irlanda deveria ter, mas não tem.

No entanto, quebrar o euro seria altamente perturbador, e também representaria uma grande derrota para o "projecto europeu", o esforço de longo prazo para promover a paz e a democracia através de uma maior integração.  Existe outra maneira?  Sim, existe  -  e os alemães têm mostrado a forma como pode funcionar.  Infelizmente, eles não entendem as lições de sua própria experiência.

Fala-se com os líderes de opinião alemães sobre a crise do euro e eles gostam de apontar que a sua própria economia estava estagnada nos primeiros anos da década passada, mas conseguiu recuperar.  O que eles não gostam de reconhecer é que esta recuperação foi impulsionada pelo surgimento de um enorme superávit comercial alemão relativamente a outros países europeus - em particular relativamente às nações agora em crise - que foram crescendo, experienciando uma inflação acima do normal, graças a juros baixos.  A crise dos países da Europa pode ser capaz de imitar o sucesso da Alemanha se eles beneficiarem de um ambiente comparativamente favorável - isto é, se desta vez for o resto da Europa, especialmente a Alemanha, a experienciar um pouco do boom inflacionário.

Assim, a experiência da Alemanha não é, como os alemães imaginam, um argumento para a austeridade unilateral no Sul da Europa, é antes um argumento muito maior para políticas expansionistas noutras áreas, e em particular para o Banco Central Europeu deixar a sua obsessão com a inflação, focando-se no crescimento.

Os alemães, escusado será dizer, não gostam desta conclusão, nem a liderança do banco central.  Eles apegam-se às suas fantasias de prosperidade através do sofrimento, insistindo que continuar com sua estratégia falhada é a única coisa responsável a fazer.  Mas parece que eles já não terão o apoio incondicional do Palácio do Eliseu.  E isso, acredite-se ou não, significa que ambos, o euro e o projecto europeu, têm agora uma possibilidade melhor de sobreviver do que até há poucos dias.
(Paul Krugman, In The New YorkTimes, em 06-05-2012)
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sábado, 28 de abril de 2012

Momentos idos... esquecidos.


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Tu que és vida, cor, encanto e música,
desafio, tranquilidade, doçura e sedução,
amora fresca que pinta de rosa minha boca,
visão do paraíso, essência do amor e da paixão,
fome e sede em um tempo só, imensidão do mar,
céu estrelado, cheiro a maresia e terra molhada,
praia de areias quentes, nuvem mensageira,
o brilho dos teus olhos é fulgor na madrugada.

Tu que és ternura e beleza, loucura, saudade,
murmúrio de fantasia, suspiro de amor,
luz do luar, meiguice e dom da natureza,
jardim perfumado, campo aberto em flor,
água pura da fonte, renda de linho, singeleza,
trazes contigo a esperança e a melodia
do teu corpo belo de menina e de mulher
que tem no ritual do amor toda a magia.

Tu que és rosa, orquídea e flor silvestre,
brisa fresca em manhã de primavera,
perfume de giesta, aroma de urze campestre,
gota de orvalho em meus dedos inquietos,
deixa-me sentir a ternura dos teus beijos,
sonhar contigo as madrugadas do amor
e enlear-me nos teus braços, todo entregue
à volúpia do sentir os teus desejos.

E deixo o pensamento à solta
abrindo clareiras de imaginação!
Quanto mais longe de ti mais perto…
que este aperto permanente no peito
é a Verdade que me vem de dentro!
Não se ouve, não se explica nem se entende…
mas nem precisa de demonstração!

E já que não posso ter-te aqui e agora
e fazer amor contigo até ser dia,
a ti, passarinho chilreando na folhagem,
eu canto este amor em poesia!

(Março, 2001)
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quarta-feira, 25 de abril de 2012

38 anos depois... dos canalhas anteriores só mudaram as caras!


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Os farsolas do regime



1.   Comemora-se hoje o 25 de Abril.   Foi há 38 anos.   “O País perdeu a inteligência e a consciência moral.   Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos.   A prática da vida tem por única direcção a conveniência.   Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida.   Já não se crê na honestidade dos homens públicos.   O povo está na miséria.   O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia.   Vivemos todos ao acaso.   O tédio invadiu as almas.   A ruína económica cresce.   O comércio definha.   A indústria enfraquece.   O salário diminui.   O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo”.   Estas frases corridas pertencem a Eça de Queirós e foram citadas por Paulo Neves da Silva, em livro editado pela Casa das Letras.   A quem revê nelas o país em que hoje vive, pergunto:   e não fazemos nada?

