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O que se diz na Galiza, e, por enquanto e no que respeita aos espanhóis, ainda é só na A-28. Como não será depois na A-4, A-23, A-24, A-25 e A-22 (Via do Infante)?...
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Antonino Garcia
Viana do Castelo (Portugal) Domingo 17/10/2010.
Portugal implanta a portagem mais cara e caótica do mundo
Os arcos com as câmaras (esquerda) e a sinalização com os preços na A-28
Se você vive na Galiza e quer viajar para Portugal, prepare-se para pagar as portagens mais caras do mundo: 77 € por um troço de 76 quilómetros. A partir desta sexta-feira foi implantado no país vizinho uma taxa para a nova autoestrada A-28, que corre ao longo da costa até ao anel de entrada no Porto. Mais de um euro por quilómetro é a taxa a ser paga pelos que circulam pela primeira vez desde a cidade de Viana do Castelo até à capital do Douro.
Autovias atingidas: A-17 e A-25 Aveiro-Porto (rota sul) ; A-28 Viana do Castelo / Porto (rota norte); A-41 e A-42 Guimarães, Braga, Porto (Via Leste). As medidas vêm do governo central luso, impostas pela grave crise que afecta todo o Estado e perante a incerteza geral dos automobilistas estrangeiros. O pagamento é tão complicado que a maioria dos automobilistas, por ignorância ou desprezo, não cumpria o pagamento no primeiro dia de operação.
No início apenas se aplica às três rodovias de entrada em Lisboa e Porto, mas também se destina a implantá-las em breve no restante território. Castelhanos de Zamora, Salamanca e Estremadura também serão afectados se quiserem viajar para aquelas cidades Portuguesas, mas é a Galiza, onde o volume de tráfego para o norte de Portugal é maior, que será a mais afectada.
Assim, o Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e o Algarve vão pagar a partir de 15 de Abril de 2011. O sistema inclui dois tipos de taxas. Um para os Portugueses e outra para estrangeiros. No primeiro caso, as primeiras 10 passagens são gratuitas e as demais terão desconto de 15%. Não têm tantos benefícios os cidadãos espanhóis que queiram cruzar a “raia”, e desde esta sexta-feira que já o puderam comprovar.
Fazer rumo a Portugal desde Vigo, numa viagem inaugural da portagem, converteu-se, para os galegos, num caminho cheio de incertezas, e todos os painéis da AP-9 galega alertavam de que começava um novo sistema. À entrada em Valença, do outro lado do rio Minho que a separa da cidade de Tuy, era impossível adquirir o dispositivo electrónico necessário para utilizar a autovia.
"Nós não temos equipamentos até a próxima semana", dizem eles na estação de correios na vila fronteiriça. O serviço postal português (CTT) é o único organismo, juntamente com estações de serviço e entidades multibanco, autorizados a vender o dispositivo equivalente aos VIAT ou OBE espanhois. O primeiro desembolso chega com o aluguer do dispositivo. Custa 27 euros e, se se utiliza uma única vez, descontará apenas 4,30 euros pela sua utilização durante uma semana (em posteriores entradas, baixa para 1,40 a cada sete dias), embora para isso seja obrigado a devolvê-lo em perfeito estado e no mesmo sítio onde foi adquirido.
Antes de sair da loja postal terá ainda de fazer outro desembolso, este todavia mais caro. É uma recarga de 50 euros para veículos ligeiros e 100 para pesados. Neste caso não há nenhum tipo de devolução possível e terá unicamente uma validade de 90 dias.
Autoestrada ou via dupla?
As duas opções para chegar ao Porto são a autoestrada A-3 ou a autovia A-28, posto que a viagem por estradas regionais ou locais podem transformar uma viagem de apenas hora e meia em três ou quatro horas. Se você se decide pela autoestrada, poderá pagar em euros nas cabines de portagem, mas irá defrontar-se com a desagradável surpresa de que, para entrar no Porto, terá que utilizar a circunvalação do Grande Porto ou a da Costa de Prata (A-41), ambas sujeitas ao mesmo imposto que o caminho que leva à Galiza, pelo que o problema só vai atrasar alguns quilómetros.
De Valença a Vila Nova de Cerveira, onde nasce a A-28 no sopé do Baixo Minho galego, e Viana do Castelo, onde se encontra o primeiro controle, o troço é gratuito. A partir daqui aparecem sobre a estrada, e em ambos os sentidos, uns enormes arcos que dispõem de câmaras para gravar as matrículas. Se, a partir desse momento não pagou e é mandado parar pela polícia portuguesa, a multa é avultada.
A nova directiva portuguesa para os veículos estrangeiros fixa uma multa “de valor igual a 10 vezes a taxa de portagem, com um mínimo de 25 euros e um máximo de 125 euros”.
O ponto de encontro dos transportadores e dos condutores galegos que esta sexta-feira se deslocaram a Portugal foi a primeira área de serviço da A-28. Ali, um posto de Correios tinha vendido até ao meio-dia um total de 18 dispositivos, doze deles para camiões e o resto para turistas, mas não faltaram as discussões e a perplexidade generalizou-se.
"Não faz sentido, não podermos pagar com euros»
"Isto não faz nenhum sentido, estamos num mercado comunitário e não podemos pagar com euros", disse Hector Fateiro, corunhês que trabalha para uma empresa catalã de manutenção de estações de serviço. Este argumento é precisamente o que utiliza a Confederação de Empresários de Pontevedra para pedir que se abra um processo contra a cobrança.
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Se eu vou com os meus cinco euros no bolso, e me têm que cobrar, não tenho que ser obrigado a comprar qualquer dispositivo", disse o presidente da entidade patronal, José Manuel Fernández Alvariño.
Os empresários de Vigo receberam nas últimas horas uma comunicação da Direcção-Geral dos Transportes da Comissão Europeia que lhes faz ter esperanças. Rudolf Koranthali, membro da DGT Comunitária, considera que há indícios suficientes de que Portugal não transpôs correctamente a directiva europeia e viola o artigo 3º do Tratado da Comunidade sobre a eliminação de barreiras à livre circulação.
Além das vozes galegas contra o novo sistema, também os cidadãos lusos se mostram relutantes. A Associação Empresarial de Viana do Castelo fez um relatório alertando para a perda de competitividade para as empresas galegas e portuguesas. O tráfego de passageiros até ao Aeroporto Sá Carneiro (usado por 420 mil galegos por ano) ou multinacionais como a Ikea, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, e o sistema de portagens converte-se numa grande ameaça.
Em Portugal, as recomendações são mais pragmáticas. Alguns automobilistas lusos aconselham esta sexta-feira "a pular a portagem e não pagar, nada vai acontecer." A verdade é que no primeiro dia de operação nem um único polícia português se viu na autoestrada, mas ser "apanhado" pressupõe um grande inconveniente, já que tratando-se de um cidadão estrangeiro terá que liquidar a multa no momento. Tudo um risco para uma viagem de lazer à vizinha Lusitânia.
(Tradução do original. Fotos originais)
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