tag:blogger.com,1999:blog-4392531229215234148.post4758952167935153107..comments2023-11-03T08:24:45.534+00:00Comments on A Insustentável Beleza dos Seres: UMA VISÃO DO "GLORIOSO MFA" – um texto intemporalMilan Kem-Derahttp://www.blogger.com/profile/10705813409847215908noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-4392531229215234148.post-51628877859018338712010-11-23T16:58:19.061+00:002010-11-23T16:58:19.061+00:00(continuado)
-É por isso que eu lhe faço a pergun...(continuado)<br /><br />-É por isso que eu lhe faço a pergunta.<br /><br />«E esse era o argumento dos meus camaradas - diziam: "Mas onde é que tu encontras em qualquer país do mundo esse regime?" Eu dizia: "Não encontro em nenhum, mas fazemos nós!"»<br /><br />-Mas como é que explica isso?<br /> <br />«Democracia, etimologicamente, é o poder do povo. Poder de povo que não existe numa democracia burguesa. A democracia burguesa resulta do poder da classe dominante. Desde 1789, com a Revolução Francesa, é assim.»<br /><br />-Qual é o mais aproximado que encontra no mundo?<br /><br />«Não sei. Aquilo que poderia ter acontecido seria dentro de uma perspectiva luxemburguista, a criação de grandes assembleias, assembleias populares. Por exemplo, ao nível de freguesias, porque temos um país dividido administrativamente em freguesias, concelhos, etc...»<br /><br />-Desculpe-me a crueza da pergunta, mas acredita nessa utopia ainda hoje?<br /><br />«Acredito profundamente. As pessoas têm tendência logo para dizer: "Então e querias o operário para ser primeiro-ministro?" Não! Podia ser o senhor doutor, professor, jubilado, um tipo óptimo que era escolhido pelo povo porque era o melhor! Os melhores de todos! Suponha uma área de freguesia com mil habitantes: desses mil habitantes, as pessoas conhecem-se, em assembleia podem reunir-se. Todas as pessoas que quiserem ir à assembleia vão à assembleia, discutem os problemas da comunidade e a certa altura começam a ser visíveis aquelas personalidades que, ou pela sua inteligência, pelo seu carácter...»<br /><br />-E esse país teria um governo eleito de que forma?<br /><br />«De forma directa, a democracia directa! Temos de eleger uma assembleia de freguesia, de mil pessoas temos de reduzir a cinquenta, vamos a eleições!, e as pessoas lá punham o voto secreto e elegiam o fulano A, B ou C - não há partidos - para formarem a assembleia de freguesia, que passava a gerir os interesses dessa freguesia. Desses cinquenta escolhiam-se por eleição os dez melhores para uma assembleia municipal. E dentro da assembleia municipal escolher-se-ia para uma assembleia de distrito, ou nacional popular, da qual finalmente emergisse para um governo! Da base ao topo, era uma eleição directa.»<br /><br />-Essa sua utopia não avançou, nunca avançou em nenhum país do mundo...<br /> <br />«Mas podíamos ter nós implantado!»<br /><br />(...)<br />___________________________________<br /><br />E pronto... está tudo dito sobre o grau de cultura política dos autores da Abrilada!<br />Sobre isto... estamos conversados!Milan Kem-Derahttps://www.blogger.com/profile/10705813409847215908noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4392531229215234148.post-23896262694479051352010-11-23T16:56:43.248+00:002010-11-23T16:56:43.248+00:00E corroborando aquilo que eu disse mais acima, atr...E corroborando aquilo que eu disse mais acima, através desta entrevista que o mentor da Abrilada - Otelo Saraiva de Carvalho - deu ao director do DN, João Marcelino, na rubrica "Gente que Conta", entende-se muito melhor que espécie de idealismo e de conhecimentos políticos tinha esta gente do MFA:<br /><br />(...)<br />-Alguma vez nestes anos, e face à qualidade da nossa vida colectiva actual, se arrependeu de ter ajudado Portugal a sair da ditadura provinciana de Salazar e Caetano?<br /><br />«Não, de forma alguma! Consi-dero que o 25 de Abril permitiu derrubar uma ditadura, que começou militar e que o Sala-zar transformou em fascista de modelo mussoliniano. E o 25 de Abril, derrotando essa ditadura, que durou em Portugal durante 48 anos, abriu as portas para a liberdade e para a recuperação da dignidade do povo. Mais do que isso: travou a Guerra Colonial que durava em possessões portuguesas havia já 13 anos, permitindo a descolonização e, a partir daí, o desenvolvimento do País.»