2.   A evolução dos indicadores é oficial:   desemprego em dramático crescimento, PIB em queda alarmante e execução orçamental do primeiro trimestre do ano muito longe do equilíbrio prometido.   Dizem os farsolas do regime que não há tempo para resultarem as políticas de extermínio dos funcionários públicos, classe média e reformados.   Asseveram que é preciso esperar.   Aceita-se, naturalmente, que a falta de recursos traga os custos para a primeira linha das análises e que a eficiência preocupe a governação.   Mas no binómio “recursos mobilizados- resultados obtidos”, gastar menos, obtendo piores resultados, mesmo que melhore a eficiência, é inaceitável.   Cortar despesas de modo cego, mantendo intocáveis os grandes sugadores do país, é inaceitável.   Em Washington, Vítor Gaspar teve o topete de declarar que as medidas de austeridade não afectaram os mais vulneráveis.   E a propósito dos subsídios confiscados, o decoro mínimo não impediu Paula Teixeira da Cruz de desmentir o primeiro-ministro, que já tinha desmentido Vítor Gaspar.   Como se a confiança no Estado aguentasse todas as diatribes.   “Não podemos viver acima das nossas possibilidades” é uma frase batida dos farsolas do regime.   A dívida pública e a dívida privada têm que ser pagas, recordam-nos.   Aos funcionários públicos espoliados e aos que nunca viveram acima das suas possibilidades, pergunto:   e não fazemos nada?

3.   Na quarta-feira passada ouvi Nuno Crato na TVI 24.   Afirmou que não há razões pedagógicas para dizer que 30 alunos por turma seja mau.   Perante o esboço de contraditório do entrevistador, perguntou-lhe quantos alunos tinham as turmas no tempo dele.   Esta conversa não é de ministro.   É de farsola, que não distingue pedagogia de demagogia.   No meu Alentejo e no meu tempo, não raro se encontravam à porta de uma ou outra casa, em dias de sol, dejectos humanos a secar.   Eram de um doente com icterícia, que os tomaria posteriormente, secos, diluídos e devidamente coados.   Pela ministerial lógica justificativa, bem pode Sua Excelência anotar a receita para os futuros netos.   Garanto-lhe, glosando Américo Tomás, pensador do mesmo jeito, que os que não morriam salvavam-se!   A dimensão das turmas tem óbvia implicação no aproveitamento e na disciplina.  
William Gerald Golding, Nobel da literatura em 1983, foi, durante 3 décadas, professor.   Interrogado uma vez por um jornalista sobre o método que usava para ensinar, respondeu que com 10 alunos na sala de aula qualquer método servia, mas com 30 nenhum resultava.   A resposta de Golding retorna à minha mente cada vez que surge um econometrista moderno a tentar convencer-me de que o tamanho das turmas não tem a ver com o sucesso das aprendizagens.   Não nos iludamos com a profusão de estudos sobre a relevância das variáveis que condicionam as aprendizagens e, particularmente, com as correlações especulativas estabelecidas entre elas.   Imaginemos que os resultados obtidos num sistema de ensino onde as turmas têm, em média, 35 alunos, são melhores que os obtidos por turmas de 20, de outro sistema.   Alguma vez permite essa constatação concluir que o tamanho da turma não importa?   Que aconteceria aos resultados do primeiro sistema se as turmas passassem de 35 para 20 alunos, no pressuposto de que tudo o mais não se alterava?

Poderíamos e deveríamos discutir se temos recursos financeiros para manter a actual dimensão máxima das turmas.   E poderíamos concluir que não.   Poderíamos e deveríamos discutir o peso e a hierarquia, em termos de resultados, das diferentes variáveis que condicionam as aprendizagens.  E poderíamos concluir que, antes da dimensão das turmas, outras se impõem pelo seu impacto e relevância.   Mas não afrontemos com pseudo razões pedagógicas a experiência comprovada da sala de aula, que torna evidente que a probabilidade de sucesso aumenta se cada professor tiver menos alunos com quem repartir esforços e atenção.   Aos professores adormecidos pergunto:   e não fazemos nada?
 
