«Já só sobra o Governo a querer manter o TGV»
Tentar parar o vento com as mãos? Olhe que não! Olhemos para o TGV, mais concretamente para o troço entre Poceirão e a fronteira do Caia cujas obras deverão arrancar em breve. Quem está no consórcio que irá construir a linha já disse estar disponível para negociar a paragem da obra. Vasco de Mello, presidente da Brisa, foi claro em entrevista a este jornal: "Há uma grande pressão para rever os grandes projetos e a Brisa está obviamente consciente dessa situação e disponível para essas circunstâncias". E Fernando Ulrich, presidente do BPI, um dos bancos financiadores, afirmou na semana passada, também em entrevista ao Expresso: "Não entendo como é que não se pára já o TGV Poceirão-Caia". E ainda esta semana foi a vez do BNP Paribas, o único banco não ibérico no negócio, abandonar o projeto de financiamento.
Quando temos construtores e financiadores a dizer para não avançar ou a fugir do projeto, vale a pena, no mínimo, parar para pensar no que se está a passar.
Dirão que as empresas se estão a fazer à indemnização que receberiam caso a obra fosse cancelada. Correto. Mas o que é melhor para o futuro do país? Pagar agora umas dezenas de milhões de euros ou pagar pela construção de um capricho socialista transformado num sorvedouro de dinheiro de 1550 milhões de euros.
E nem sei se essas indemnizações seriam pagas, já que este Governo é perito em dar o dito por não dito e arranjar as mais diversas desculpas, basta ver como foi anulado o concurso da terceira travessia.
Dirão que as empresas se estão a fazer à indemnização que receberiam caso a obra fosse cancelada. Correto. Mas o que é melhor para o futuro do país? Pagar agora umas dezenas de milhões de euros ou pagar pela construção de um capricho socialista transformado num sorvedouro de dinheiro de 1550 milhões de euros.
E nem sei se essas indemnizações seriam pagas, já que este Governo é perito em dar o dito por não dito e arranjar as mais diversas desculpas, basta ver como foi anulado o concurso da terceira travessia.
Portugal precisa de proceder a uma redução do seu volume de crédito face ao exterior e precisa de concentrar os esforços financeiros no que é mesmo importante. O enquadramento macroeconómico alterou-se drasticamente. Tanto que até o novo aeroporto de Lisboa afinal já não vai estar esgotado nas datas em que era suposto. Com uma crise que veio para durar, com uma procura menor e com os preços na aviação cada vez mais baixos, alguém ainda vai querer ir de TGV para Madrid? Atenção, e um TGV que parte do Poceirão, uma terra esquecida a 50 quilómetros de Lisboa e que, sem muito trânsito, se demora uma hora a lá chegar.
Há coisas com as quais não vale a pena lutar. A realidade ajudou a mostrar que afinal o TGV entre Lisboa e Madrid é um mau negócio para todos, em especial para o contribuinte. Pode ser que no futuro o mundo mude, como costuma dizer José Sócrates. Mas nessa altura então retomamos o projeto.
Até lá deixem de brincar com o nosso dinheiro.
(João Vieira Pereira, in EXPRESO online em17/02/2011)
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1 comentário:
Sim, um mau negócio para os contribuintes de certeza.
Mas o PGR (que tem muitos mais poderes do que se queixa, chorão...) devia investigar porque se fizeram projectos e contratos a toda a pressa e quem ganhou/ganhava/ganhará com a suspensão.
gente ligada ao Largo do Rato...como é lógico de se esperar.
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