<br /><br />-As dificuldades actuais do País não lhe causam nenhum problema nesse sentido? Não o desencantam?<br /><br />«As dificuldades do País resultam da implantação do sistema capitalista em Portugal, fazendo parte do arco ocidental das chamadas democracias parlamentaristas, ou democracias representativas. Foi exactamente por causa disso que, durante o chamado PREC [Processo Revolucionário em Curso], eu entrei em conflito de carácter ideológico, podemos dizer assim, com os meus camaradas do MFA que comigo partilhavam o Conselho da Revolução.»<br /><br />-Portanto, o seu caminho era outro?<br /><br />«De início, eu, que não percebia nada de política, era um militar que perante as circunstâncias me vi compelido a fazer o que fiz, a preparar o plano de operações e a comandar o 25 de Abril, vi-me impelido a ter que também tomar parte na política. No decurso do processo, encarei outra hipótese de levar por diante a instauração de um regime político diferente.»<br /><br />-Gostaria que Portugal tivesse seguido esse caminho?<br /><br />«Gostaria muito. Se bem que reconheça as tremendas dificuldades que iríamos encontrar pela frente para levar por diante esse projecto, de instauração de um regime de democracia directa. O Melo Antunes, por exemplo, que era o papa político do MFA, quando falei com ele sobre esse assunto...»<br /><br />-Sucintamente, que regime seria este, essa democracia directa?<br /><br />«Não tenho isto bem escalpelizado, porque não existe esse regime em nenhum país do mundo. Encaro-o...»<br /><br />(continua)Milan Kem-Derahttps://www.blogger.com/profile/10705813409847215908noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4392531229215234148.post-36657924775860723422010-11-22T17:01:29.785+00:002010-11-22T17:01:29.785+00:00Kakauzinha, nem de propósito: - vê aqui neste &quo...Kakauzinha, nem de propósito: - vê aqui neste "post" de que estirpe era esta gente e a que nível se tratavam:<br /><br />http://maquiavelencias.blogspot.com/2010/11/resquicios-da-revolucao-de-abril.html<br /><br />Por aqui por este pequenino apontamento, já se pode avaliar o resto!Milan Kem-Derahttps://www.blogger.com/profile/10705813409847215908noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4392531229215234148.post-52825594740155346372010-11-22T00:15:04.661+00:002010-11-22T00:15:04.661+00:00Kakauzinha,
Eu estive quase 4 anos na tropa, como ...Kakauzinha,<br />Eu estive quase 4 anos na tropa, como oficial miliciano, nos anos anteriores à abrilada. Sei bem do ambiente que existia no seio dos oficiais do quadro permanente relativamente aos oficiais milicianos. Sei bem dos motivos que enformaram a ideia da abrilada! <br />Por isso te digo que ali não houve nada de idealismo, apenas e tão só de promoção e de dinheiro. De resto, sabiam tanto de política como eu sei de chinês. <br />E quem se aproveitou de imediato foi o PCP - o único partido organizado na altura. O resto... uma cambada de pulhas e oportunistas que viraram políticos progressistas de um dia para o outro! E cheios de história e de saber!<br /><br />Ainda um dia hei-de escrever um livro das minhas memórias, desde o livro do Spínola - Portugal e o Futuro - até ao estado do regime na altura que, de tão podre, não fosse a abrilada e teria durado não mais do que 2 ou 3 anos, não chegando a ser necessário aquele arremedo de revolução. E os militares sabiam perfeitamente disso. Mas... nesse caso, aquele grupo de militares não teria a certeza de conseguir o que queria de um novo regime civil. Daí a urgência de ter recorrido à abrilada! <br />Vê só como eles mudaram completamente o seu estatuto! Vê só como são GRANDES hoje... e GANHAM BEM!...Milan Kem-Derahttps://www.blogger.com/profile/10705813409847215908noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4392531229215234148.post-45529140996995841262010-11-21T18:48:36.255+00:002010-11-21T18:48:36.255+00:00"Em qualquer caso, já não é possível hoje faz..."Em qualquer caso, já não é possível hoje fazer a condenação dos escândalos do antigo regime, porque outros piores os vieram desculpar." <br /><br />"A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar."<br /><br />Ora bem!!! <br /><br />O texto é todo ele verdadeiro e pungente, mas só estes dois parágrafos poderiam resumir a nossa situação desde o 25 de Merda. Até quando, até quando? <br /><br />(*)kakauzinhahttps://www.blogger.com/profile/03859899412066894291noreply@blogger.com