 
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quarta-feira, 28 de março de 2012

A perigosa e ameaçadora turba ululante do Chiado...

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Toda a verdade sobre a carga policial de 22/03/2012

Eis o vídeo que mostra toda a verdade - uma turba ululante e ameaçadora, que brandia forquilhas e charruas, enchadas e machados e marretas, cartuchos de dinamite e centenas de garrafas cheias de gasolina (vulgo, cocktails Molotov), e até mesmo granadas e metralhadoras afirmam alguns terem visto escondidas por entre esta enorme multidão enfurecida de dezenas de milhares de cidadãos bandidos que, tudo indica, se preparavam para deitar o Chiado abaixo, pulverizar os vidros das montras, rechaçar os carros e esplanadas, praticar actos de pilhagem, e até, quem sabe, incendiar novamente o Chiado!

Mas, eis senão quando...  chegou a polícia para acalmar os ânimos e acabar com toda esta ameaça ou a cidade ficaria reduzida a pó, tal era a senha ameaçadora dos transeuntes, digo, dos manifestantes revoltosos bem armados e bem organizados!  Lembro até aqueles bandidos disfarçados de mulheres indefesas que foram impiedosamente caçadas e atiradas ao chão, e bem castigadas com umas valentes bastonadas!  Ora toma, que é para aprenderem a não voltarem a ameaçar a pacatez da cidade e a louvável serenidade das forças da ordem!

Daqui, um obrigado às forças policiais e a quem as dirige.  Posso agora dormir mais descansado, sabendo que posso confiar inteiramente nas forças policiais deste país! 



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terça-feira, 27 de março de 2012

PPPs - a canalhice e o roubo que todos iremos pagar nos próximos 30/40 anos!

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Do programa «Olhos nos Olhos» na TVI24, este vídeo onde Medina Carreira e Avelino de Jesus, professor do ISEG, explicam tudo sobre as Parcerias Público-Privadas (PPP), um dos maiores roubos (a par do BPN) perpetrado nos últimos anos por políticos tão inábeis quanto corruptos que, negociando com uma total falta de transparência, nos vão estrangular durante os próximos 30/40 anos, em favor de interesses bem conhecidos de privados, também eles criminosamente desonestos.



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sábado, 24 de março de 2012

Portugal e Suécia - os "extremos" da Europa na corrupção e nas mordomias!

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Nada como apreciar estes dois videos para ter uma ideia da distância (não só a física) entre estes dois países, ambos pertencentes à Europa e ambos requerendo o mesmo estatuto de "democracias".   São tantas e tais as náuseas que o primeiro me provoca, que me dispenso de fazer quaisquer comentários, já que só poderiam reflectir este meu estado de desarranjo gástrico!

Apenas uma referência especial para as palavras do fiscalista Tiago Caiado Guerreiro no primeiro video:

«Em Portugal, as leis são feitas exactamente para não ser possível apanhar as pessoas em situação de corrupção…  temos normas que tornam totalmente impossível apanhar um corrupto em Portugal… as normas são feitas exactamente para não ser possível apanhar as pessoas em situação de corrupção e não se conseguir provar em tribunal…  

Estes casos todos que estão em tribunal não vão dar em nada porque, mesmo que eles fossem filmados no acto de corrupção, seria difícil provar em tribunal com as normas que temos, quanto mais com advogados competentes (do lado dos corruptos)…

Se juntarmos a isto, tribunais pouco treinados e normas que não funcionam, então isto é o paraíso dos corruptos.   Aliás, todos nós conhecemos casos, ao longo do país todo, de fortunas inexplicáveis que continuam inexplicáveis e que apareceram de repente, após o exercício de cargos políticos ou em ligação com o Poder…

Agora, um conjunto enorme de medidas, em vez de normas claras e transparentes sobre o que é a corrupção, e isto não é difícil de fazer, basta copiar o que existe, por exemplo, nos cinco países menos corruptos do mundo, são normas que são muito transparentes…  aplicam-se só a detentores de cargos políticos, por isso são muito mais focadas naqueles que têm o risco de praticar a corrupção…

Todos nós sabemos que muita gente sai dos cargos públicos, políticos, e depois vai para a frente de grandes empresas e alguns deles criam grandes fortunas, quer dizer, tudo coisas que são inexplicáveis e inaceitáveis em sociedades civilizadas, excepto neste país, onde se pode bater sempre no contribuinte mas tratamos maravilhosamente bem os corruptos…

Nós não temos um combate à corrupção.   Temos normas de branqueamento, que é uma coisa diferente. Temos normas que permitem aos corruptos saírem de um julgamento todos praticamente ilibados…»




E o modelo sueco:


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quinta-feira, 22 de março de 2012

Excelente! - já estamos a meio da ponte!...

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"Já estamos a meio da ponte"! 


Quem disse isto é um governante que "sabe o que diz" - nem mais nem menos que o sr. Gaspar, distinto ministro das finanças deste governo.   Aquele mesmo que, depois de todas aquelas contas de merceeiro - sacando aos mais pobres para dar aos mais ricos - vai acabar por chegar ao fim de 2012 com metade da receita que imaginou embolsar.   Quero crer que, a ser verdade esta afirmação, ela só pode partir do pressuposto de que a outra metade da ponte...  ruíu!  
A partir daí é só mais um passinho e... pumba, segue-se um festival de cambalhotas e piruetas para tentar salvar o coiro, mantendo a cabeça fora da água!   Da água?  digo, da lama, da merda, em que os crápulas bem conhecidos  - os mesmos de sempre que vão continuando a encher a pança - nos atiraram, sem que lhes tenham sido exigidas responsabilidades, antes continuando a auferir de lautas e gordas fortunas mensais como "recompensa".   A ser verdade esta afirmação, ela só tem paralelo com outra das suas - "vamos aos mercados no dia 23 de Setembro de 2013".   Fiquei preocupado.   Apenas porque, com toda esta precisão, ele esqueceu-se de dizer a hora exacta.   Apenas e só por isso...

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sexta-feira, 16 de março de 2012

Ingratidão e falta de memória, ou Os carrascos da Europa

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A Alemanha regista a pouco honrosa distinção de ter entrado em bancarrota em 1920 e em 1953. Da última vez, Berlim contou com a ajuda financeira da Grécia

A ingratidão dos países, tal como a das pessoas, é acompanhada quase sempre pela falta de memória. Em 1953, a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em default, falência, ficou Kaput, ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país.   Tal qual como a Grécia actualmente.
A Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que entraram em incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street.   O dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido.
Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós--guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953.   O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã.

O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia.   As dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial.   Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas.

Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida.

Por incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se encontrava.   Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros sem juros.
Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação. As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38 960 executadas, 12 mil abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome).   Além disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável.

Qual foi a reacção da direita parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da Grécia?   Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida.

Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel.   Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon e algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota.   “Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores”, disseram ao jornal “Bild”.
Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas.

O historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à “Spiegel” que a Alemanha foi o pior país devedor do século xx.   O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante.

“No século xx, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há memória”, afirmou.   “Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa.   Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido”, sublinha Ritsch.   O historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas.  

A Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países.   Por isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve actualmente.

(Por Sérgio Soares, in Iinformação - 16-03-2012)

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Badamecos ou badalhocos ou... outra coisa qualquer com um nome mais apropriado!

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Ou há moralidade... 


O OMNIMINISTRO Miguel Relvas informara os portugueses de que as excepções aos cortes salariais na TAP e na CGD foram só "adaptações".   Ontem Vítor Gaspar desmentiu-o:   os cortes serão aplicados "sem excepções nem adaptações".   E repetiu, não fosse Miguel Relvas fazer-se desentendido:   "Sem excepções nem adaptações!".   E no entanto...

E, no entanto, na TAP e na CGD não haverá cortes salariais.   Talvez não se trate, de facto, de "excepções nem adaptações", mas de outra coisa qualquer a que o ministro um dia dará o nome apropriado.   Mas ou há moralidade ou não comem todos e RTP, ANA, STCP e IN/Casa da Moeda também já exigiram essa outra coisa qualquer, independentemente do nome que tenha.

Se a coerência fosse o forte do ministro das Finanças, pelas mesmas razões que TAP e CGD, designadamente o risco da perda de quadros, a coisa qualquer deveria aplicar-se em todas as empresas públicas e em todos os ministérios e institutos.   E, do mesmo modo, todas as empresas privadas deveriam, como a Lusoponte, poder meter ao bolso 4,4 milhões, todos os bancos serem contemplados, como o BPN, com uma doação de 600 milhões, todas as construtores serem, como a Mota-Engil, subsidiadas para pagar os aumentos do IRC...

O Tribunal Constitucional haveria de, diligentemente, descobrir um expediente jurídico como o da "constitucionalidade temporária" dos confiscos dos subsídios de férias e Natal para tudo isso estar nos conformes.

(Manuel António Pina, in JN de 15-03-2012)

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domingo, 11 de março de 2012

E assim respondeu o grego Georgios ao alemão Walter

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A publicação na revista Stern de uma carta aberta de um alemão que se sente ofendido com o "estilo de vida" grego suscitou a devida resposta de um grego, também publicada na Stern.   Pelos "equívocos" alemães no que respeita ao tomar o todo (que é o povo grego) pela parte (que são os políticos gregos), tanto quanto as múltiplas culpas que à Alemanha são imputáveis nas condições a que chegou o povo grego, vale a pena a leitura destas duas cartas.


“Carta aberta” de um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”


Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia.   Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem greves.

Caros gregos,

Desde 1981 pertencemos à mesma família.   Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.   Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.  Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos.   O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro.   Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade.   Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumo.   Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade.   Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.   Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.   Mas, agora, mostram-nos um caminho errado.   E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!

Na semana seguinte a Stern publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Walter Wuelleenweber:

Caro Walter

Chamo-me Georgios Psomás.   Sou funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.
O meu salário é de 1.000 euros.   Por mês, hem!...   não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu País.   Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.   Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família.   Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc..   Se me esqueço de alguma coisa, desculpa.   Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.
A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia.   Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.   Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo.   Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO.

Estimado Walter,
Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou.   QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia.   Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:

1.   Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2.   Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3.   Os empréstimos em obrigações que contraiu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4.   As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5.   As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., etc.).
6.   A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.  

Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada do que escrevo.   Lamento-o.   Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.   Amigo Walter:   na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros.   Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro.   Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema.   Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda.   Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, do IKEA.

Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia?    Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.   Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem:   empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.

E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia:   EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!   Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
E EXIJO QUE SEJA AGORA!   Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.

Cordialmente,
Georgios Psomás



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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Variações sobre uma aberração chamada de "Acordo Ortográfico"

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O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa


Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam.   Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito.   Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.  É um fato que não se pronunciam.   Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se?   O que estão lá a fazer?   Aliás, o qe estão lá a fazer?   Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?   Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome.   Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.   Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.   Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar.   Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.
Simples não é?   se o som é “s”, escreve-se sempre com s.   Se o som é “z” escreve-se sempre com “z”.

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”.   Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras.   Nada de “k”.

Não pensem qe me esqesi do som “ch”.   O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”.   Alguém dix “csix” para dezinar o “x”?   Ninguém, pois não?   O “x” xama-se “xis”.   Poix é iso mexmo qe fiqa.

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex.   Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex.   O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural.

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j”.   Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”.   Para qê qomplicar?!?   Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”.   Serto?   Maix uma letra muda qe eliminamox.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem!   Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex?   Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox.   Ox asentox só qompliqam!   Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox.   A qextão a qoloqar é:   á alternativa?   Se não ouver alternativa, pasiênsia.   É o qazo da letra “a”.   Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado.   Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax.   Vejamox o “o”:   umax vezex lê-se “ó”, outrax vezex lê-se “u” e outrax, ainda, lê-se “ô”.   Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso!   Para qe é qe temux o “u”?   Para u uzar, não?   Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil!   Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza:   quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”.   U mexmu para u som “ê”.   Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i”.   I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”.   Sempre.   Simplex i sem qompliqasõex.

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza:   eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” –  ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx”.   Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?
(Maria Clara Assunçãoaqui;  sugerido por José Martins)
(clique na figura para ler e assinar a ILC - Iniciativa Legislativa de Cidadãos)

«O AO90 está em vigor?   Onde?»
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

É isso aí! - Quando é que nós aprendemos de vez?

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CAMISOLA DA FACULDADE
Tudo começou quando a turma de Direito da faculdade resolveu transformar uma célebre frase em camiseta e ela virou moda no Campus. A turma fez a seguinte frase:


Aí, o pessoal de Medicina resolveu provocar:


O pessoal de Administração não deixou por menos: 2ª


E a turma de Agronomia mandou esta:

E não termina por aí!  Depois foi a vez do pessoal de Publicidade:


Logo veio a turma da Engenharia participar também da brincadeira:


Mas a frase campeã foi realmente a da Economia: 6ª
(Picado daqui)
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O famigerado Acordo Ortográfico e os sabujos que o querem impor !

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A Provedoria de Justiça está a analisar uma queixa que pretende travar o Acordo Ortográfico (AO). Trata-se de um pedido de revisão da constitucionalidade do Acordo, feito por Ivo Miguel Barroso, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que garante que as novas regras de escrita são inconstitucionais.
Ao mesmo tempo, um grupo de cidadãos está a recolher assinaturas para entregar na Assembleia da República e tentar travar o Acordo e vários escritores como Miguel Sousa Tavares e Vasco Graça Moura recusam escrever com a nova grafia. E há até pais que estão a pedir às escolas para que os filhos não aprendam as novas regras.
«A nossa Constituição é rígida», explica Ivo Barroso, sublinhando que «nenhum tratado internacional – como o Acordo Ortográfico – ou recomendação da Assembleia da República podem mudar o que está na lei fundamental do país».
Ou seja, não é por haver um acordo entre os países de Língua Portuguesa que se pode mudar a ortografia que foi usada para escrever a Constituição. Mas esta não é, segundo o especialista, a única inconstitucionalidade do AO.
«Há uma violação grave da identidade nacional e estão em causa direitos fundamentais como o direito à Língua».
Ivo Miguel Barroso defende que «a Língua não se muda por decreto». Lembra que no passado houve «reformas ortográficas», mas nota que «nunca as alterações foram tão profundas como se propõe agora».
Contactada pelo SOL, a Provedoria de Justiça adianta apenas que a queixa «está a ser analisada».

Acordo não está em vigor

Mas esta não é uma tentativa isolada para travar a aplicação das novas regras ortográficas. O tradutor João Roque Dias tem usado a internet para divulgar o que considera serem as «aberrações» do AO. E assegura que não há nada que obrigue a usar a nova ortografia, porque «o Acordo não está em vigor».
Argumentos jurídicos não lhe faltam. «Não há nada que revogue o decreto-lei de 1945, que define as regras da ortografia que usamos», explica lembrando que a legislação nacional que suporta o AO resume-se a uma resolução da Assembleia da República de 2008 e a uma resolução do Conselho de Ministros de 2011 – que obriga todos os documentos oficiais a usar o ‘novo’ Português a partir de 1 de Janeiro de 2012 –, «que juridicamente estão abaixo do decreto-lei e não o podem revogar».
António Emiliano, professor de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, é da mesma opinião e lembra que até a forma como o Acordo foi feito na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) é questionável.
«Foi definido que se três países aceitassem o Acordo – neste caso Brasil, São Tomé e Cabo Verde – passaria a estar em vigor, quando a regra na CPLP é a aprovação por unanimidade».
Emiliano acredita, aliás, que a oposição de Angola e Moçambique – que não ratificaram o tratado – pode travar a nova ortografia.
«Angola pode ter um papel determinante», diz. O linguista critica ainda o facto de não haver qualquer estudo sobre os impactos das alterações introduzidas pela nova ortografia e alerta para as consequências económicas:
«Ninguém sabe ao certo quanto será preciso gastar para adaptar ao Acordo os documentos oficiais e livros».
António Emiliano alerta, aliás, para o facto de a nova escrita mudar para sempre a forma como se pronunciam as palavras.
«Na maior parte dos casos, as consoantes mudas servem para abrir as vogais», esclarece, dando um exemplo: «Podemos deixar de dizer ‘telespéctadores’ para passar a ler ‘telespêtadores’».
E há ainda as confusões geradas pelo facto de se deixarem de escrever todas as consoantes que não se lêem sem ter em atenção as palavras que derivam umas das outras.
«Há dias, a minha enteada de 15 anos não conseguia perceber a palavra ‘aspetual’ porque não viu que tinha relação com a palavra ‘aspecto’».
Razões suficientes para Emiliano considerar que o Acordo «é anti-linguístico e não tem respeito pelas regras da etimologia [a evolução das palavras]».

(Margarida Davim - SOL - 2/2/2012)

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